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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Delegados e delegadas que representam a categoria bancária em todo o país lotaram o auditório para a abertura solene da 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.
A programação desta sexta-feira (7), no Hotel Holiday Inn, em São Paulo, é o ponta pé inicial de três dias de debates e deliberações que irão pautar a Campanha Salarial 2024. O evento debaterá grandes desafios da categoria, como a defesa dos empregos, a garantia de saúde dos trabalhadores e menos metas, o fortalecimento do papel social dos bancos públicos, a igualdade de oportunidades, a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho e a representação de todo o ramo financeiro frente às mudanças da empregabilidade no setor, impactada pelas novas tecnologias e as demissões.
O lema da Conferência este ano é “Futuro a Gente Faz Juntos”, uma sugestiva alusão à necessidade dos trabalhadores e do Brasil se unirem pela democracia, pelo resgate do desenvolvimento econômico, justiça social e igualdade de oportunidades.
A abertura solene começou com um vídeo que fala da trajetória de luta da categoria e os desafios em busca de novas formas de mobilização, ressaltando as conquistas do presentes e a necessidade de avançar ainda mais no futuro.
Solidariedade ao povo gaúcho
Em seguida, ocorreram as falas de representantes de centrais sindicais e correntes políticas que compõem o Comando Nacional dos Bancários.
Os participantes iniciaram a mesa prestando solidariedade aos bancários e bancárias do Rio Grande do Sul, vítimas de uma tragédia agravada pelo negacionismo de extrema-direita e o desmonte da estrutura do estado e afrouxamento das regras de proteção do meio ambiente.
Categoria é referência
Rodrigo Lopes Britto, presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec Centro-Norte) e representante da Articulação Bancária, começou sua fala destacando as conquistas da categoria até os dias atuais, o que torna os bancários referência para todas as demais categorias de trabalhadores.
“Os bancários e bancárias conquistaram algo inédito [ uma convenção coletiva com cobertura em nível nacional] que serve de exemplo às demais categorias, o que resulta em ataques que recebemos do sistema financeiro, tentando retirar nossos direitos”, disse.
“Eles [ os banqueiros] são aqueles que estão dia a dia enviando projetos no Congresso Nacional para fragilizar a categoria e todos os trabalhadores, como fizeram com a reforma trabalhista precarizando o trabalho e a reforma que tentou acabar com a nossa Previdência Social. Eles são aqueles que prenderam Lula para impedir sua vitória nas eleições de 2018 e que tentaram um golpe de estado”, destacou, lembrando dos atos golpistas do ano passado.
“Eles querem derrotar a categoria mais organizada criando outras categorias, com novas relações de contrato que, no passado, eram considerados fraudes trabalhistas, e conseguíamos derrotar na Justiça. Mas, com a reforma [feita por Temer] isto não é mais possível e por isso também, eles querem acabar com a Justiça do Trabalho”, afirmou Rodrigo, que focou ainda a importância da representação de todos os trabalhadores do ramo financeiro.
“No debate sobre emprego temos que discutir os 800 mil trabalhadores do ramo que não são bancários e precisam de representação sindical. Temos a responsabilidade de ter uma campanha vitoriosa nas ruas e nas redes, porque servimos de exemplo para o futuro de toda a classe trabalhadora, da democracia e de um país que pode ser uma potência mundial, através da soberania nacional.”, completou.
Lucros bilionários
Raimundo Suzart, presidente da CUT São Paulo, destacou a importância da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e a mobilização organizada dos trabalhadores. Ele enfatizou a necessidade de um acordo de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) que beneficie as economias locais e defendeu que, enquanto os banqueiros lucram bilhões, os trabalhadores precisam de uma CCT robusta para garantir seus direitos.
"Os bancos, diante de alta demanda, aumentam os juros; em tempos de crise, aumentam o risco, e temos observado lucros bilionários crescentes. Vocês são uma categoria com a capacidade de nos representar como uma grande referência para todo o Brasil. Os banqueiros se tornam bilionários a cada dia, portanto, precisamos de uma grande CCT que beneficie os trabalhadores”, afirmou Suzart.
Organização coletiva
Augusto Vasconcelos, representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Convenção Coletiva dos Trabalhadores bancários, assim como em todas as demais categorias do país, está passando por grandes ameaças, principalmente por conta da reforma trabalhista.
“A campanha salarial é de extrema importância para unificar a luta dos bancários e bancárias que se assemelham a maior parte da sociedade do país, que não é herdeira nem dona de banco, e sim assalariada, endividada ou desempregada”, avaliou.
Para Augusto, “com organização coletiva é possível vencer a concentração de renda e garantir vitórias em defesa da maioria da sociedade”.
Fortalecer a unidade
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, iniciou sua fala reforçando que um ponto em comum debatido nos congressos de bancos públicos e privados, que antecederam a Conferência, que é a importância da unidade da categoria bancária.
“Uma das partes importantes é começarmos a campanha nacional com nossa unidade fortalecida. Esse é e tem sido o segredo para o nosso sucesso em tempos de crise e ataques como já enfrentamos”, reforçou Neiva. Ela lembrou que esta será a primeira Campanha Nacional dos Bancários depois do golpe de 2016, sem o “desgoverno Temer e sem o governo do inominável”.
“Vivemos um período de tantos ataques e o que nos fez resistir foi o nosso fortalecimento e a nossa unidade”, disse ela.
A sindicalista defendeu ainda o amplo debate sobre a regulamentação do sistema financeiro nacional e o lucro gerado pelo setor e de como ela retorna para sociedade.
Neiva Ribeiro destacou ainda que é essencial a categoria usar as redes sociais a seu favor, ocupando o espaço para defender suas reivindicações e se contrapor ao discurso de ódio usados pelo extremismo de direita. “Vamos usar as redes sociais ao nosso favor, o futuro se constrói agora e o futuro se constrói juntos”, finalizou Neiva Ribeiro.
Importância das eleições
A presidenta da Contraf-CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), coordenadora do Comando Nacional e vice da CUT, Juvandia Moreira iniciou sua fala prestando solidariedade ao povo gaúcho e destacando a importância sas ações do movimento solidário dos sindicatos.
“Lula pegou um Brasil destruído, que havia voltado ao Mapa da Fome, que estava como 12ª economia do mundo e voltou a ser a 8ª, um pais que havia diminuído o estado, mínimo para o povo e máximo para os ricos”, criticou.
Juvandia acusou a política do presidente do Banco Central Campos Neto de transferir R$700 bilhões do orçamento público para os bancos, com o pagamento de juros da dívida, denunciando o que chama de boicote de Campos Neto ao desenvolvimento do Brasil.
Defendeu o combate às desigualdades e que as empresas e bancos públicos financiem o crescimento do Brasil, a qualidade de vida dos trabalhadores e o aumento de renda da população.
A presidenta da Contraf-CUT criticou também o que chamou de “genocídio” do governo de Israel contra o povo palestino. Em seguida, expressou sua confiança e otimismo em relação à capacidade de mobilização das categoria.
“Aqui está uma militância capaz de politizar a campanha nacional, se apropriando da politica e reconstruindo o Brasil. Temos obrigação de dizer à categoria que temos de eleger nessas eleições municipais, candidatos compromissados com os trabalhadores e com o crescimento do país e a justiça social”, acrescentou, dizendo ainda que os bancários e bancárias não podem deixar que a pauta do sistema financeiro monopolize a política nacional.
“Temos que debater o Brasil e eleger candidatos da classe trabalhadora que estão concorrendo nestas eleições em situação desigual contra as elites que se apropriam da riqueza do país e não deixam nada para 99% da população brasileira”, disse, cobrando responsabilidade social do sistema financeiro.
“Vamos sair daqui com uma pauta, uma minuta. Eu acredito na nossa unidade, na nossa campanha. O futuro se faz juntos”, destacou Juvandia, citando o slogan da Conferência e abrindo oficialmente a campanha salarial 2024.