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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
No último dia 27 de setembro, o Itaú Unibanco comemorou seu centenário. O maior banco da América Latina, com R$ 2,9 trilhões em ativos e uma carteira de crédito que ultrapassa R$ 1 trilhão tem gastado outros milhões em publicidade para comemorar a data. Mas o que o banco dos banqueiros das famílias Setúbal e Salles não contam é o perrengue que passam seus funcionários no trabalho: demissões causadas pela extinção de agências físicas, terceirizações e cobranças abusivas de metas levando o medo do desemprego e o adoecimento cada vez maior de bancários.
“O que o Itaú não conta na comemoração de seu centenário é que o banco é o mais lucrativo do país à custa do sofrimento e do adoecimento de seus empregados. São cada vez maiores as denúncias que recebemos de bancários e bancárias que não estão suportando a pressão por metas, muitos tomando remédios tarja preta, sem falar no medo que o bancário tem de ser o próximo demitido pelo banco, que dispensa trabalhadores”, explica a diretora do Sindicato dos Bancários do Rio, Maria Izabel, representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados).
“O banco adoece o bancário para, em seguida, dispensá-lo como se o trabalhador fosse uma peça da engrenagem de gerar lucros, absolutamente descartável. É uma prática cruel e desumana”, acrescentou Izabel.
No primeiro semestre de 2024, o Itaú Unibanco atingiu um lucro líquido recorrente gerencial de R$ 19,843 bilhões, representando um aumento de 15,5% em relação ao mesmo período de 2023.
Categoria adoecida
Somente no ano passado, de acordo com o Panorama de Saúde Mental nas Organizações Brasileiras, mais de 280 mil trabalhadores brasileiros foram afastados do trabalho pelo INSS devido a transtornos mentais, um aumento de 38% em relação a 2022. O número é extremamente alto e, infelizmente, revela que trabalhadores estão sendo submetidos a ambientes de trabalho estressantes e adoecedores.
O Ministério da Previdência Social apontou que as principais causas dos afastamentos relacionados ao adoecimento mental foram: síndrome de Burnout, ansiedade, depressão e transtorno de adaptação. Esses quadros são graves e afetam não só a vida no trabalho, mas também todas as vivências pessoais e a relação dos trabalhadores com amigos e familiares.
Pesquisa confirma
Uma pesquisa recente do movimento sindical bancário em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) demonstrou, por exemplo, que cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro tiveram pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho em 2023 e 40% deles estão em acompanhamento psiquiátrico.