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CUT e demais centrais sindicais realizaram protestos em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, para pressionar pela queda dos juros e pela saída de Campos Neto da presidência do banco
Publicado: 30 Julho, 2024 - 12h25 | Última modificação: 30 Julho, 2024 - 15h26
Escrito por: Walber Pinto e André Accarini | Editado por: Rosely Rocha
Em protesto contra a manutenção da taxa de juros do Banco Central (BC), a Selic, em patamar elevado, a CUT e as demais sindicais ocuparam parte da Avenida Paulista, em São Paulo, na manhã desta terça-feira (30). Além das centrais, sindicatos de várias categorias compareceram ao ato.
A manifestação intitulada “Menos juros, mais empregos”, que chegou a interromper o trânsito em uma das faixas da via, pede a saída do presidente do BC, o bolsonarista Roberto Campos Neto, cuja atuação frente à instituição, de acordo com o movimento sindical, é de boicote ao governo federal.
Em entrevista ao Portal da CUT, em frente à sede do BC na capital paulista, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, fez uma crítica severa a Campos Neto. "A taxa de juros, no atual patamar, de 10,5% ao ano, que é a segunda maior do planeta, é criminosa', disse o dirigente.
Essa política de juros altos foi derrotada nas eleições de 2022. Campos Neto, se tivesse decência, teria entregado o cargo junto com Paulo Guedes e o inominável
“Elimina investimento produtivo, promove a maior transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos”, explica o presidente nacional da CUT. Como exemplo, ele cita que se um rentista aplicar em títulos do governo, em 11 anos, ele dobra seu investimento, situação diferentes de outros países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde o mesmo rentista ‘levaria 17 anos para dobrar seu investimento’.
Campos Neto tem usado diversos argumentos falaciosos para manter a taxa em patamar elevado. Entre eles, questões fiscais, maior equilíbrio da economia e controle da inflação. No entanto, todos os indicadores econômicos do país têm apresentado expressiva melhora desde o início de 2023, entre eles a queda da inflação, crescimento econômico e nível de empregos.
Não há justificativa para manter a taxa de juros em patamar tão elevado, dizem, de forma unânime, economistas ouvidos pela CUT e dirigentes sindicais.
Dura e justa crítica
“A quem o Banco Central serve?” Este foi um dos principais questionamentos levados à frente da sede do Banco Central, em São Paulo.
A vice-presidenta da CUT Nacional e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvândia Moreira, reforçou a crítica.
“A quem está servindo o presidente do Banco Central? Aos interesses de quem?", questionou Juvândia, para em seguida afirmar que “é aos interesses do 1% mais ricos da população”.
Os juros altos prejudicam a geração de emprego, por isso não serve ao povo brasileiro. Quem é beneficiado é só o 1%, os super-ricos, o capital especulativo, os banqueiros. É a esse povo que Campos Neto está servindo
Em sua fala, Juvandia também cobrou a destituição do presidente do BC. “Fora Campos Neto porque ele foi colocado por Bolsonaro. Já ficou claro que está boicotando a economia e o povo brasileiro. Ele não pode, não serve para ser presidente do Banco Central. O Senado Federal tem que tirar ele de lá, fazer o impeachment porque ele não está cumprindo com seu papel. Quem está perdendo é o povo e está perdendo duramente”, disse a vice-presidenta nacional da CUT.
Para esclarecer a população a dirigente citou situações em que os trabalhadores e trabalhadoras compram artigos como eletrodomésticos de forma parcelada, afirmando que o preço final, praticamente dobra.
“Quando vai comprar uma televisão, paga duas”, disse Juvandia que também citou os financiamentos de casa própria, em que o valor final a ser pago pelo mutuário ao final do financiamento equivale a ‘uma casa e meia’. “Quanto mais altos os juros, mais alta a prestação da casa própria”, lembrou a dirigente.
“Outro ponto importante citado por Juvandia foi o impacto dos juros altos para o desenvolvimento do país. “O Brasil perde porque poderia ter mais investimentos, mais emprego”, disse em referência ao fato de a taxa inviabilizar linhas crédito para o setor produtivo o que, necessariamente, se reflete em menos produção, menos consumo e menos empregos.
Além disso, ela complementou que a dívida pública brasileira poderia ser menor, não fosse o boicote de Campos Neto. “O orçamento público perdeu R$ 700 bilhões para pagar a dívida. Poderia ser bem menos e assim, ter mais dinheiro para saúde, educação e investimento produtivo”, finalizou Juvândia.
Reunião do Copom
A campanha contra os juros altos é realizada de forma permanente pela CUT e demais centrais sindicais, além de movimentos sociais. Os protestos desta terça-feira ocorrem por ocasião da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que define a taxa de juros a ser praticada no país.
Em 2022, a taxa chegou a 14,75% permanecendo por cerca de dois anos nesse patamar. Por pressão dos mais diversos setores da sociedade como os trabalhadores, representados pela CUT e centrais sindicais, setores produtivos e o próprio governo, em maio de 2023, o Banco Central deu início a uma lenta e escalonada queda o que fez a taxa cair de 14,75% para os atuais 10.5%, o que ainda não permite que o Brasil possa ter um crescimento pleno. Mas em junho deste ano, as quedas foram cessadas e a taxa se manteve no mesmo nível desde então.
As reuniões do Copom são realizadas a cada 45 dias.
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