Segunda, 13 Janeiro 2025 21:05

Ato pede tombamento de quartel onde Rubens Paiva foi torturado

Protesto exige tombamento de quartel onde  pessoas eram torturadas pela didatura. Protesto exige tombamento de quartel onde pessoas eram torturadas pela didatura.

Em memória de Rubens Paiva e de outros 52 mortos ou desaparecidos por ação direta dos agentes do Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Imprensa, o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz realizaram, nesse sábado (11), um ato público em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Praça Lamartine Babo, onde está instalado o busto de Rubens Paiva, inaugurado em 12 de setembro de 2014, pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio e pela Comissão Estadual da Verdade.
O ato – apoiado pela Justiça Global e pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia Núcleo RJ – teve a participação de ex-presos políticos que conseguiram sobreviver ao principal centro de prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento forçado instalado no Estado do Rio de Janeiro no período do regime militar, como o jornalista Álvaro Caldas e a cineasta Lúcia Murat, parlamentares e representantes de entidades da sociedade civil.
O DOI-Codi funcionou entre os anos de 1970 e 1979 dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército (BPE), na Rua Barão de Mesquita 425, na Tijuca. Situado nos fundos do pátio do quartel, o prédio de dois andares do Pelotão de Investigações Criminais (PIC) serviu de base para as suas operações, segundo relatório da Comissão Estadual da Verdade.
Diante das constantes tentativas de negacionismo e apagamento da história política recente, o ato reivindicou a necessidade urgente de tombamento pelo IPHAN do quartel da Polícia do Exército com o objetivo de instalar ali um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção, a exemplo do Memorial da Resistência de São Paulo, que funciona desde 2009 no prédio do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS), inclusive com a preservação de celas de presos políticos. A proposta de tombamento não visa ofender a instituição do Exército, mas contribuir para que as próprias Forças Armadas se abram para a perspectiva de rever os crimes praticados por seus agentes dentro de suas organizações militares e que não se repitam nunca mais.
De acordo com dados fornecidos pela Comissão Nacional da Verdade, do total de presos políticos que passaram pelas dependências do DOI-Codi do Rio, ao menos 53 foram mortos, dentre os quais 33 permanecem desaparecidos até a presente data. Relatório da Comissão Estadual da Verdade lista 163 mortos e desaparecidos só no Estado do Rio. O DOI-Codi foi apenas um entre 19 locais usados pela repressão política como delegacias de polícia, quartéis e centros clandestinos de interrogatório e tortura de opositores do regime militar.

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