Terça, 04 Junho 2024 22:09

Abertura dos congressos de bancos públicos mostra força da Campanha Nacional dos Bancários-2024

Bancários de todo o país lotaram o auditório na abertura conjunta dos congressos de bancos públicos. Foto: Contraf-CUT. Bancários de todo o país lotaram o auditório na abertura conjunta dos congressos de bancos públicos. Foto: Contraf-CUT.

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Imprensa SeebRio

A abertura conjunta dos congressos de funcionários de bancos públicos, nesta terça-feira (4/6), lotou o auditório de um grande hotel de São Paulo, sendo um sinal da força que terá a Campanha Nacional dos Bancários deste ano. À exceção do Rio Grande do Sul – devido à tragédia que se abateu sobre a população do estado – estiveram presentes representantes dos empregados de bancos públicos de todo o país.

Participaram da solenidade, dirigentes das centrais sindicais, entre elas a CUT, CTB e Intersindical, além de entidades sindicais, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa (Fenae), federações e sindicatos bancários e das comissões de funcionários de cada banco – como a da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste.

Campanha nacional – Os participantes da mesa de abertura foram unânimes em destacar que a maior força da campanha bancária é a organização nacional da categoria, além da unidade de empregados de bancos públicos e privados e a negociação em mesa única com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), dos itens da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Este formato, com um Comando Nacional na negociação com os bancos e na coordenação das mobilizações em cada cidade, garante a unidade que fortalece a pressão para que as negociações com os bancos avancem.

Minutas específicas – Nos congressos de funcionários de bancos públicos serão aprovados os itens das minutas específicas a serem negociadas separadamente para o avanço das cláusulas dos acordos de trabalho. Também serão discutidos os itens da minuta da CCT, a ser aprovada na Conferência Nacional dos Bancários, no fim de semana. Já o 34º Congresso Nacional dos Funcionários do BB e o 39º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), a serem realizados nesta quinta e sexta-feira, aprovarão as minutas específicas.

Defesa dos bancos públicos – A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, ressaltou que os congressos de bancos públicos não estarão debatendo apenas os itens das minutas dos acordos específicos e da CCT, mas também a defesa destes bancos, que não foram privatizados pelos governos Temer e Bolsonaro, devido à resistência do movimento sindical e de amplos setores da sociedade.

“Derrotamos Bolsonaro e elegemos Lula. Mas é preciso defender a democracia e avançar para reduzir a desigualdade social, investir no crescimento econômico e na distribuição de renda, o que só será possível de realizar com os bancos públicos exercendo o seu importante papel social de implementador destas políticas voltadas para a população”, afirmou a dirigente bancária.

“Estamos hoje aqui dando uma demonstração da força e da unidade da nossa categoria o que é essencial para lutar por mais direitos nas ruas e na mesa única de negociação, uma conquista importante que só a nossa categoria garantiu”, lembrou. Sergio Takemoto, presidente da Fenae, e Rafael de Castro, da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE), frisaram que na negociação com o banco um dos principais temas será acabar com o teto do estatuto para o plano Saúde Caixa.

Para Takemoto, na campanha tem que se dialogar com a sociedade e lembrar da importância dos bancos públicos na vida da população. “Isso fica mais evidente em momentos de grande dificuldade, como foi o caso da pandemia, com os empregados da Caixa pagando auxílio-emergencial, mesmo arriscando a vida e, agora, liberando recursos, como parte do esforço do governo Lula, para a população do Rio Grande do Sul, atingida pelas chuvas e enchentes”, ressaltou.

Independência – Emanuel Souza de Jesus, bancário e representante da central sindical CTB, disse que apesar do movimento sindical ter sido fundamental na eleição de Lula, nas lutas da categoria tem que mostrar independência. Porém, acrescentou ser fundamental que a campanha dialogue com a população sobre a necessidade de eleger parlamentares comprometidos com os trabalhadores. “Não adianta eleger um governo popular e ter um parlamento, seja federal, estadual ou municipal, que age segundo os interesses dos bancos e demais empresas para retirar direitos”, exemplificou.

Raymundo Suzart, presidente da CUT de São Paulo, disse orgulhar-se muito de ter uma categoria como a bancária, única que conquistou uma Convenção Coletiva Nacional, válida para os trabalhadores de todos os bancos. “Isto permite fazer uma campanha com muito mais pressão. A Federação Única dos Petroleiros, a FUP, tem uma convenção nacional, que, no entanto, é válida somente para os empregados da Petrobrás”, comparou.

Ameaça da extrema-direita – O dirigente cutista fez questão de lembrar que se o golpe bolsonarista, tentado em 8 de janeiro, tivesse dado certo, não haveria sequer o congresso de bancos públicos e a conferência nacional bancária. “Vencemos esta batalha, mas a extrema-direita está presente em todo o mundo, com Trump, nos Estados Unidos, Milei na Argentina, e Netanyahu no genocídio que devemos repudiar, contra a população civil palestina”, disse. Avaliou que Bolsonaro foi derrotado, mas que é preciso defender a democracia porque o bolsonarismo continua existindo.

Saúde bancária – Rita Lima, da Central Intersindical, disse que a defesa da saúde é uma das prioridades desta campanha. “O adoecimento causado pelas metas, também acontece nos bancos públicos. Isto tem que mudar, precisa haver uma gestão que se preocupe com isto, uma gestão de banco público, porque o que estamos verificando é que existe uma preocupação somente com o lucro”, denunciou.

Tatiana Oliveira, da Comissão de Funcionários do Banco da Amazônia e da força política CSD, defendeu que um dos pontos centrais desta campanha seja a inclusão de todos os trabalhadores do ramo financeiro, na CCT. “É preciso ampliar a nossa representação para que estes companheiros que também fazem trabalho bancário sejam por nós representados”, afirmou.

Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, entidade anfitriã dos congressos e da conferência, disse que a defesa dos bancos públicos é uma luta que tem que continuar. “Impedimos com a nossa luta que fossem privatizados nos governos Temer e Bolsonaro. Agora temos que cobrar que exerçam seu papel de bancos sociais voltados para a sociedade e respeitando os funcionários”, disse.

Rodrigo Brito, representante da corrente política Articulação Sindical, frisou que a unidade da categoria bancária garantiu a conquista de inúmeras vitórias, citando a CCT que completou 20 anos. “Com ela garantimos mais de 1/3 de aumento salarial, entre outras inúmeras conquistas”, disse.

Retomada dos investimentos – Integrante da Comissão dos Funcionários do BB (CEBB), Fernanda Lopes avaliou que a campanha acontece num contexto histórico importante de retomada da democracia, com a derrota de um projeto golpista e de desmonte do Estado, das empresas públicas e de direitos dos trabalhadores. “Nosso compromisso que deve ficar explícito nesta campanha é para que haja a retomada dos investimentos públicos, também através dos bancos públicos, e a cobrança de melhores condições de trabalho, para que estes bancos não visem somente o lucro”, afirmou.

Artur Koblitz da Comissão de Empregados do BNDES agradeceu ao Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e à Contraf-CUT, pelo apoio às lutas contra o desmonte do banco e em defesa dos direitos dos funcionários. Fez questão de citar os nomes da presidenta da Contraf-CUT Juvandia Moreira, do vice-presidente da Contraf-CUT, Vinícius de Assumpção, do presidente do Sindicato, José Ferreira, do integrante da CEE, Rogério Campanate e da ex-presidente da entidade, Fernanda Carísio.

 

 

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