Terça, 30 Janeiro 2024 17:54

Bancos lucram muito, vão lucrar mais, mesmo assim demitem

Sindicato ampliará protestos e denúncias aos clientes sobre os lucros dos bancos e demissões. Foto: Nando Neves. Sindicato ampliará protestos e denúncias aos clientes sobre os lucros dos bancos e demissões. Foto: Nando Neves.

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Imprensa SeebRio

Quem assiste tevê ou lê jornais chega a ficar com pena dos grandes bancos com negócios no Brasil. Falando dos resultados que virão nos balanços de 2023 a serem divulgados em breve, a mídia os divide entre aqueles que ‘se recuperam’ dos resultados (lucros bilionários) e os ‘que devem brilhar’. Como se algum deles estivesse em grandes dificuldades.

Só para que se tenha uma ideia de como o sistema financeiro é uma ilha de prosperidade em meio às graves dificuldades dos vários setores da economia e dos trabalhadores, os lucros dos quatro grandes – Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander – somados, não para de crescer desde 2017, exceção feita ao ano de 2020 por conta da pandemia e da política recessiva do governo anterior. Pegando o resultado do terceiro trimestre, em 2017 a soma dos lucros destes grandões foi de R$ 16,4 bilhões; em 2018, R$ 18,4 bilhões; em 2019, R$ 21,9 bilhões; tendo uma queda em 2020, para R$ 17,4 bilhões; voltando a disparar em 2021 para R$ 23 bilhões; sendo de R$ 24, 8 bilhões, em 2022; e de R$ 25, 2 bilhões no terceiro trimestre de 2023. O lucro da Caixa no terceiro trimestre foi de R$ 3,2 bilhões, um crescimento expressivo: 25,5%.

Agora se espera para breve a divulgação dos balanços de 2023: o Santander deve fazer isto em 31 de janeiro; o Itaú, em 5 de fevereiro; o Bradesco, em 7 de fevereiro; e o Banco do Brasil, em 8 de fevereiro. A estimativa do próprio mercado financeiro, cujos economistas são os únicos ouvidos pela mídia, é de que os bancos, de forma geral, tenham um resultado muito positivo no quarto trimestre de 2023, e o Banco do Brasil e o Itaú devem fechar o ano com recorde histórico de lucros.

Demissões

Mesmo com lucros expressivos os bancos continuam demitindo. No caso dos funcionários, o constante medo de demissões se justifica pelos números. No intervalo de 10 anos, entre 2012 e 2021, foram extintas 70.275 vagas de bancários. À medida que o número encolhia, outras categorias do ramo financeiro, como terceirizados, registraram aumento de 60,4% entre 2012 e 2021: 215.542 novos vínculos de trabalho. Vínculos esses mais precarizados, com menos direitos trabalhistas, menos força enquanto categoria e mais exploração por parte dos bancos.

PLR

A categoria bancária terá a segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) paga ainda no primeiro semestre deste ano, como prevê a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A verba é uma conquista histórica, fruto de muitas greves, e é válida de norte a Sul do Brasil.

As regras atuais da PLR foram definidas na Campanha Nacional de 2022, quando foi consolidada a CCT dos Bancários, com validade para dois anos.   A “primeira parcela” foi, na verdade, a antecipação feita entre agosto e setembro do ano passado, a pedido do movimento sindical.

O pagamento da segunda parcela segue o seguinte calendário:

Bancários e bancárias dos bancos privados: até 1º de março;

Empregados e empregadas da Caixa: até 31 de março;

Funcionárias e funcionários do Banco do Brasil: até 10 dias úteis após distribuição dos dividendos ou Juros sobre Capital Próprio (JCP) aos acionistas.

Conquista histórica

A categoria bancária foi a primeira a conquistar a PLR prevista na CCT, em 1995. Desde então, a premiação vem sendo aprimorada em diversas negociações com os bancos, como também pela legislação. Entre os destaques, estão o valor adicional (2007) e a isenção do Imposto de Renda sobre o benefício até determinado valor (2013).

A conquista da PLR na CCT, ocorreu em 1995, e a consolidação do benefício ao longo dos anos são resultado da negociação coletiva, não foi um presente dos bancos, mas uma conquista das bancárias e bancários, com muita luta.

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