Segunda, 30 Outubro 2023 19:29
OUTUBRO ROSA

Presidente do Sindicato critica queda de Rita Serrano e uso da Caixa como moeda de troca

José Ferreira, em entrevista ao Faixa Livre, fez críticas ao novo presidente da Caixa quando ele esteve à frente da Funcef, mas diz que sindicatos querem diálogo franco e aberto com a direção da empresa

Em entrevista ao programa Faixa Livre, transmitido pelo YouTube, na quinta-feira (26),o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira, fez uma avaliação sobre a decisão do governo federal de demitir Rita Serrano da presidência da Caixa Econômica Federal e colocar no lugar Carlos Antônio Vieira Fernandes, que, como sua antecessora, também é empregado de carreira e economista. O novo presidente do banco foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL) e pelos parlamentares do Centrão.

Preconceito contra mulher

Perguntado pelo jornalista Anderson Gomes, que criticou a entrega de cargos públicos ao fisiologismo do Centrão, Ferreira falou sobre a mudança feita pelo presidente Lula e lamentou o fato de que a decisão reduz a participação de mulheres no governo.
“A mudança concretizou um período de grande agonia, que culminou com a demissão de Rita Serrano do cargo. Tivemos a notícia que o presidente Lula só queria fazer essa mudança no ano que vem, mas alguns episódios e a pressão do Centrão acabaram apressando a mudança”, disse, lembrando que Rita fez entrega de resultados importantes e não merecia ser demitida do cargo, pois não lhe falta competência para a função.
O sindicalista denunciou ainda que Rita Serrano enfrentou muito preconceito e discriminação pelo fato de ser mulher, acusando que, por trás da pressão contra a presidenta da estatal, há um ranço de misoginia, defendendo uma maior participação das mulheres no governo e dizendo que nunca faltou competência a Rita Serrano.
“É preciso haver mudança na sociedade para garantir mais espaços para as mulheres e que o governo pense nisso nos próximos passos para que a gente tenha mais diversidade no governo”, acrescentou.

Moeda de troca

Para José Ferreira, há também um orquestramento por parte da sociedade de “querer taxar os trabalhadores como incompetentes para cargos públicos de direção”.
O dirigente sindical criticou também o uso da Caixa como moeda de troca para atender o apetite do Centrão por cargos no governo.
“O que a gente vê de longa data, infelizmente, é essa política do ‘toma lá da cá’ e essa legislatura como a pior da história, com a eleição de parlamentares de extrema-direita, que historicamente têm colocado todos os governos como reféns dessas forças políticas reacionárias”.
“A sociedade precisa refletir e votar melhor para o parlamento brasileiro”, cobrou.

O novo presidente

Em relação a Carlos Fernandes, novo presidente da estatal, que teve passagem na direção da Funcef, o fundo de pensão dos empregados, Ferreira disse que ele tomou decisões que geraram prejuízos ao fundo, levando a uma crise na Fundação.
“Fernandes disse que nunca iria assumir o passivo com os trabalhadores e já vimos a empresa nas páginas policiais. Esperamos que isso não volte a acontecer”, criticou. Lembrou que, o uso político da Caixa prejudica a imagem do banco e dos empregados, citando a notícia na imprensa de que um filho do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, é sócio de uma empresa que negocia publicidade com o banco.
“Vemos com muita preocupação este uso politico indevido dos recursos da estatal, pois é da Caixa que são destinados os principais recursos para projetos sociais, como o financiamento da casa própria”, explicou.

O futuro dos empregados

Na entrevista, o presidente do Sindicato do Rio demonstrou muita preocupação com o futuro dos empregados com esta nova gestão da empresa.
“Temos algumas demandas, especialmente na assistência da saúde, pois nosso acordo referente ao Saúde Caixa vence no dia 31 de dezembro deste ano. Esperamos que haja sensibilidade da direção da empresa”, afirmou, explicando, porém, que não haverá por parte do movimento sindical uma campanha velada contra a nova direção do banco.
“Queremos estabelecer com o novo presidente da caixa, um diálogo franco e aberto na defesa dos empregados e da Caixa como instituição pública”, destacou.

Adoecimento dos bancários

Outro tema abordado na entrevista foi a questão do adoecimento dos bancários em função das metas.
“A Caixa tem um papel social como banco público e sabemos que existe uma concorrência no setor com outros bancos, mas o movimento sindical vai continuar lutando para garantir a saúde dos trabalhadores”, afirmou, lembrando que os empregados estiveram na linha de frente do atendimento durante a pandemia da covid-19 para o pagamento do auxílio emergencial e do FGTS, o que levou bancários ao adoecimento e até a perder a própria vida, defendendo a valorização de todos os empregados e empregadas da Caixa.
Defendeu ainda a revogação da CGPAR 42 (resolução nº 42 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União), que estabelece diretrizes e parâmetros para as empresas estatais federais quanto aos seus regulamentos internos de pessoal e plano de cargos e salários, limitando direitos dos trabalhadores do setor público.
José Ferreira defende um diálogo aberto do movimento sindical com a nova direção da caixa para que sejam atendidas as reivindicações dos empregados

Mídia