Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Trabalhadores e trabalhadoras voltam a realizar na próxima terça-feira (12), mais um protesto nacional contra a política de juros altos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Apesar de sinais da redução inflacionária e de melhora no desempenho da economia, o Brasil ainda tem um dos maiores juros do mundo. A data escolhida não foi ao acaso, pois neste mesmo dia, o Copom (Comitê de Políticas Monetárias), do BC, inicia a última reunião para definir a Selic, a taxa básica de juros do pais.
“Nossa campanha é por emprego e renda, porque a Selic elevadíssima reflete nas taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras no crédito, o que prejudica o investimento produtivo, atrapalha a economia e encarece a vida de todos nós. Além disso, aumenta a dívida do Estado brasileiro com o pagamento de juros dos títulos da dívida pública”, explica a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juvandia Moreira.

Sabotagem de Campos Neto

A campanha #JurosBaixosJá começou em fevereiro deste ano. Na época, a Selic estava sendo mantida em 13,75%, desde agosto de 2022, e seguiu nesse patamar até agosto deste ano.

Desde 2021, não é mais o governo federal quem define a política de juros no Brasil. A mudança foi implementada pelo então ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Guedes, e aprovada na época pela maioria do Congresso Nacional, de base conservadora.

“Mais do que opor convicção ideológica, Campos Neto, que trabalhou durante 15 anos para o Santander e foi indicado ao cargo por Paulo Guedes, mantém nosso país num dos mais altos patamares de juros do planeta, por pura sabotagem. Ele está impedindo uma retomada sustentável da economia porque está a serviço dos interesses especulativos do sistema financeiro à custa do sacrifício do povo brasileiro e do setor produtivo da economia”, criticou o vice-presidente da Contraf-CUT Vinícius de Assumpção.

Pressão popular

Economistas desenvolvimentistas acusam a atual política monetária da direção do BC de ser “contracionista”, que promove a desaceleração do PIB e do consumo.

“Não há BC ‘autônomo’. A instituição que define a Selic está nas mãos desse cartel dos bancos privados”, acrescentou Vinícius, que cobrou do governo federal, redução dos juros na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil.

A pressão popular levou Campos Neto a ter que explicar no Senado Federal, a manutenção dos juros altos, na época, em 13,75%. Em seguida, em agosto deste ano, o Copom deu início a um tímido ciclo de redução da taxa básica de juros de 0,50% a cada rodada do encontro, que ocorre a cada dois meses.

Na última reunião do comitê, realizado nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, a Selic alcançou o patamar de 12,25%, o menor nível desde março de 2022, ainda assim, muito alto em comparação com as melhores práticas internacionais das nações capitalistas mais desenvolvidas.

“Convocamos os bancários e bancárias e toda a sociedade a participarem deste protesto, que acontecerá em todo o país. É a pressão popular, nas ruas e nas redes sociais que pode mudar esta anomalia que impede o Brasil de crescer e gerar mais empregos e renda, disse o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio José Ferreira.

Onde serão os atos contra os juros no Brasil

– Brasília (DF): Setor Bancário Sul (SBS), Quadra 3 Bloco B – Ed. Sede. Brasília;
– Belém (PA): Boulevard Castilhos França, 708 – Campina;
– Belo Horizonte (MG): Av. Álvares Cabral, 1.605 – Santo Agostinho;
– Curitiba (PR): Av. Cândido de Abreu, 344 – Centro Cívico;
– Fortaleza (CE): Av. Heráclito Graça, 273 – Centro;
– Porto Alegre (RS): Rua 7 de Setembro, 586 – Centro;
– Rio de Janeiro (RJ): Av. Presidente Vargas, 730 – Centro;
– Salvador (BA): 1ª Avenida, 160 – Centro Administrativo da Bahia (CAB);
– São Paulo (SP): Av. Paulista, 1.804 – Bela Vista.