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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
O Comando Nacional dos Bancários, em negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) nesta quinta-feira (18), em São Paulo, cobrou o aumento na contratação de Pessoas com Deficiência (PcDs) e neurodivergentes no setor bancário, com no mínimo, o cumprimento das cotas estabelecidas pela legislação, além de melhores condições de trabalho e igualdade de direitos e à ascensão profissional para estes trabalhadores. As reivindicações foram feitas na primeira mesa de negociação sobre “Saúde e Condições de Trabalho. A segunda mesa sobre o tema está prevista para acontecer na próxima quinta-feira (25), que irá tratar do combate às metas desumanas e o adoecimento da categoria. Os itens negociados visam garantir as revindicações da categoria com a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Números do Dieese
Um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revela que as PcDs representam atualmente apenas 4% de toda a categoria, sendo que, em cargos de liderança, este índice é ainda menor: 2%.
"Nossa reivindicação é pela garantia não apenas do acesso ao emprego no setor, mas de ascensão, com o combate ao preconceito contra as pessoas com deficiência para que esse grupo tenha igualdade de oportunidade nos processos de ascensão de carreira. E isso inclui a garantia de suportes específicos, conforme a condição da pessoa com deficiência, para que ela consiga desempenhar suas atividades", destacou o secretário-geral Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga.
As PcDs têm no setor bancário uma remuneração média 37,6% inferior à remuneração média das pessoas sem deficiência. Se for mulher negra PcD, a remuneração média é 48% inferior a remuneração média geral da categoria, revelando uma discriminação também por recorte racial e de gênero.
Abono de faltas
Os sindicatos cobraram também o abono de faltas aos trabalhadores com deficiência, quando eles precisam se ausentar para ajustar equipamentos e próteses ou realização de terapias específicas.
Foram reivindicados ainda neste tema, para inclusão na CCT: adequação do ambiente de trabalho segundo a natureza e grau de deficiência do empregado; a vedação de transferência de PcDs, salvo por pedido do trabalhador; a constituição de uma comissão bipartite (indicados pela Contraf e Fenaban) para deliberar sobre a contratação de trabalhadores com deficiência e sobre políticas de inclusão; inclusão e capacitação de pessoas com deficiência; financiamento de veículos para empregado com deficiência; estacionamento exclusivo para empregados com deficiência; abono de faltas aos trabalhadores com deficiência e aumento de auxílio para pais com filhos com deficiência.
Neurodivergentes
Os representantes dos trabalhadores revindicaram ainda questões referentes aos neurodivergentes, pessoas com diferenças neurológicas variáveis e que podem ou não ser deficientes. Foi ressaltado pelo movimento sindical, a necessidade de um cuidado especial às pessoas do espectro autista, que são consideradas com deficiência. "Muitas empresas não estão preparadas para lidar com pessoas autistas, apesar de terem alto desempenho no trabalho, quando respeitadas suas peculiaridades", explicou Mauro Salles. secretário de Saúde da Contraf-CUT.
Os representantes da Fenaban reconheceram que ainda há muita desinformação sobre o tema, em especial na questão dos neurodivergentes, e disseram que vão levar as demandas da categoria aos bancos, para construir respostas às reivindicações.
“A pauta da inclusão é muito importante para nós. Os bancos precisam reposicionar o olhar para pessoas com deficiência e neurodivergentes. É fundamental cumprir a cota de 5% e ir além da inclusão, criar condições ambientais considerando a deficiência, qualificar e criar oportunidades para ascensão profissional", disse a presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), que faz parte do Comando e participou da reunião.
Canais de apoio à mulher
O Comando da categoria trouxe números dos canais de apoio e acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica, conquista da categoria prevista na CCT.
De abril de 2020 a julho de 2024, foram atendidas 607 mulheres em 12 canais estabelecidos pelos bancos, que resultaram em 2.094 sessões. Desse total, foram realizadas 47 realocações de local de trabalho, a pedido das próprias bancárias. A realocação de trabalhadoras em situação de violência também é resultado de convenção coletiva.
Também, como fruto dos canais, ocorreram 3 concessões de crédito especial e 4 flexibilizações de jornada de trabalho às mulheres em situação de violência, a pedido das próprias funcionárias.
Segurança bancária
Os trabalhadores apresentaram dados de uma consulta, encomendada ao Dieese, com bancários de unidades de negócios e postos de autoatendimentos, de todas as regiões do país. Ao serem perguntados se, nos últimos 24 meses, sofreram algum tipo de agressão, partindo de clientes ou usuários, 69% responderam que sim.
Em função desta situação, os sindicatos cobraram mais segurança nestas unidades, mesmo não havendo dinheiro em espécie, pois muitos bancários já relaram ter sofrido algum tipo de agressão de clientes. Quando perguntados qual foi a primeira pessoa que o funcionário procurou, no momento da agressão, a resposta da maioria (38,7%) foi o vigilante, o que revela a importância de manter esses profissionais da segurança nos bancos.
Além da segurança bancária no ambiente físico, os trabalhadores reivindicaram também a segurança bancária no ambiente digital. No momento do fechamento de bancos tradicionais e abertura de unidades de negócios, os bancos estão abrindo mão de portas de segurança e contratação de vigilantes, o que gera muita preocupação e medo nos trabalhadores, o que pode repercutir na saúde dos bancários.
Os representantes dos bancos justificaram que as portas giratórias causam “constrangimentos” aos que possuem alguma dificuldade de mobilidade. Também afirmaram que as mudanças estruturais do setor reduzem a necessidade de vigilantes e portas giratórias, o que foi rebatido pelos sindicalistas.
“A rodada de negociação foi positiva quando tratamos do tema de igualdade de oportunidades para Pessoas com Deficiência. Embora não tenha apresentado propostas concretas para a categoria, a Fenaban sinalizou disposição de diálogo em relação ao tema. Já na segurança bancária a velha e intransigente Fenaban se apresentou mostrando sua aversão à preocupação com a vida e a saúde dos bancários ao resistir ao debate que garante aos trabalhadores mais tranquilidade na execução do atendimento nos postos bancários e agências de negócios”, avaliou o presidente do Sindicato do Rio e membro do Comando Nacional, José Ferreira.
Próximas Negociações com a Fenaban
Julho
25/7 – Saúde e condições de trabalho: combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/8 – Cláusulas econômicas
20/8 – Em definição
27/8 – Em definição