Quarta, 21 Agosto 2024 17:15
CONECTADOS NA LUTA

Bancários vão intensificar mobilização e vestir preto na segunda (26) contra proposta rebaixada da Fenaban

Bancos oferecem apenas 85% da inflação, perda de 0,57%, e culpam pequenas instituições financeiras por proposta sem aumento real. Sindicatos poderão fazer paralisações parciais
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT na negociação com a Fenaban: movimento sindical não aceita proposta rebaixada dos bancos Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT na negociação com a Fenaban: movimento sindical não aceita proposta rebaixada dos bancos Foto: SeebSP

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Com informações da Contraf-CUT 

Os bancos apresentaram proposta de reajuste abaixo da inflação, de apenas 85% do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). A proposta, apresentada na mesa de negociação desta quarta-feira (21), em São Paulo, foi prontamente rejeitada na mesa pelo Comando Nacional dos Bancários. 

“A categoria bancária, tanto na consulta quanto nas assembleias definiram que não vão fechar acordo sem aumento real”, declarou a coordenadora do Comando, Juvandia Moreira, afirmando que estas propostas "são desrespeitosas, mostram falta de consideração e desvalorização para com o quadro de funcionários que proporcionou, só em 2023, lucros de R$ 145 bilhões aos banco"  

"Não vamos aceitar perda salarial, partindo de um setor extremamente lucrativo”, completou Juvandia. 

Diante da oferta rebaixada da Fenaban, o Comando aprovou um dia nacional de mobilização, na segunda-feira (26), com paralisação parcial nos locais de trabalho e uso de roupas pretas. Também serão realizadas uma série de plenárias e lives durante a semana, para reforçar a organização das bancárias e bancários.

"Os bancários e bancárias têm dois dias de luta pela frente, um na quinta-feira (22) com o combate à terceirização e por valorização. Na segunda-feira (26) voltamos a fazer dia de luta para pressionar a Fenaban a apresentar proposta digna e que atenda ao que já apresentamos na minuta de reivindicações e já temos debatido com os bancos desde junho", disse o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira,  que participou da reunião com a Fenaban. 

Perdas para os bancários 

Segundo cálculos do Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o índice proposto pela Fenaban, de 85% do INPC, resultaria em perda de 0,57% na remuneração das bancárias e bancários e colocaria o reajuste da categoria entre os piores reajustes, no universo de 8.810 acordos coletivos feitos em 2024. 

O argumento da Fenaban de que os "pequenos bancos impedem um aumento maior para a categoria" foi rebatido de pronto pelo movimento sindical. 

“A Fenaban está se escondendo atrás dos pequenos bancos pra não dar reajuste real. Disse em mesa que os bancos representam 10% das instituições financeiras do país. Rebatemos! Primeiro, muitos bancos são detentores de outras instituições do sistema financeiro. Além disso, reunindo o número de empresas de dois segmentos que citaram (bancos e instituições de pagamento), os bancos têm resultado mais de 9 vezes maior do que o das instituições de pagamento, detendo 71% do lucro produzido por todo setor financeiro”, disse Juvandia. 

Economia cresce 

O Comando Nacional dos Bancários ressaltou ainda que o país vive sinais de uma recuperação econômica, com redução no desemprego e melhora na renda geral e que esta tendência resulta numa tendência na queda no endividamento da população, fator importante para uma lucratividada ainda maior para os bancos.

Setor que mais lucra

A Contraf-CUT publicou em seu site dados de uma matéria do Valor Econômico, desta quarta (21), mostrando que, na lista dos 10 maiores lucros no segundo trimestre, entre todos todos os setores, sete são do sistema financeiro, sendo cinco delas bancos: Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e BTG. 

As negociações com a Fenaban voltam a acontecer na terça (27) e continuarão até a sexta (30).

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