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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Comando Nacional dos Bancários cobrou da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), em negociação realizada nesta quarta-feira (7), em São Paulo, o aumento real de 5% mais a inflação do período, a valorização da PLR e dos tíquetes refeição e alimentação e demais verbas remuneratórias, na primeira reunião que tratou das cláusulas econômicas. .
Os bancos começaram cedo a velha choradeira, alegando que com a concorrência no setor ante o avanço das fintechs e bancos virtuais, há dificuldades em atender às reivindicações da categoria. Mas os resultados do sistema financeiro nacional mostram que esta desculpa não cola.
Os lucros crescem
Só no primeiro trimestre de 2024, os lucros dos cinco maiores bancos cresceram 15,2%. Nos últimos 20 anos, o faturamento cresceu 169%, ganhos incomparavelmente superiores ao de outros setores da economia brasileira. Em 2023, os bancos faturaram R$144 bilhões.
"Com um lucro de R$108 bilhões somente dos bancos que participaram desta mesa de negociação, a Fenaban usou como justificativa para não atender a nossa pauta de reivindicações, a concorrência com fintechs e bancos virtuais. Mas todos nós sabemos que o argumento da Fenaban não tem fundamento, pois só com com as tarifas cobradas dos clientes, os ganhos do setor ultrapassam a folha de pagamento. Vamos intensificar a mobilização e cobrar a valorização dos bancários e bancárias", ressaltou o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, que participou da reunião.
"Só a ítulo de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%", destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e também presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, mostrando a disparidade da rentabilidade do setor financeiro no Brasil em relação às nações mais desenvolvidas do mundo.
“Atualmente, 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor financeiro estão nas mãos dos bancos”, acrescentou Juvandia, rebatendo a justificativa dos representantes da Fenaban.
Endividamento dos bancários
O Comando Nacional também levou à mesa resultados da pesquisa sobre a situação de endividamento da categoria: 71% estão com dívidas. Desses, 46% com cartão de crédito e 42% com crédito pessoal.
Esta situação do endividamento preocupa o movimento sindical e reafirma a necessidade de os bancos atenderem as justas reivindicações dos bancários e revela também que o trabalhador e as empresas não podem mais suportar os altos júros praticados pelos bancos no Brasil.
A questão dos juros elevados mantidos pelo Banco Central também é um desafio para os bancários e toda a sociedade, o que faz do tema, parte relevante da Campanha Nacional da categoria.
Fim das terceirizações
O movimento sindical cobrou ainda, uma solução para questões relacionadas ao emprego, tema de mesas anteriores, mas que continuam sem resposta dos bancos. E o caso da reivindicação pelo fim das terceirizações no setor bancário.
Os bancos contratam trabalhadores terceirizados, com média salarial menor e sem os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, para reduzirem os custos e elevarem ainda mais os lucros. O caso mais emblemático desta situação é o Santander, que desliga funcionários para recontratá-los através de uma empresa terceirizada do próprio grupo espanhol. O banco já foi condenado diversas vezes pela Justiça Trabalhista por prática fraudulenta na contratação de mão de obra.
Mulheres e PcDs
A contratação de mais mulheres na área de TI (Tecnologia da Informação), pois elas têm sido preteridas pelos bancos na admissão, também voltou a ser cobrada pelos sindicatos, bem como o direito dos bancários com filhos PcDs (Pessoas com Deficiência) de terem abonados os dias de falta para para terapias, consultas médicas e conserto de próteses de seus dependentes.
Nova mobilização
O Comando da categoria anunciou, ante a hesitação da Fenaban em atender as reivindicações dos bancários, que vai intensificar a mobilização da categoria na próxima semana.
"Na segunda-feira, dia 12, vamos às ruas, agências bancárias e nas redes sociais, num Dia Nacional de Luta, para cobrar da Fenaban, a apresentação de uma proposta decente e que atenda as nossas reivindicações", ressaltou José Ferreira.