Quarta, 26 Junho 2024 15:18
EMPREGO DECENTE

Bancários cobram o fim do fechamento de agências, das demissões e terceirizações

Comando Nacional reivindica ainda a ampliação da indenização adicional para inibir as dispensas e a volta das homologações nos sindicatos. Bancos negam pedido sobre a ultratividade
O Comando Nacional dos Bancários cobrou o fim do fechamento de agências e das demissões e terceirizações O Comando Nacional dos Bancários cobrou o fim do fechamento de agências e das demissões e terceirizações Foto: Contraf-CUT

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

O Comando Nacional dos Bancários realizou nesta quarta-feira (26), em São Paulo, a primeira negociação da Campanha Salarial 2024 com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos).

O tema da reunião foi o emprego, uma das maiores preocupações da categoria, especialmente nos bancos privados, que representam 88% do fechamento de agências no setor financeiro e promovem reestruturações com um grande número de demissões de funcionários. 

"Cobramos o fim do processo de terceirização nos bancos, conforme compromisso já assumido verbalmente em reuniões com a representação sindical. Mostramos com dados que o setor tem se utilizado das startups e contratado PJs [Pessoas Jurídicas] e tem terceirizado a mão de obra para reduzir custos e elevar ainda mais os lucros, contratando menos e demitindo mais bancários, que são protegidos pelos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho. Queremos também o fim do processo de fechamento de agências e a preservação dos empregos", afirmou o presidente do Sindicato do Rio José Ferreira, que esteve na reunião e faz parte do Comando Nacional da categoria. 

A representação dos trabalhadores defendeu ainda a volta das homologações pelos sindicatos e, para ajudar a inibir as dispensas, a ampliação da indenização adicional, a fim de preservar os empregos dos bancários. 

Terceirização no Santander 

As dispensas e terceirizações têm acontecido especialmente nos bancos privados e o caso do Santander, que tem praticado a contratação fraudulenta de mão de obra, terceirizando os próprios bancários já contratados pelo banco em empresas terceirizadas do próprio grupo foi tema da reunião. 

Os trabalhadores terceirizados que exercem a mesma função dos bancários têm salários bem inferiores, jornada de trabalho maior e sem os direitos previstos na CCT. 

Bancários pejotizasos pelo Santander recebem salários fixos bem abaixo do piso da categoria, cerca de R$1.500, o restante dos ganhos são variáveis na base de metas desumanas. 

Ultratividade negada

O movimento sindical cobrou ainda a aplicação da ultratividade, ou seja, quando houver impasse entre patrões e empregados nas negociações, o trabalhador fica coberto pelo acordo anterior até que seja assinado um novo acordo coletivo. Este instrumento foi extinto pela reforma trabalhista feita pelo então ministro da Fazenda de Michel Temer (MDB), Henrique Meirelles. 

A proposta de retorno da ultratividade foi rejeitada na mesa pelos bancos. 

Tecnologias e requalificação 

O Comando da categoria cobrou ainda a requalificação dos bancários em função dos impactos das novas tecnologias e da Inteligência Artificial no sistema financeiro, o que tem levado o setor a contratar mais Técnicos da Informação (TIs) do que propriamente bancários e bancárias. 

Emprego é prioridade 

A presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso, também fez uma avaliação dessa primeira mesa de negociação com a Fenaban  

"A categoria estabeleceu como prioridade na consulta nacional o emprego. Por isso, iniciamos o processo negocial abordando esse tema e cobramos responsabilidade por parte dos bancos. O setor lucrou mais de R$145 bilhões no ano passado, no entanto vimos a ampliação da terceirização, a pejotizacao e o uso de startups", disse Adriana, que também compõem o Comando Nacional. 

"Os bancos se apropriaram da reforma trabalhista para precarizar as relações de trabalho e 91% dos bancos utilizam plataformas digitais, sendo que área de TI é a que mais cresce. Observamos o aumento da terceirização como por exemplo na área de segurança digital, onde mais de 80% dos trabalhadores são terceirizados", completou Nalesso.

A contratação de PJs em vez de bancários pelos bancos para as plataformas digitais foi questionada pelos dirigentes sindicais do Comando Nacional na mesa de negociação.

"Cobramos a estabilidade dos empregos da categoria. O medo de ser demitido afeta a saúde dos funcionários e das famílias dos bancários do setor privado e de qualquer ser humano que vai trabalhar com temor de perder o emprego ", declarou a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e do Comando Nacional,  Juvandia Moreira. 

A campanha da categoria nas redes sociais com a hashtag #JuntosPeloEmprego chegou ao topo do dia com grande adesão de bancários e bancárias de todo o país. 

Menos juros 

O Comando cobrou dos bancos também a assinatura conjunta de uma carta reivindicando à direção do Banco Central, a redução dos juros no país. O Brasil possui hoje a segunda maior taxa de juros do mundo, o que impede a retomada de um desenvolvimento econômico sustentável. 

 

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