Quinta, 25 Julho 2024 15:17

Dia Internacional da Mulher Negra: momento para reflexão na luta contra o racismo

Dia Internacional da Mulher Negra: momento para reflexão na luta contra o racismo Imagem: Divulgação

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Nesta quinta-feira (25) é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. No Brasil, é também o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em homenagem a uma das mulheres, símbolo de resistência e liderança na luta contra a escravidão.

Desigualdade e violência 

Um relatório elaborado marcada pelo Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha expõe desigualdades e violência que as atingem as mulheres negras no Brasil. Negros e negras são maioria na população brasileira: 119,75 milhões de brasileiros e brasileiras ou 56% da população total. As mulheres negras são 60,6 milhões, 28% da população total.

De acordo com a Associação de Mulheres Afro, na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes, a parcela da população mundial que mais sofre com a pobreza, a desigualdade e a violência.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 14 ficam na América Latina e no Caribe.

“Daí a importância dessa data”, ressalta o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, destacou, em matériapublicadano site da entidade. 

 “Em 1992, um grupo decidiu que era preciso se organizar para denunciar a exclusão que atinge essa gigantesca parcela da população em todo o mundo. Assim foi realizado o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana. De lá para cá, no dia 25 de julho, eventos em diversos países discutem os problemas que atingem essas mulheres e formas de atacar essa desigualdade e injustiça social. Uma ação fundamental da qual a Contraf-CUT se orgulha em fazer parte", explica Almir. 

Ataque à Benedita da Silva 

A deputada federal Benedita da Silva, (PT-RJ) eleita por cinco mandatos e que tem uma vida dedicada à luta contra a discriminação racial e em defesa da classe trabalhadora, foi chamada pela deputada Carla Zambeli (PL-SP) de 'Chica da Silva'. A parlamentar de extrema-direita proferiu o ataque durante uma queixa por não ter discursado na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20 em Maceió (AL), evento de parlamentares dos países que compõem o G20, grupo atualmente presidido pelo Brasil. 

Benedita, coordenadora da Bancada Feminina e da Secretaria da Mulher da Câmara, discursou no encontro realizado no Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial (3 de julho). Ela é a primeira senadora negra do Brasil (1995-1998), foi ex-governadora do Rio de Janeiro (2002-2003), ministra da Assistência e Promoção Social (2003-2007), Benedita recebeu amplo apoio da população, de parlamentares e do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. "Benedita da Silva é exemplo de fé, muito trabalho e amor pelo povo brasileiro."

Tom de deboche

Francisca da Silva de Oliveira, a Chica da Silva, foi uma mulher escravizada do século 18 que obteve alforria e rompeu barreiras sociais ao se tornar uma figura proeminente e poderosa em Arraial do Tijuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Sua história inspirou livros, filmes e novelas, uma delas protagonizada pela atriz Zezé Motta. 

A declaração de Zambelli, referindo-se a Benedita da Silva com o nome da mulher escravizada que ganhou alforria, no entanto, foi feita em tom de deboche. 

“Quem Zambelli pensa que é?”, questiona Almir Aguiar. “Essa declaração parece demonstrar, além do racismo evidente, um tom de desgosto de uma parlamentar que nunca terá no Brasil e entre os brasileiros, trajetória com a força e a importância da de Benê”, completa Almir.

Mídia