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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Em memória de Rubens Paiva e de outros 52 mortos ou desaparecidos por ação direta dos agentes do Destacamento de Operações de Informação-Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Imprensa, o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz realizaram, nesse sábado (11), um ato público em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Praça Lamartine Babo, onde está instalado o busto de Rubens Paiva, inaugurado em 12 de setembro de 2014, pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado do Rio e pela Comissão Estadual da Verdade.
O ato – apoiado pela Justiça Global e pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia Núcleo RJ – teve a participação de ex-presos políticos que conseguiram sobreviver ao principal centro de prisão ilegal, tortura, morte e desaparecimento forçado instalado no Estado do Rio de Janeiro no período do regime militar, como o jornalista Álvaro Caldas e a cineasta Lúcia Murat, parlamentares e representantes de entidades da sociedade civil.
O DOI-Codi funcionou entre os anos de 1970 e 1979 dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército (BPE), na Rua Barão de Mesquita 425, na Tijuca. Situado nos fundos do pátio do quartel, o prédio de dois andares do Pelotão de Investigações Criminais (PIC) serviu de base para as suas operações, segundo relatório da Comissão Estadual da Verdade.
Diante das constantes tentativas de negacionismo e apagamento da história política recente, o ato reivindicou a necessidade urgente de tombamento pelo IPHAN do quartel da Polícia do Exército com o objetivo de instalar ali um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção, a exemplo do Memorial da Resistência de São Paulo, que funciona desde 2009 no prédio do extinto Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS), inclusive com a preservação de celas de presos políticos. A proposta de tombamento não visa ofender a instituição do Exército, mas contribuir para que as próprias Forças Armadas se abram para a perspectiva de rever os crimes praticados por seus agentes dentro de suas organizações militares e que não se repitam nunca mais.
De acordo com dados fornecidos pela Comissão Nacional da Verdade, do total de presos políticos que passaram pelas dependências do DOI-Codi do Rio, ao menos 53 foram mortos, dentre os quais 33 permanecem desaparecidos até a presente data. Relatório da Comissão Estadual da Verdade lista 163 mortos e desaparecidos só no Estado do Rio. O DOI-Codi foi apenas um entre 19 locais usados pela repressão política como delegacias de polícia, quartéis e centros clandestinos de interrogatório e tortura de opositores do regime militar.