Segunda, 04 Março 2024 19:28
DITADURA NUNCA MAIS

Regime militar prendeu, torturou e matou trabalhadores, inclusive bancários

Aluízio Palhano, bancário e sindicalista: preso, torturado e morto pela ditadura militar por sua luta contra o regime e  em defesa da democracia e dos trabalhadores Aluízio Palhano, bancário e sindicalista: preso, torturado e morto pela ditadura militar por sua luta contra o regime e em defesa da democracia e dos trabalhadores

A partir desta edição, até o dia 1º de abril, o Jornal Bancário do Rio de Janeiro publica uma série de matérias desmistificando argumentos sem nenhuma fundamentação histórica, de quem ainda hoje alega que “o Brasil era melhor na ditadura militar”. Vamos mostrar o que, de fato, ocorreu neste período sangrento da nossa história.

Bancário assassinado

A ditadura militar, que derrubou o governo democrático de João Goulart, em 31 de março de 1964, prendeu, torturou e assassinou o bancário e ex-presidente do Sindicato Aluízio Palhano, funcionário do Banco do Brasil desde 1942. Foi presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro por dois mandatos consecutivos, liderou em 1961 a greve geral da categoria em defesa de aumento salarial e do 13º salário. Em agosto de 1963, elegeu-se presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Crédito (antiga Contec), associação sindical de âmbito nacional criada em julho de 1958. Participou das campanhas reivindicatórias e em defesa das reformas de base do governo de João Goulart (1961-1964).
Após do exílio no exterior retornou e participou da resistência armada contra a ditadura, tendo sido preso no dia 9 de maio do ano seguinte em São Paulo. Foi torturado nas dependências do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) e transferido uma semana depois para o Departamento de Operações Internas do Centro de Operações para a Defesa Interna (DOI-CODI) de São Paulo, órgão do II Exército onde após novas torturas, veio a falecer no dia 21 de maio de 1971, aos 49 anos de idade. No entanto, o bancário foi dado oficialmente como “desaparecido”, versão comum utilizada pelos militares para tentar ocultar as torturas e assassinatos realizados durante os 20 anos de regime ditatorial. Somente 47 anos depois, o dirigente sindical bancário teve suas ossadas e restos mortais identificados no dia 3 de dezembro de 2018, pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), do Ministério dos Direitos Humanos (MDH), durante o governo Dilma Rousseff.

Importância da democracia

Para o presidente do Sindicato José Ferreira, resgatar a história daquele período sangrento é relevante para hoje a sociedade estar atenta e defender a democracia.
“Palhano foi mais um entre tantos brasileiros e brasileiras que, por se opor à ditadura, foram mortos, quando não, presos e torturados. Como foi com o ex-presidente do Sindicato, poderia ser com você, bancário e bancária, se no país um novo golpe tivesse se consolidado em nossos tempos”, disse Ferreira.

Mídia