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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL) e candidato a vice-presidente derrotado nas eleições de 2022 na fracassada tentativa reeleição do ex-presidente do país, general Braga Neto, ao ser apontado como responsável pela nomeação do delegado Rivaldo Barbosa para a chefia da Polícia Civil do Rio de Janeiro na época da intervenção na segurança pública do Estado, no governo Michel Temer (MDB), declarou que apenas “assinou “por questões burocráticas” a nomeação de Rivaldo e jogou a responsabilidade para o também general Richard Nunes, secretário de segurança pública naquele período, mas que também havia sido nomeado pelo próprio Braga Neto.
O ex-chefe da Polícia Civil agora é acusado pelas investigações da Polícia Federal de ter encobertado os suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão.
Nas mãos das milícias
As investigações da PF não chegaram ao seu final. Mas fica evidente que havia uma ação da estrutura e do comando da polícia estadual para não elucidar o caso, tanto que em quatro anos foram cinco delegados colocados para assumir as investigações, que não andavam.
Não fora a decisão do governo Lula de investigar para valer o caso, através da Polícia Federal, talvez o Brasil continuasse sem saber quem mandou matar Marielle e Anderson Gomes, tamanho o comprometimento do aparato das polícias civil e militar do Rio de Janeiro com o crime organizado das milícias.
Política e crime organizado
Desde 2008, o delegado Rivaldo Barbosa é o quarto ex-chefe da corporação a ir para a cadeia e não são poucos os policiais do Rio acusados de pertencer ao crime organizado das milícias. O governador Claudio Claudio foi eleito com apoio das comunidades dominadas pelos milicianos. Não é de hoje também, que a família Bolsonaro tem estreitos laços com milicianos: o policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora do Psol morava no mesmo condomínio de Bolsonaro, o Vivendas da Barra. A filha de Ronie Lessa, namorou um dos filhos do ex-presidente, o caçula Jair Renan Bolsonaro. O cúmplice de Lessa na execução, o ex-PM Élcio de Vieira Queiroz, publicou uma imagem em que aparece lado a lado de Bolsonaro em 4 de outubro de 2018, às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial. No dia 9 de julho de 2022., João Vitor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e esposa do deputado federal Chiquinho Brazão (Avante-RJ), receberam do Itamaraty, no governo Bolsonaro, o passaporte diplomático.
O miliciano Adriano da Nóbrega, ex-oficial do Bope, apontado como chefe da organização criminosa “Escritório do Crime” e assassinado em 2020 (queima de arquivo), após uma operação policial que tentava capturá-lo na Bahia, depois de um ano foragido, também era próximo à clã Bolsonaro. Flávio Bolsonaro empregou a mãe e a esposa do miliciano. A rachadinha de Flávio Bolsonaro teria ainda, financiado a construção ilegal de prédios erguidos pela milícia usando dinheiro público, segundo documentos sigilosos e dados levantados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.
É um desafio para a sociedade civil e o povo do Rio de Janeiro saber como sair dessa. Para começar é preciso eleger candidatos comprometidos com a classe trabalhadora e não com o crime organizado, seja da milícia, seja do tráfico de drogas. Até porque, em muitos casos, ambos operam juntos no domínio dos territórios.