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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central voltou a elevar, por unanimidade, a Selic, a Taxa Básica de Juros na última quarta-feira(6), subindo dos já elevadíssimos 10,75% para os absurdos 11,25%.
O Brasil já tem um dos maiores juros reais do mundo e a política monetária do país, comandada pelo BC desde a criação da autonomia da instituição pelo ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro (PL), Paulo Guedes e aprovada pelo Congresso Nacional, continua na contramão do que praticam as maiores economias capitalistas do planeta.
Só os bancos ganham
A medida pode freiar a retomada do crescimento econômico, que este ano tem apresentado sinais de melhora.
Com estes juros, a dívida pública do país também aumenta, trazendo ainda mais dificuldades para o equilíbrio fiscal nas contas públicas.
Dívida pública
Metade dos gastos correntes no Brasil é com pagamento de juros da dívida.
Só em 2023, a União pagou mais de R$ 732 bilhões com juros dos títulos que, em sua maioria, estão nas mãos dos grandes especuladores do mercado financeiro, que controlam as decisões do Copom.
Sonho da casa própria
Além disso, a alta dos juros inibe o consumo de bens duráveis das famílias e dificulta ainda mais a aquisição da casa própria, já prejudicada pela decisão da direção da Caixa Econômica Federal de aumentar o valor da entrada para a compra de imóveis financiados de 20% para 30% (SAC) e para 50% no sistema Price.
Setor produtivo
O setor produtivo também sofre com a decisão do BC que é tomada no momento em que o país bate recorde de empresas com pedido de recuperação judicial: 1,7 mil até setembro, maior número em 19 anos e 73% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
Trabalhadores atingidos
O trabalhador é quem paga mais caro com estes juros: em setembro de 2024 eram 67,54 milhões de brasileiros humilhados no SPC, mesmo após o governo Lula ter criado o Programa Desenrola, para renegociação das dívidas.
Além de prejudicar as famílias, a inadimplência afeta negativamente a macroeconomia.
Com menos consumo, o comércio tem redução nas vendas, impactando também na produção industrial e agravando a crise econômica caisada por fatores externos.
O aumento de 0,5 ponto percentual (p.p.) mantém o Brasil no topo dos maiores pagadores da taxa básica real de juros do mundo (resultado da Selic menos a inflação), na ordem 6,5% com base na inflação acumulada nos últimos 12 meses.
O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro José Ferreira faz uma avaliação da decisão do BC.
"O Copom continua em sua trajetória de boicote ao governo e ao povo ao optar por aumentar a taxa básica de juros, o que só fará engordar os lucros dos bancos e dos rentistas. Temos que protestar contra esse absurdo pois há em curso outra cantilena, a de que é preciso cortar o orçamento nas áreas sociais. Sabemos que esse mecanismo é só para garantir que os ricos fiquem mais ricos e que a miséria e a pobreza aumentem em nosso país", criticou o dirigente sindical.