Sexta, 19 Abril 2024 16:57

Dados do IBGE mostram que abismo da desigualdade social persiste no Brasil

Números revelam que minoria mais rica da sociedade teve maiores índices de aumento nos rendimentos do que as massas mais pobres
A pandemia da covid-19 é políticas neoliberais agravam a crise econômica e aumentaram a miséria e à desigualdade social no Brasil A pandemia da covid-19 é políticas neoliberais agravam a crise econômica e aumentaram a miséria e à desigualdade social no Brasil Wilson Dias/Agência Brasil

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio 

Apesar da boa notícia de que o rendimento médio mensal no Brasil subiu 11,5% em 2023, passando de R$ 1.658 para R$ 1.848, persiste ainda no país, um abismo de desigualdade social e concentração de renda, com uma diferença de uma minoria mais rica em relação aos mais pobres, sem precedentes no mundo capitalista. 

O grupo dos 1% mais ricos do Brasil tem um rendimento médio mensal 39,2 vezes maior que os 40% com os menores rendimentos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19).

Aumento maior para ricos

O rendimento médio mensal real domiciliar per capita — ou seja, a renda média de um domicílio dividida pelas pessoas que lá habitam — do 1% mais rico foi de R$ 20.664 em 2023, o que representa um aumento de 13,2% em relação ao valor observado em 2022 (R$ 18.257).

Já o rendimento médio mensal dos 40% mais pobres foi de, em média, R$ 527 no ano passado, uma elevação de 12,6% em relação ao número registrado em 2022 (R$ 468), índice inferior ao da parcela mais abastada da população. 

Políticas compensatórias 

Os números mostram que, apesar de programas sociais e políticas compensatórias, como o Bolsa Família diminuirem a desigualdade, eles por si só ainda não conseguem impedir o abismo social que separa uma minoria mais rica das grandes massas de pobreza no país. 

Modelo econômico 

Os 10% da população com os maiores rendimentos (média mensal de R$ 7.580 em 2023) tiveram uma alta de 12,4%. Esse valor é 14,4 vezes maior que os 40% mais pobres. 

"Os números do IBGE mostram que ainda estamos muito longe de alcançar uma sociedade mais justa e que apenas programas sociais não solucionam a abissal desigualdade no Brasil. É preciso mudar este modelo econômico que enriquece cada vez mais os bancos e os exportadores de commodities e não prioriza a pequena e média produção nacional voltada para o consumo das famílias e muito menos a valorização do trabalho", disse a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio, Kátia Branco.

"As limitações orçamentárias impostas pela lógica neoliberal e a política de restrições fiscais para o país pagar metade do que arrecada em juros da dívida pública aos bancos impede o Brasil de alcançar um desenvolvimento econômico sustentável. É preciso também fazer o que todo o mundo desenvolvido pratica há anos, que é uma tributação progressiva justa, onde os mais ricos pagam proporcionalmente mais impostos do que os pobres, a classe média e a produção. Estamos na contramão do mundo. E o povo precisa compreender isso e cobrar do governo e principalmente do Congresso Nacional reformas que acabem com estas distorções e injustiças", concluiu Kátia.

Dados do relatório da Oxfam, organização sem fins lucrativos que visa combater as desigualdades no mundo, mostram que 63% da riqueza do Brasil está nas mãos de 1% da população.

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