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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
As mulheres brasileiras continuam recebendo salários inferiores aos dos homens, mesmo quando possuem escolaridade igual ou até superior e exercendo as mesmas funções.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em média, a remuneração delas é 17% menor que a dos homens.
Os números são do levantamento feito em 2022.
Das 357 áreas de trabalho pesquisadas, em apenas 63 (18%), as mulheres ganhavam salários médios iguais ou maiores que os colegas do sexo masculino. Em termos numéricos, o salário médio das mulheres, em 2022, foi de R$ 3.241,18, contra R$ 3.791,58 entre os homens, uma diferença de 17% entre os gêneros.
Mesmo em setores em que há mais mulheres do que homens trabalhando, elas receberam salários médios inferiores aos dos homens, como nas áreasde saúde humana e serviços sociais.
No setor financeiro
Na área "atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados a atividades de serviços financeiros", onde os bancos estão incluídos, a disparidade é ainda maior do que em outras áreas: o salário médio dos homens foi R$ 10.969,42, contra R$ 7.783,78 entre as mulheres, ou seja, elas ganham cerca de 41% a menos do que eles. O setor só não é pior do que na "fabricação de mídias virgens, magnéticas e ópticas", onde as mulheres, em 2022, ganhavam em média R$ 1.834,09, valor 309,4% menor que a média salarial dos homens na mesma área: R$ 7.509,33.
O trabalho do IBGE não isola o setor bancário que, como visto acima, agrega a área "atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados a atividades de serviços financeiros".
Mas um levantamento produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), realizada pelo IBGE, com dados de 2021, mostra que, na categoria bancária, as mulheres recebiam, em média, R$ 8.812,11, ou seja 22,2% menos que os homens, que têm média salarial de R$ 11.227,36.
As bancárias negras sofrem ainda mais discriminação.
Segundo dados de 2021 do Dieese, a remuneração média da mulher preta (R$ 7.023,55) foi 40,6% menor que a remuneração média do homem branco.
"Apesar do cenário, ainda desigual para mulheres, no mundo do trabalho, existe um fator positivo na realização e divulgação cada vez mais frequente de levantamentos como este, porque é um reconhecimento da desigualdade que precisa ser enfrentada", avalia a Secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes.
A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio concorda com esta avaliação e acrescenta que é preciso avançarmais.
"Apesar de ter sido um passo importante na luta contra a discriminação sofrida pelas mulheres brasileiras, a lei de igualdade salarial entre gêneros (n° 14.611/2023), de iniciativa do governo Lula e sancionada em 2023, não basta para garantir a igualdade de salários entre homens e mulheres. Só a mobilização das Trabalhadoras e dos trabalhadores garantirá esta igualdade e colocará fim a toda forma de discriminação ", avaliou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco.
Negras: as mais discriminadas
Para a diretora do Sindicato, Jô Araújo, as mulheres negras sofrem grande discriminação e recebem salários inferiores, mesmo quando comparadas as trabalhadoras brancas.
"Nós mulheres negras sabemos o quanto somos discriminadas na sociedade e as ações, leis e mobilização deve ter também um recorte racial para alcançarmos a igualdade salarial e de oportunidades plenos", disse Jô.
Númeris da Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que, no primeiro trimestre de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948, o que equivale a 48% do que os homens brancos ganham na média, 62% do que as mulheres brancas recebem e 80% do que os homens negros ganham.
Brasil desigual
O Brasil ocupa 117ª posição em ranking sobre igualdade salarial entre gêneros, o que confirma que há ainda muita luta para as mulheres brasileiras conquistarem a igualdade de gênero.
"Faz parte da campanha nacional da categoria a igualdade salarial e de direitos entre mulheres e homens, negros e brancos e para a comunidade LGBTQIA+. Não pode haver sociedade justa com discriminação e preconceito de qualquer espécie", concluiu Kátia.