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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Publicado: 05 Agosto, 2024 - 15h06
Escrito por: Rosely Rocha
A economia mundial sofreu um abalo nesta segunda-feira (5) com a cotação do dólar norte-americano batendo recordes e queda de ações nas bolsas de valores nos principais mercados internacionais da Europa, Ásia e, inclusive no Brasil.
Por volta das 13h, o dólar comercial tinha valorização de 0,75%, vendido a R$ 5,751. Durante a primeira parte do dia, chegou a passar de R$ 5,826. É o maior valor desde outubro de 2020. Já a Bolsa de Valores de São Paulo estava em queda, no mesmo horário, de 0,99%, com o Ibovespa indo a 124.612,06 pontos.
O motivo é a possibilidade de recessão nos Estados Unidos, após a divulgação da taxa de emprego que cresceu menos do que se esperava e o aumento do desemprego. Como as relações comerciais entre os EUA e os demais países impactam na economia mundial, um mercado menos aquecido na maior economia do planeta traz temor aos investidores.
Segundo analistas financeiros, a crise nos Estados Unidos pode ter como causa a decisão do Federal Reserve (o Banco Central daquele país) em não baixar as taxas de juros, comprometendo a geração de empregos que vinha em recuperação. O Fed manteve os juros em 5,5%, o maior nível em duas décadas e as atuais taxas estão nesse patamar há um ano. A informação é do UOL. Nos últimos 12 meses até junho, a inflação norte-americana estava em 3%.
Brasil também precisa de juros menores
O Banco Central (BC) brasileiro tem se comportado ainda pior em relação aos juros que estão em 10,50%, apesar de uma taxa inflacionária de 4,23%, nos últimos 12 meses. A possível recessão nos Estados Unidos é uma amostra do que ocorre quando os juros estão muito altos. Essa é a denúncia que a CUT e as demais centrais têm feito ao longo dos últimos anos desde que Roberto Campos Neto assumiu a presidência do Banco Central, indicado por Jair Bolsonaro (PL). A partir da independência do BC em relação ao governo federal, em 2020, somente o Senado pode destitui-lo do cargo.
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A economista e professora da Unicamp, Marilane Teixeira, diz que não há dúvidas que a receita de juros altos para conter a inflação acaba, na verdade, inibindo a atividade econômica.
“Basicamente a atividade e a ampliação de investimentos dependem de crédito. Não tem mágica, ninguém guarda dinheiro no colchão. É preciso uma taxa absolutamente razoável para se garantir o retorno do capital investido. É básico, quando se pressiona os dois lados não há como ampliar a atividade econômica”, diz.
Segundo a economista, com um retorno financeiro abaixo dos juros dos empréstimos realizados, a demanda também se contraí porque as pessoas vão ser mais cautelosas a qualquer tipo de compra que implique numa taxa de juros embutidas como as cobradas em empréstimos e financiamentos.
“Os juros altos comprometem a renda e se você entrou na roda de depender do cheque especial e do cartão de crédito não sobra dinheiro para todos os gastos. A taxa de juros muito alta, pelo nível de inflação que temos, é um absurdo”, critica. Ressalte-se que os juros nos EUA são de apenas 2,5% acima da inflação e no Brasil está em mais de 6% a maior.
Marilane Teixeira chama a atenção para o movimento do BC de manter a taxa de juros alta e o câmbio nesse patamar ser insuficientes para a estabilidade econômica quando se tem o impacto de uma crise externa.
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