Sábado, 08 Junho 2024 19:15
26ª CONFERÊNCIA NACIONAL

Acadêmico defende a regulação do sistema financeiro

Moisés Marques diz que abertura de fintechs sem fiscalização do BC pode gerar uma crise sistêmica do setor financeiro nacional
Moisés Marques lembrou que até o FMI disse que a expansão das fintechs sem regulamentação é um risco para todo o sistema financeiro Moisés Marques lembrou que até o FMI disse que a expansão das fintechs sem regulamentação é um risco para todo o sistema financeiro Foto: Contraf-CUT

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Na segunda palestra da mesa sobre a regulamentação do sistema financeiro, realizada no sábado (8), em São Paulo, na 26ª Conferência Nacional dos Bancários, o diretor acadêmico da Faculdade 28 de Agosto, doutor em Política Internacional, Moisés Marques, abriu sua participação dizendo que o Banco Central vem, nos últimos 40 anos, basicamente de 1980 até a crise econômica de 2008, reorganizando o sistema financeiro e para garantir a estabilidade monetária, desde a implementação do Plano Real em fevereiro de 1994. Lembrou que houve fechamento de bancos públicos [regionais] e privados, então o BC decidiu, com o tripe macroeconômico (superavit primário, câmbio flutuante e meta de inflação), que permanece ainda hoje como base da economia brasileira, tornou mais rígida regulamentação do setor financeiro.

A partir de 2013, com a entrada das fintechs, o BC começa a criar um processo menos rígido de regulação e até cria produtos, como o pix, abrindo o setor financeiro, alegando uma maior competitividade”, explicou. Citou o Nubank, que possui mais de 100 milhões de clientes nos EUA e América Latina e o banco XP, como inovações e soluções financeiras, mas não são bancos.

O Banco do Brasil, tem mais de 80 mil funcionárias e 74 milhões de clientes enquanto o Nubank, com apenas seis trabalhadores, tem mais de100 milhões de clientes”, comparou. Disse ainda que a XP já pratica o que poderá ser o modelo dos bancos num futuro breve, ou seja, funciona como uma espécie de corretor de seguros, oferecendo os melhores produtos dos bancos tradicionais, como Itaú Bradesco e Santander, por exemplo, para seus clientes.

Como agente autônomo, a XP não assume a responsabilidade por resultados negativos para os clientes”, explicou Moisés. Mostrou também que, em resposta, um relatório da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) revela que os bancos aumentaram em 21% os investimentos em tecnologia de 2023 a 2024, mais até do que em outros países.

Os bancos assumiram que pretendem terceirizar a mão de obra e com um modelo de trabalho híbrido, com tendência cada vez mais remota para elevar a produtividade e a qualidade de seus produtos e serviços na competitividade do mercado”, afirmou.

Moisés disse ainda que este afrouxamento na regulação de fintechs coloca em risco do sistema, mas que o BC “não está nem aí”.

Até o FMI [Fundo Monetário Internacional] alertou que é preciso regular estas instituições não bancárias, ante um risco sistêmico”, acrescentou.

Lembrou que todas as fintechs só serão reguladas daqui a muitos anos e que, na verdade, a regulação não é para valer para as fintechs.

Queixas dos clientes

O compromisso com o atendimento ao cliente também não é uma preocupação dos bancos digitais:

No ranking do BC, o líder de reclamações de clientes é o Intermaericano, seguido do BTG/Pan e do Pagbank Seguro. Dos dez primeiros com mais queixas 7 ou 8 são inovações financeiras”, questionou o economista. Criticou também as altas taxas de juros no consignado.

O Crefisa cobra 820% de taxa de juros ao ano, isso é agiotagem do pior tipo”, reclamou, destacando a importância do movimento sindical defender o fortalecimento da estrutura fiscalizadora do BC, com mais concursos públicos para impedir o risco de uma crise sistêmica do setor através da regulação do sistema financeiro.

 

 

 

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