Sexta, 08 Novembro 2024 11:36

Saiba o que é o G20 Social e como será a atuação da CUT no evento

 

CUT terá participação efetiva nas atividades do G20 Social, de 14 a 16/11, no Rio de Janeiro. Resultado será um documento com as pautas da classe trabalhadora a ser entregue a chefes de Estado dos países do G20

 Publicado: 07 Novembro, 2024 - 12h08 | Última modificação: 07 Novembro, 2024 - 15h22

Escrito por: André Accarini

 Ahead/CUT
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A contagem regressiva para um dos mais importantes eventos que reúnem as representações de diversos setores das sociedades de países que integram o G20, já começou. O G20 Social começa no dia 14 de novembro, no Rio de Janeiro, com intensa participação do movimento sindical, organizado pela CUT e centrais sindicais.

Anunciado pelo presidente Lula na 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do G20, em Nova Délhi, na Índia, quando o Brasil assumiu simbolicamente a presidência do bloco, o G20 social tem como objetivo ampliar a participação de atores não-governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20, ou seja, por meio de diálogo e iniciativas para a inserção das demandas da classe trabalhadora nas discussões do G20.

Veja mais: Podcast Estúdio CUT, com o presidente nacional da Central, fala da importância do G20 Social, que tem como objetivo incluir pautas da classe trabalhadora nas decisões políticas dos países do G20

Programação de atividades

Com delegações de vários estados do país, o movimento sindical e os movimentos populares participarão do G-20 Social nos três dias em atividades que incluem debates, plenárias, atividades culturais, uma feira popular, além de uma marcha a ser realizada durante o evento.

14/11

O primeiro dia da Cúpula Social do G20 terá atividades propostas pela sociedade civil em suas mais diversas vozes. Chamadas de atividades autogestionadas, elas incluem debates, conversas e mesas temáticas organizadas por movimentos sociais, grupos de engajamento, organismos internacionais, conselhos, universidades, governos, setor privado, dentre outros, do Brasil e do exterior.

Ao todo foram recebidas 852 inscrições e selecionadas, em uma primeira chamada, 164 atividades. A atuação da CUT nessas atividades já está em fase final e organização. Veja um resumo:

Às 9h, a Rede CUT dará início às atividades autogestionadas, também organizadas pelas entidades filiadas à Central, como a Federação Única dos Petroleiros (FUB), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (CONDSEF ) e a CUT-RS;

Às 14h, o Fórum das Centrais Sindicais debaterá as “Transições no Mundo do Trabalho: Tecnologias Emergentes, Sustentabilidade Ambiental e Justiça Social para um Trabalho Decente”;

Às 16h: “Desafios diante das transformações do mundo do trabalho”, com foco no combate à fome, à pobreza e à desigualdade, um dos eixos temáticos das atividades do G20 Social.

15/11:

A programação do segundo dia da Cúpula Social estará organizada em torno dos três eixos temáticos. A partir das 9h, na Praça Mauá será realizada a “Plenária dos Eixos Centrais do G20”. Para a CUT, este é um momento crucial do G20 Social, já que nele serão definidas as propostas da Central qeu farão parte de um documento a ser entregue à Cúpula dos Chefes de Estado do G20. Em seguida, continuam as atividades coordenadas pela sociedade civil no período da tarde.

Os três eixos são:

  • Combate à fome, pobreza e desigualdades;
  • Sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa;
  • Reforma da governança global.

(veja abaixo mais informações sobre cada um dos eixos)

16/11

O terceiro e último dia do G20 Social será a síntese das atividades desenvolvidas para o G20 Social. Da plenária final, a ser realizada das 9h às 11h da manhã  sairá a aprovação de documento que será entregue à Cúpula dos Chefes de Estado, com ato de encerramento no período da tarde, no Palco Central da Praça Mauá.

O ato de encerramento está previsto para 11h, com entrega do documento da sociedade civil ao presidente Lula e ao presidente da África do Sul, Matamela Cyril Ramaphosa. O país sediará o próximo encontro da cúpula de chefes de Estado do G20, em 2025.

Para este mesmo dia está prevista a Marcha dos Movimentos Sociais, cujo trajeto ainda está sendo definido dadas as questões logísticas e que envolvem a organização junto aos órgãos públicos municipais.

*A programação pode ainda ser sofrer modificações e adequações

Eixos:

Definidos em julho deste ano, com o consenso das entidades que integram o L-20 (Labour 20, um dos grupos sociais do G20 Social), os eixos temáticos serão apresentados aos líderes do G20, sob a reivindicação de que façam parte das decisões e estratégias dos países. Trata-se de, por meio deste documento, inserir as pautas das classe trabalhadora na condução das economias desses países. Os eixos são:

  • Reforma das instituições de governança global. O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, explica que hoje o mundo passa por uma crise onde organismos como a não conseguem cumprir seu papel. “A ONU [Organização das Nações Unidas] foi construída após a 2ª Guerra Mundial para estabelecer a paz e não está conseguindo isso”, diz o dirigente, reforçando que uma nova governança impactará diretamente na vida da classe trabalhadora, porque propõe um mundo que seja democrático e sustentável.  
  • Promoção da inclusão social e combate à fome e a pobreza. Este tema passa pela geração de emprego, a diminuição da informalidade. Hoje metade dos trabalhadores no mundo são informais, ou seja, sem proteção, social em direitos. “O trabalho decente, os salários dignos a equidade de gênero no mundo do trabalho, a formalização de um bilhão de um bilhão de trabalhadores e a criação de 570 milhões de empregos formais no planeta na próxima década são pontos que fazem parte da nossa luta”, diz o secretário de Relações Internacionais da CUT. 
  • Avançar no desenvolvimento sustentável e nas transições energéticas. Lisboa explica que é "preciso conceber uma transição energética que seja genuinamente justa para garantir que os trabalhadores em todo o mundo sejam protegidos dos impactos adversos de um sistema de transição tanto energética como digital desigual". Ele se refere á realidade vista hoje no mundo de que a transição energética tem sido pensada de forma a não incluir os trabalhadores. Exemplo claro são as usinas eólicas no Brasil que ao tentar produzir energia renovável, tem trazido consequências sociais e econômicas aos trabalhadores das regiões onde estão instaladas.

Glossário

G20

O G20, grupo que reúne as principais economias emergentes do planeta, nasceu em 1999, com a função e dar voz e representação às economias, entre elas o Brasil. Tais países, juntos, representam fatia importante da economia mundial, além de concentrarem também considerável parcela da população mundial. Além do G20, há outro grupo, o G7, das sete maiores potências do planeta.

A agenda do G20 inclui temas de interesse da população mundial, como comércio, desenvolvimento sustentável, saúde, agricultura, energia, meio ambiente, mudanças climáticas e combate à corrupção.

“O G 20 acaba viabilizando que países como o Brasil possam participar dos rumos que afetam a economia internacional e o comércio global”, explica o secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa.

O G20 começou a tomar corpo como organismo multilateral após a crise de 2008, por uma iniciativa do presidente Lula, à época, em seu segundo mandato. A crise acabou levando o mundo inteiro a uma situação econômica de dificuldades.

Naquele momento, levou-se em consideração a atuação e influência das maiores economias nos rumos globais, explica Lisboa. “Vocês criam um problema, mas eles são do mundo inteiro, então vamos ampliar um pouco mais”, disse o dirigente sobre o posicionamento das demais economias.  

A partir de então, o G20 passou a exercer uma incidência maior no debate de questões mais importantes e centrais do contexto global, o que também se resulta em um maior debate dessas questões no Brasil.

Nesse contexto, o G20 passou a ocupar um espaço importante porque não só constrói de forma multilateral esses diálogos, mas é capaz também de incidir para além das economias dos países integrantes.

G 20 Social

Anunciado pelo presidente Lula na 18ª Cúpula de Chefes de Governo e Estado do G20, em Nova Délhi, na Índia, quando o Brasil assumiu simbolicamente a presidência do bloco, o G20 social tem como objetivo ampliar a participação de atores não-governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20, ou seja, por meio de diálogo e iniciativas para a inserção das demandas da classe trabalhadora nas discussões do G20.

É formado por 13 grupos de engajamento. São eles o C20 (sociedade civil); T20 (think tanks); Y20 (juventude); W20 (mulheres); L20 (trabalho); U20 (cidades); B20 (business); S20 (ciências); Startup20 (startups); P20 (parlamentos); SAI20 (tribunais de contas); J20 (cortes supremas) e O20 (oceanos).

O evento mais importante do G20 Social será a Cúpula Social, nos dias 14, 15 e 16 de novembro de 2024, antecedendo a Cúpula de Líderes do G20, as duas no Rio de Janeiro.

A Cúpula Social mostrará o trabalho desenvolvido pelas sociedades, além de ser um panorama de troca de experiências com o objetivo de apontar caminhos para a construção de políticas baseadas em justiça social, econômica e ambiental e a luta contra as desigualdades.

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