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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
O Comando Nacional dos Bancários reivindicou, na mesa de negociação realizada nesta terça-feira (2), em São Paulo, com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), questões referentes às Cláusulas Sociais, como a jornada de quatro dias semanais, sem redução de salários e o aumento da ajuda de custo dada aos funcionários que permanecem em teletrabalho, além do abono assiduidade de cinco dias para toda a categoria.
Experiência positiva
Os dirigentes sindicais apresentaram dados de pesquisas revelando que, empresas no Brasil e no exterior que aplicaram a nova jornada obtiveram aumento da produtividade, com empregados mais motivados e com melhores condições de saúde física e psíquica, elevando os ganhos das empresas. O Comando Nacional apresentou um estudo mostrando que, no Brasil, a ONG "4 Day Week Global" iniciou testes em janeiro deste ano com 21 empresas. Resultados parciais do projeto mostram que 61,5% dos trabalhadores apresentaram melhoria na execução de projetos, 58,5% na criatividade e inovação, 44,4% na capacidade de cumprir prazos e 33,3% na capacidade de ampliação do número de clientes para as empresas.
Para os trabalhadores, os resultados parciais relevantes foram: 64,5% tiveram redução de exaustão frequente por causa do trabalho; 50% redução na insônia; 46,3% passaram a praticar exercício mais de três vezes na semana e 27,1% começaram a dormir pelo menos oito horas por noite, o que não acontecia sob a jornada tradicional de cinco dias semanais.
Consulta Nacional
A coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, ressaltou que “a jornada de quatro dias semanais apareceu como prioridade na Consulta Nacional 2024 para 42% dos trabalhadores que responderam à Consulta Nacional dos Bancários de 2024, somente atrás de manutenção de direitos (70%); emprego (49%) e combate ao assédio moral (45%)”.
A presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso. falou dos aspectos positivos da proposta para a categoria, os bancos e a sociedade e que as tecnologias precisam ser usadas para o bem estar social das pessoas, não apenas para acumulação de mais lucros.
"Apresentamos dados concretos do quanto tem sido positivo para as empresas a adoção da jornada de quatro dias, tanto em relação ao aumento da produtividade quanto na redução do adoecimento e melhoria no sono dos trabalhadores. Acredito que as novas tecnologias devem servir para o bem de todos, de toda a sociedade, em especial para quem trabalha a fim de garantir melhor qualidade de vida para os trabalhadores" disse Adriana.
"Os bancos investem tanto em tecnologia, isto tem que resultar em melhoria nas condições de trabalho para a categoria e, neste sentido, a redução da jornada permite aos bancários e bancárias cuidarem mais da saúde, terem mais tempo de convívio com a família e para o lazer. Tenho certeza de que esta seria uma medida muito positiva e os bancos ficaram de dar uma resposta a esta reivindicação", acrescentou.
Mais empregos
Além de garantir melhor qualidade de vida para o trabalhador e maior produtividade nas empresas, a jornada reduzida sem perda de ganhos salariais gera mais empregos. É o que comprova um estudo feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revelando que a implementação da jornada de quatro dias, entre os bancários que hoje realizam a jornada de 37 horas semanais, teria o potencial de criar mais de 108 mil vagas no setor, ou 25% do total de vagas que existem atualmente.
Se a jornada reduzida fosse implementada entre os trabalhadores com jornada semanal de 30 horas, o potencial de geração de emprego seria de mais de 240 mil vagas, ou 55,5% do total que existe hoje. Já, se a redução da jornada fosse implementada apenas na área de TI dos bancos privados, o potencial de geração de empregos seria de mais de 7 mil, um aumento 25% no volume atual de postos.
"Nossa proposta traz melhorias e ganhos não somente para os trabalhadores e as empresas do setor, mas também para a economia do país, gerando mais empregos, o que contribui para a retomada do desenvolvimento econômico e social do Brasil", explica o vice da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção, que também participou da reunião.
"Melhorar as condições de saúde e oferecer mais qualidade de vida para bancários e bancárias é mais do que justo. Não dá para os bancos continuarem com o atual modelo atrasado de gestão de metas desumanas e sobrecarga de trabalho que estão adoecendo a categoria", ressaltou o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, que participa das negociações e faz parte do Comando da categoria.
Sustentabilidade
A jornada reduzida tem ainda um outro aspecto positivo e é para o planeta. Pesquisas apontam que a redução da jornada para quatro dias semanais tem potencial de reduzir a emissão de gases de efeito estufa em até um quinto, em função de representar menos automóveis nas ruas, além de contribuir com a sustentabilidade, devido à redução do uso de água, energia elétrica e ar condicionado nos locais de trabalho.
Melhorias no Teletrabalho
Os sindicalistas reivindicaram ainda à Fenaban a informação sobre o número atual de profissionais que hoje estão atuando em home office, seja no sistema híbrido ou totalmente remoto.
Os representantes da Fenaban disseram que no Brasil, atualmente, 33% dos bancários estão em teletrabalho, ou seja, 143 mil. Do total de bancários em teletrabalho, 91% estão no modelo híbrido e 9% no modelo totalmente remoto. Afirmaram também que não há garantia, sequer, de manutenção do percentual de pessoas em teletrabalho. O Comando dos bancários respondeu reforçando a cobrança por ampliação do home office.
Os sindicatos querem não apenas a manutenção do sistema para quem já está em home office, como também a ampliação do valor da ajuda de custo, aos trabalhadores que trabalham em casa.
Na CCT de 2022, houve a conquista de ajuda de custo anual de R$ 1.036,80, com reajuste pelo INPC + 0,5% de ganho real em 2023, elevando o valor desde o ano passado para R$ 1.084,29/ano ou R$ 90,36/mês. A proposta dos trabalhadores é justificada pela inflação mais elevada que a média geral nos itens de trabalho em casa.
Segundo relatório do Dieese, entre 2019 e 2023, os cinco maiores bancos do país reduziram as despesas administrativas (com aluguel, água, energia, gás, materiais, reparação, segurança e vigilância, por exemplo) em 17%. Somente entre 2022 e 2023, essa redução foi 3%.
Por outro lado, nos itens que impactam o teletrabalho na categoria, como despesas domésticas, ar-condicionado, aluguel e taxas, energia elétrica residencial e plano de telefonia móvel, aumentaram significativamente.
Em relação à questão do teletrabalho, Adriana Nalesso disse que o Comando defende a continuidade deste modelo para quem já está em home office e lembrou que "os bancos têm redução nos custos administrativos, podendo então ampliar a ajuda de custo para estes trabalhadores, que por sua vez, gastam mais com energia elétrica, Internet e material de trabalho em suas residências".
Como é em outras categorias
O Comando Nacional mostrou que, categorias de outros setores pagam valores superiores de auxílio home office. De 13 acordos analisados, a média é de R$ 141. Há também alguns bancos que pagam auxílios maiores, a partir de R$ 100 ao mês, chegando a R$ 210, no caso do JP Morgan e R$ 364,40 por mês, no caso do Banco Paulista.
Abono assiduidade
O Comando quer ainda, a ampliação do abono assiduidade de um para cinco dias para toda a categoria, direito que já é uma realidade em alguns bancos.
Mobilização é fundamental
Após a reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários decidiu que irá organizar uma plenária entre os profissionais em teletrabalho e orientou a manutenção de mobilizações sobre o tema, para reforçar as conquistas em Teletrabalho e impedir a retirada de direitos por parte dos bancos.
"Somente a pressão da categoria nas campanhas das redes sociais e apoiando e fortalecendo os sindicatos nas atividades nos locais de trabalho, inclusive ampliando o número de trabalhadores sindicalizados, é que poderá garantir que nossas reivindicações sejam atendidas pelos bancos nas mesas de negociações ", completa José Ferreira.
Os bancos ficaram de dar uma resposta para as demandas apresentadas pelos trabalhadores. A próxima mesa com a Fenaban será na outra quinta-feira, dia 11 de julho. Na pauta, a Igualdade de Oportunidades.
Calendário: próximas reuniões
Julho
11/7 – Igualdade de oportunidades
18 e 25/7 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas
Agosto
6 e 13/8 – Cláusulas econômicas
20/8 – Em definição
27/8 – Em definição