Quinta, 01 Agosto 2024 18:04

BC mantém Selic na estratosfera, com impacto negativo no emprego e no crescimento econômico

Campos Neto, presidente do Banco Central e membro do Copom. Foto: Agência Brasil. Campos Neto, presidente do Banco Central e membro do Copom. Foto: Agência Brasil.

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Imprensa SeebRio

Como já esperavam os bancos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (31/7), manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5%. A resolução repete o resultado da reunião anterior, do dia 19 de junho, que interrompeu a série de cortes que vinham acontecendo desde agosto de 2023.

"Mais uma vez denunciamos que a entidade está boicotando a economia do país. Primeiro, porque a inflação segue dentro da meta e, segundo, porque a Selic não é o único instrumento para atuar no câmbio. O que de fato estamos colhendo com a Selic elevada são prejuízos à economia do país, porque reflete no aumento dos juros cobrados pelo sistema financeiro. Aumenta os custos para as famílias, para as empresas e para o estado brasileiro", alerta a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.

Bom para os bancos – A decisão foi um excelente negócio para os bancos, principais detentores dos papéis da dívida pública, hoje em mais de R$ 7 trilhões, e com rendimento baseado na Selic. Ao insistir em uma taxa extremamente alta – a terceira maior do mundo – o BC mantém o mesmo montante de pagamento de juros da dívida, mais de R$ 1,89 trilhões, consumindo 46% do Orçamento de União. Desta forma, impede, entre outros, o aumento dos investimentos públicos no crescimento da economia, na melhoria dos serviços prestados à população, bem como inibe o crescimento do número de empregos e da renda.

Em primeiro lugar na taxa real de juros básicos, cálculo que desconta a inflação, está a Turquia, com 12,13%, ante 7,55% da Rússia e 7,36% do Brasil. Completam a lista dos dez primeiros México (6,24%), África do Sul (3,89%), Indonésia (3,61%), Hong Kong (2,83%), Itália (2,44%), Reino Unido (2,39%) e Filipinas (2,37%).

Sociedade contra Selic alta – Centrais sindicais, sindicatos e diversas outras organizações da sociedade têm protestado contra a política do BC de manutenção de patamares elevados da Selic. Na terça-feira, realizaram novas manifestações nacionais pela redução da Selic, no movimento “Menos juros, mais emprego”.

Lula – Também o presidente Lula tem se manifestado pela redução da Selic. A reunião do Copom termina dias após Lula voltar a criticar Campos Neto, desta vez por uma afirmação sobre salário e inflação. Ao longo de julho, o petista havia evitado contestar publicamente o banqueiro.

“Esses dias o presidente do Banco Central deu uma declaração para a imprensa em que eu não quis acreditar. O cidadão, jovem, bem-sucedido na vida, diz o seguinte: esse negócio de aumento do salário mínimo e massa salarial crescendo pode gerar inflação, o povo precisa ganhar pouco? Será que essa pessoa não tem respeito?”, questionou.

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