Segunda, 13 Novembro 2023 19:57

Basta de discriminação, violência e preconceito. Nenhuma criança nasce racista

Pelo fim do racismo estrutural, individual e institucional e em defesa das políticas públicas pela reparação e a igualdade de oportunidades
Almir Aguiar (segundo à esquerda) no VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no  Sistema Financeiro: enquanto houver racismo, não haverá democracia” Almir Aguiar (segundo à esquerda) no VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro: enquanto houver racismo, não haverá democracia”

O Brasil tem uma dívida histórica com a população negra. Entre os séculos 18 e 19, cerca de cinco milhões de negros e negras foram retirados de suas terras, no continente africano, por força e violência para exercerem trabalho escravo no Brasil, como se fossem mercadorias. As consequências estão ainda hoje, numa sociedade apartada e desigual, e como dizia o antropólogo e educador brasileiro Darcy Ribeiro, o povo, de maioria negra, explorado ainda em nossos dias “como carvão para queimar e gerar lucros para a Casa Grande, a burguesia brasileira, a mais egoísta, perversa e cruel do mundo”.

Mais negros nos bancos

O VII Fórum da Visibilidade Negra, realizado na sexta e sábado, dias 10 e 11 de novembro, em Porto Alegre, debateu, com a participação de acadêmicos, economistas, parlamentares e lideranças do movimento negro e de sindicatos, a necessidade de ocupação de espaços de poder pelos pretos e pretas, a ampliação de políticas públicas afirmativas e de acesso à educação, à saúde, ao mercado de trabalho e à ascensão profissional. “Queremos debater a contratação de negros e negras no sistema financeiro e em todo o mercado de trabalho. Enquanto houver racismo, não haverá democracia em nosso país”, disse Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
Foram aprovados no evento: Programa de incentivo fiscal às empresas que aderirem a um programa de inclusão racial corporativo; Criação de um protocolo de intenções entre o Ministério da Igualdade Racial, MEC e bancos públicos para promover a inclusão dos bolsistas do Prouni no programa de estágio; Debater junto aos bancos um novo Censo da Diversidade; Propor na mesa de negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a reserva de 30% das cotas raciais para contratação de empregados em bancos privados, a reserva de 30% das cotas raciais nos cargos de confiança dos bancos privados e propor um protocolo de intenções entre o Ministério da Igualdade Racial e bancos públicos para promover a reserva de 30% para cotas raciais dos cargos de confiança dos bancos públicos, atendendo o Decreto 11.443/2023.

Nova Lei de Cotas

A nova Lei de Cotas, programa que tem como pré-requisito a reserva de vagas para estudantes que vem de escolas públicas e estudantes negros, pardos, indígenas, quilombolas e com deficiência (PCDs), foi sancionada pelo presidente Lula, na última segunda-feira (13). 
“Que neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, possamos refletir que não basta apenas 'não ser racista', é preciso colocar a cara e combater o racismo. Este tem que ser um compromisso de toda a sociedade, de todas as raças e credos. Basta de racismo”, ressalta Almir.

Cota na Finep

A Finep publicou seu edital de concurso público, cujas inscrições começam no próximo dia 21, terça-feira. A novidade é que, além da cota de 20% para PCDs (Pessoas com Deficiência), a empresa, pela primeira na história, criou cota de 20% para pessoas negras.

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