Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Com informações da Contraf-CUT

O setor bancário extinguiu 6.315 postos de trabalho em 2023. No ano, os bancos admitiram 36.142 bancários, mas demitiram 42.457. Os números são do levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado na sexta-feira (9) e revelam que em 11 dos 12 meses do ano passado houve saldo negativo de empregos no setor. O mês de outubro foi o único com saldo positivo,  com 271 postos de trabalho.  

Vilões da economia 

O setor financeiro segue na contramão dos sinais de retomada da geração de empregos garantidos pelos chamados setores produtivos, cujo mercado de trabalho formal em geral empregou mais 1.483.598 pessoas no mesmo período. 

"É preciso ressaltar também que, além de extinguir empregos em massa, os bancos são os vilões pelo fato de a economia brasileira ainda não ter dado um salto para um desenvolvimento sustentável em função dos juros praticados pelo cartel no sistema financeiro, um dos maiores do mundo", afirmou o diretor executivo da Secretaria de Bancos Privados do Sindicato do Rio,  Geraldo Ferraz. 

Sindicato luta pelo emprego

O presidente da entidade, José Ferreira, lembra que o Sindicato tem lutado incessantemente em defesa do emprego da categoria, reintegrando trabalhadores dispensados irregularmente através de ações de antecipação de tutela através de seu Departamento Jurídico e realizando protestos para denunciar à opinião pública, as práticas cruéis dos bancos. Ele destaca ainda que as demissões prejudicam também a população, especialmente os mais idosos que têm mais dificuldade de se adaptar às operações financeiras feitas pelos clientes através de sistemas digitais dos aplicativos. 

"As dispensas feitas pelos bancos têm afetado diretamente os setores de atividades tipicamente bancárias. Do saldo negativo de 4.601 vagas no ano passado,  1.129 foram na área administrativa e 408 no atendimento ao público,  conforme aponta o levantamento feito pelo Dieese", acrescentou Ferreira.

Deste total, há ainda 242 postos extintos na área de tecnologia da informação. 

Gerentes afetados

As ocupações de nível gerencial estão entre as mais afetadas. Dentre as dez principais ocupações com maiores saldos negativos, cinco são do nível gerencial, com destaque para Gerente de Contas – Pessoa Física e Jurídica - que perdeu 2.954 postos de trabalho.

Estados mais atingidos 

Os estados mais atingidos pela eliminação de postos de trabalho nos bancos foram, respectivamente, São Paulo (-4.220 vagas), Rio de Janeiro (-1.156 vagas) e Minas Gerais (-855 vagas). Já os estados onde ocorreu maior abertura de vagas foram Rio Grande do Sul (+289 vagas), Bahia (+84 vagas) e Sergipe (+78 vagas).

Mulheres discriminadas

A categoria é composta por 48% de mulheres, porcentagem que vem sendo reduzida devido à menor contração de bancárias. Do total de contratados em 2023, 54,3% são homens. Na área de tecnologia da informação este percentual é ainda mais desigual, sendo 75,7% dos admitidos do sexo masculino. Em seu estudo, o Dieese lembra que a menor presença de mulheres em ocupações desta área tem sido alvo de discussão nas negociações da Mesa de Igualdade de Oportunidade.

"É visível que as mulheres continuam sendo discriminadas no mercado de trabalho bancário, tanto no número de contratações quanto na dificuldade maior para ascensão profissional nos bancos. Este certamente precisa ser um dos temas prioritários da campanha salarial deste ano", avalia a vice-presidenta do Sindicato do Rio, Kátia Branco.  

 Em relação à faixa etária, há saldo positivo para as faixas etárias até 29 anos (+7.628 vagas) e negativa para faixas a partir de 30 anos (-13.943 vagas).

 Luta contra o racismo

A boa notícia é que, em 2023, o saldo para pessoas pretas e pardas foi positivo em 1.317 vagas.

"É um sinal importante o saldo positivo em relação ao emprego de pretos e pardos, incluindo mulheres e isto é fruto da luta nacional da categoria contra o racismo no mercado de trabalho. Mas há ainda muito o que avançar. Negros e negras não conseguem ocupar os cargos de comando e consequentemente possuem uma renda média bem inferior aos bancários de raça branca", disse o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT,  Almir Aguiar. 

Média salarial menor

O estudo do Dieese reafirma também a velha estratégia dos bancos de demitir trabalhadores mais antigos e contratar novos para reduzir custos com mão de obra e elevar ainda mais seus lucros. O salário mensal médio de um bancário admitido em dezembro de 2023 foi de R$ 6.174,35, enquanto o do desligado foi de R$ 7.845,89. Isto é, o salário médio do admitido correspondeu a 78,7% do desligado.

Confira, na íntegra, a pesquisa sobre emprego bancário feita pelo Dieese clicando no link abaixo:

https://contrafcut.com.br/wp-content/uploads/2024/02/peb-30-resultados-2023.pdf