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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeeRio
É fato que as economias capitalistas precisam promover o consumo para se desenvolver e também gerar empregos. No entanto, diante da gravidade da crise climática, em que bancos e empresas inclusive gastam uma fortuna falando em sustentabilidade e proteção do meio ambiente, a Black Friday promove uma febre consumista de tal envergadura que obriga as indústrias a produzir muito mais, o que leva ao aumento do uso dos recursos naturais e mais poluição da atmosfera com um uso ainda maior de veículos e transportes públicos nas ruas, agravando o aquecimento global.
Tensão social no Brasil
No Brasil, diante de uma das mais perversas desigualdades sociais do mundo, a propaganda do consumismo desenfreado como lógica para “se alcançar a felicidade”, tem um outro agravante. Cria o desejo pelo fetiche mercadológico, massificado na mídia, em milhões de crianças, jovens e adolescentes, nas ruas dos grandes centros urbanos, em favelas e periferias. Sem dinheiro para adquirir os produtos da moda, como iphone e roupas de grife, a garotada pobre é impulsionada a adquirir seu sonho de consumo a qualquer custo. Não por acaso, no final de ano, há sempre um explícito crescimento no número de arrastões nas praias e vias públicas, resultando em aumento da violência, inclusive a policial, que mata pretos e pobres.
Nosso país tem outro agravante: com os maiores juros do planeta. Bancos e financeiras levam a população a um previsível endividamento que explode todo ano.
A contradição do capital
A grande mídia, por sua vez, comemora os números recordes nas vendas, com direito a avaliação de “especialistas”, levando capitalistas e especuladores ao êxtase por acumular ainda mais capital.
“As empresas e a imprensa adoram falar em preservação e meio ambiente e alertar sobre os riscos da crise climática, mas ao contrário do discurso, disseminam na prática o consumismo desenfreado, agravando a crise do clima no planeta. É preciso discutir um novo modelo de sociedade e de conceitos de felicidade. Este modelo atrelado ao ‘ter e logo jogar fora para comprar a última novidade’ torna a vida no planeta insustentável”, disse a diretora da Secretaria de Meio Ambiente do Sindicato dos Bancários do Rio, Cida Cruz.
"É preciso pensar, com urgência, em um modelo de desenvolvimento sustentável, pois a sociedade de consumo não tem futuro", opinou o diretor do Sindicato, Ronald Carvalhosa.