Segunda, 13 Janeiro 2025 21:10

95 anos uma história a ser comemorada

Em 17 de janeiro, o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro completa 95 anos. É quase um século de lutas, resistência e conquistas. Uma trajetória feita por companheiros e companheiras que dignificam a classe trabalhadora. Alguns tombaram em batalhas desiguais contra a truculência de governos autoritários. Todos permanecem vivos em nossa memória pela inestimável contribuição às causas da categoria bancária e do povo brasileiro.
Nossa história começa em 1930, com a criação da Federação dos Bancários do Brasil, que unifica a categoria nacionalmente. Já em 1933, obtivemos nossa primeira grande vitória. Depois de uma ampla mobilização nacional, a categoria conquista a jornada de trabalho de seis horas diárias, com 36 horas semanais. A primeira greve veio no ano seguinte e durou dois dias. Como resultado, conquistamos a estabilidade no emprego após dois anos de trabalho.
A chamada Era Vargas, contudo, foi muito conturbada para o sindicalismo brasileiro. Repressão, perseguições e todo tipo de entrave às lutas dos trabalhadores. Mas o Sindicato enfrentou esta realidade, consolidando a organização da categoria. O início dos anos 1960 foi marcado por três grandes greves bancárias que tiveram conquistas históricas, como salário profissional, anuênio e comissões de função, a instituição da data-base, o 13º salário e o fim do trabalho aos sábados. A ditadura civil-militar iniciada com o golpe de 1964 instala um regime de terror no país.Os opositores começam a ser presos, torturados e assassinados.
Os dirigentes sindicais bancários estavam entre os alvos da ditadura. Em 1970, o Sindicato é invadido pelos militares e, em 1971, o presidente da entidade, Aloízio Palhano foi preso, torturado e assassinado.
Apesar da forte repressão, os bancários entram em greve. O Sindicato sofre intervenção. Toda diretoria é afastada e processada. Três meses depois, após uma intensa resistência com o apoio da sociedade civil, os dirigentes reassumem a entidade. Nos anos 1980, o Sindicato se reorganiza e assume papel na luta pela redemocratização. Ao lado do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), recém-criados, lidera a campanha pelas Diretas Já no Rio de Janeiro.
Em 1985, após a maior greve da história do país, a categoria conquista o auxílio-creche. No mesmo ano, como resultado de outra forte mobilização, os empregados da Caixa Econômica Federal passam a fazer parte da categoria bancária. Chega ao fim a ditadura militar. As eleições diretas para presidente acontecem em 1989, mas com a vitória de Fernando Collor de Mello. No Rio, o Sindicato lidera a campanha “Fora Collor”, que culminou com o impeachment do presidente em 1992. Nesse mesmo ano, foi assinada a primeira Convenção Coletiva Nacional da categoria.
Em 1995 conquistamos a participação nos lucros e resultados. Com a eleição para presidente do primeiro operário da história do país, em 2002, os bancos públicos se fortalecem e passam a integrar a Convenção Coletiva de Trabalho. Em 2016, com o golpe que derrubou a presidenta Dilma e o impedimento da candidatura de Lula a presidente em 2018, a classe trabalhadora enfrenta um de seus piores momentos, com inúmeros retrocessos, reformas trabalhista e previdenciária, privatizações e o definhamento de programas sociais fundamentais para a população mais vulnerável.
Em 2022, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, demos um passo importante para recolocar o país nos trilhos. No âmbito do movimento sindical, precisamos recuperar a capacidade de sobrevivência das organizações, com a transição do imposto sindical para a contribuição negocial. No caso da categoria bancária, temos de encontrar formas de luta para enfrentar as transformações tecnológicas que vêm destruindo empregos, aumentando as metas e adoecendo a categoria.
É preciso ainda ampliar a base da categoria incluindo todo o ramo financeiro, estendendo os direitos dos bancários a milhares de trabalhadores e tornando os sindicatos ainda mais fortes.
Mesmo não tendo discussão sobre cláusulas econômicas, 2025 será um ano de muitas negociações com os bancos, o que exigirá da categoria grande mobilização. A maior homenagem que podemos prestar aos 95 anos do nosso Sindicato é honrar sua tradição de luta e resistência, com grandes mobilizações para manter conquistas e ampliar nossos direitos.
Vida longa ao Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro!

José Ferreira
Presidente do Sindicato dos Bancários do Rio

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