Sexta, 26 Setembro 2025 14:20
DIREITOS DOS BANCÁRIOS

Bancos aceitam negociar o monitoramento dos empregados no trabalho remoto

Avança tema já debatido nos acordos de teletrabalho e na mesa de IA e que recebeu destaque após a reação de sindicatos às demissões no Itaú
Invasão de privacidade, abusos e sobrecarga de trabalho e falta de transparência no monitoramento do trabalho remoto são temas que os sindicatos querem continuar debatendo com os bancos em mesa de negociação sobre o tema Invasão de privacidade, abusos e sobrecarga de trabalho e falta de transparência no monitoramento do trabalho remoto são temas que os sindicatos querem continuar debatendo com os bancos em mesa de negociação sobre o tema Foto: Divulgação

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

O Comando Nacional dos Bancários levou aos bancos vários exemplos de negociação feitas em outros países sobre o monitoramento dos empregados pelas empresas em relação ao trabalho remoto e a respeito do uso da inteligência artificial e novas tecnologias para a contratação, a avaliação de trabalhadores e até nos desligamentos. A apresentação foi feita em negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), ocorrida nesta quinta-feira (25), em São Paulo.

“Existem exemplos de acordos, em diversos países, que garantem o direito à não discriminação na contratação, o direito à preservação da saúde, o respeito à desconexão, à transparência, ao acesso do sindicatos às informações, bem como o acesso dos trabalhadores ao uso dessas tecnologias e da contestação dos resultados das avaliações e do feedback da empresa”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional do Bancários, Juvandia Moreira.

Importância da negociação

Os dirigentes sindicais defenderam ainda a necessidade da preservação do home office como modo de trabalho e a necessidade de que haja negociação coletiva efetiva, assim como a necessidade da promoção da governança ética da tecnologia com o objetivo de garantir a qualidade de vida e de trabalho e evitar a invasão da privacidade dos trabalhadores.

“Precisamos debater este tema de forma transparente e estabelecer regras e limites para o uso de ferramentas tecnológicas para o monitoramento do trabalho. Os sindicatos e os trabalhadores precisam ter direito à informação e as tecnologias têm que melhorar o trabalho e a vida dos trabalhadores, não os prejudicar”, completou Juvandia.

Transparência no monitoramento

Em relação às mais de mil demissões no Itaú, os sindicalistas voltaram a criticar o fato de o banco ter utilizado como argumento para os desligamentos, que “os trabalhadores enganavam o banco”, o que segundo os bancários, não é verdade. O movimento sindical repudia a falta de transparência e decisão unilateral do Itaú nas dispensas, a maioria ocorrida em São Paulo.

Muitos dos demitidos alegam que cumpriam toda a demanda de trabalho cobrada pelo banco e, inclusive, muitos dizem ter atingidos as metas da

Em entrevista ao site do Sindicato na quinta-feira (25), o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, que participou da reunião na capital paulista, defendeu o “debate sobre o monitoramento, suas formas e os tipos de controle e o direito à desconexão”, além de outras questões referentes ao trabalho remoto e, como os demais membros do Comando, considerou um avanço o fato de os bancos terem aceitado o diálogo sobre o tema. Cobrou ainda “transparência na utilização do sistema de monitoramento” e “o direito à contestação por parte dos bancários envolvidos no trabalho remoto em relação aos resultados”.

Censo da Diversidade 

Em relação ao 4º Censo da Diversidade, o Comando alertou que a coleta de dados por meio de um “link específico de cada instituição financeira” pode reduzir a participação de bancários liberados, ou cedidos, que não tenham acesso à intranet. A Fenaban afirmou que, em uma semana, cerca de 27 mil bancários já responderam o censo. Disse ainda que a questão da participação de funcionários sem acesso à intranet será analisada, mas que a maior dificuldade é a segurança de dados.

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