Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Começou na manhã desta quinta-feira (6), em São Paulo, os Encontros Nacionais dos trabalhadores de Bancos Privados. 

Uma das maiores preocupações dos bancários e bancárias do setor é o processo de reestruturação que promove o fechamento de agências físicas e demissões, situação comum que atinge funcionários do Itaú, Bradesco, Santander e demais instituições financeiras. 

O sistema financeiro nacional avança rápido no processo de digitalização das operações bancárias em função da concorrência com os bancos estrangeiros, 100% digitais, e as fintechs. O processo tem resultado na redução de bancários no Ramo Financeiro e o aumento de outras formas de contratação, como a de TIs (Técnicos da Informação), correspondentes bancários e até terceirizados Neste último caso, a situação mais grave ocorre no Santander, acusado pelo movimento sindical de contratação fraudulenta, usando bancários contratados para trabalharem em empresas terceirizadas do próprio grupo espanhol. 

"Em função destas tendências com consequências devastadoras para o emprego bancário é que precisamos acelerar o processo de representação de todo o Ramo Financeiro para fortalecemos a organização de luta envolvendo todos os trabalhadores do setor", afirmou o diretor executivo da Secretaria de Bancos Privados do Sindicato dos Bancários do Rio, Geraldo Ferraz.  

Categoria adoecida 

O adoecimento cada vez maior de bancários e bancárias causado pelo modelo de gestão que impõe metas desumanas é outra preocupação dos trabalhadores do setor financeiro que estará entre as prioridades do Encontro de Bancos Privados de hoje e também da 26ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, que começa nesta sexta-feira (7) e vai até domingo (9), também em São Paulo.

Um estudo, realizado pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em março deste ano, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB), revelou que 80 % dos trabalhadores do ramo tiveram ao menos um problema de saúde relacionado ao trabalho nos últimos 12 meses, sendo quase metade dos casos, com acompanhamento psiquiátrico. Aa doenças psíquicas começam a superar as LER-Dorts (Lesões por Esforço Repetitivo), que durante décadas liderou as doenças ocupacionais na categoria.  

"Este modelo de gestão de metas na base da pressão, do assédio moral, da humilhação e ameaças de demissão não pode continuar, pois inclusive, além de utilizar práticas desumanas, não é producente. Queremos mais saúde e menos metas", relatou Geraldo.

Mobilização é a saída

O presidente do Sindicato do Rio José Ferreira destacou a importância da participação de toda a categoria nas atividades de mobilização da Campanha Salarial 2024.

"Só conseguiremos frear este processo de demissões e garantir mais saúde e melhores condições de trabalho com a participação dos bancários e bancárias na campanha salarial. Temos que associar aqueles trabalhadores que ainda não são sindicalizados e intensificar a nossa unidade e mobilização ", ressaltou. 

Confira abaixo a programação dos encontros do Itaú, Santander e Bradesco.