Segunda, 11 Março 2024 18:33

Regime militar gerou crise econômica, desemprego e a maior inflação da história

NÃO DEIXOU SAUDADES - Após 21 anos de ditadura militar,  o governo do general João Figueiredo entregou o país com sua mais grave crise econômica e que resultou na maior explosão inflacionária da história NÃO DEIXOU SAUDADES - Após 21 anos de ditadura militar, o governo do general João Figueiredo entregou o país com sua mais grave crise econômica e que resultou na maior explosão inflacionária da história

Você já deve ter ouvido alguém dizer que, na época do regime militar "a vida da população era melhor". Esta é mais uma das mistificações criadas por quem defende a ditadura, pede a volta dos militares ao poder e tem desprezo pela democracia.
A realidade foi bem diferente e muito dura para o trabalhador. Após um curto período de desenvolvimento do Brasil (de 1969 a 1973), o povo penou para sobreviver ante uma das mais graves crises da história do país durante a ditadura que durou de 1964 a 1985.
Em 1977 a inflação começou a disparar, chegando a 40% ao ano. Só para se ter uma ideia da explosão inflacionária, naquele período, nos últimos 12 meses do governo Lula o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) é de 4.51% ao ano.

Militares culpavam o povo

O pior é que, num governo autoritário, em que protestos de trabalhadores e críticas ao regime eram recebidos com censura, cacetete, prisões e até tortura, a população e a imprensa não podiam reclamar e o governo fazia campanhas publicitárias na TV e no rádio, culpando os consumidores e os comerciantes pela crise e a inflação.
Em um dos anúncios, o locutor dizia que "o custo de vida é culpa de quem compra e de quem vende". Em outra propaganda, os clientes eram estimulados "a trocar o tomate caro por um pepino".
Eram os generais que comandavam o governo com "mão de ferro", jogando para a população a responsabilidade por políticas econômicas desastradas, culpando consumidores e comerciantes pela crise.
Em vez de criar políticas públicas eficientes, os militares usavam propagandas para pedir sacrifícios à população no enfrentamento da crise, logo depois do chamado "milagre econômico", breve período em que a economia cresceu, mas com mais concentração de renda e elevando a desigualdade social. "Você está vendo tomates com cor de tomates, com jeito de tomates. Mas o preço não é de tomates. É caro! Caríssimo, se você comprar. Porque se você não comprar, o preço vai ter que diminuir", dizia a peça publicitária lançada pela ditadura na época.
"Culpa de quem compra e de quem vende", dizia a campanha na mídia.

Queda dos salários

Segundo o professor de história Lucas Pedretti, de 1964 a 1985, o salário mínimo no Brasil caiu 50% em valores ajustados pela inflação. É verdade que no início do regime militar, o PIB (Produto Interno Bruto) teve o seu maior crescimento, no entanto, grande parte deste desempenho só foi possível através da tomada de empréstimos em instituições financeiras internacionais.

Explosão da dívida

Com o passar do tempo, veio a conta para o povo pagar através de "pacotes econômicos" que elevavam o sacrifício da população e faziam crescer a miséria e a fome no país.Uma outra campanha publicitária da época cobrava dos consumidores o racionamento de gasolina, limitando o uso de carro ante a crise Internacional do petróleo.
Em 1979, a crise do petróleo agravou a situação e a dívida externa brasileira explodiu, saltando de US$ 12,5 bilhões para US$ 50 bilhões, quase dobrando em seguida (US$ 96 bilhões).

Fatos e fakes

O último governo militar, do general João Batista de Figueiredo, deixou a pior das heranças após 21 anos de ditadura militar: uma inflação de 242%. Após a morte do presidente Tancredo Neves, eleito por um colégio eleitoral do Congresso Nacional, já que os militares e os parlamentares alinhados ao regime rejeitaram as eleições diretas para presidente da República, assumiu o governo o vice, José Sarney, que embora fosse civil, fez sua carreira na ditadura e foi governador indicado pelos militares.
Após cinco anos, o governo Sarney e os 21 anos de ditadura deixaram uma crise sem precedentes e a maior inflação da história: 1.973% ao ano. A normalidade cambial e inflacionária só retornou no governo de Itamar Franco, através do Plano Real.
Itamar havia assumido o governo após o impeachment do primeiro presidente eleito pelo voto direto em 1989, Fernando Collor de Melo, que havia derrotado Lula no segundo turno.
Portanto, quando alguém te falar que "na época do regime militar a vida era melhor", lembre-se destes fatos históricos. Além de derrubar o governo democrático de João Goulart e implantar uma cruel ditadura militar de 21 anos, os generais levaram o Brasil a maior crise inflacionária e econômica de sua história. Estes são os fatos. O resto é fake.

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