Sexta, 20 Outubro 2023 15:46

14º Concut é realizado em meio aos desafios do movimento sindical no século XXI

O presidente da CUT Sérgio Nobre relembrou os anos de luta e as vitórias da classe trabalhadora. Em carta lida pelo ministro Luiz Marinho, presidente Lula enaltece os 40 anos da CUT
Dirigentes sindicais bancários do Rio participam do 14º Concut, em São Paulo. Desafios como o fortalecimento da negociação coletiva e a garantia dos empregos frente ao avanço das novas tecnologias estão na pauta do encontro Dirigentes sindicais bancários do Rio participam do 14º Concut, em São Paulo. Desafios como o fortalecimento da negociação coletiva e a garantia dos empregos frente ao avanço das novas tecnologias estão na pauta do encontro Foto: Federa-RJ

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O 14º Congresso Nacional da CUT (Concut), que começou nesta quinta-feira (19) e vai até domingo 22) é realizado em São Paulo num momento histórico, em que a maior central da América Latina comemora os seus 40 anos de existência. Mais de duas mil pessoas entre delegados e delegadas lotam o auditório do Expo Center Norte, na capital paulista. O evento marca a retomada da democracia, com a derrota da extrema-direita nas eleições de 2022 e a volta de um governo que dialoga com os trabalhadores na luta pela retomada do desenvolvimento econômico e geração de empregos e por um Brasil socialmente justo.

Somado a esses fatores, o 14º Congresso Nacional da CUT vem com o objetivo de traçar a estratégia a ser adotada nos próximos anos para representar todo o conjunto da classe - trabalhadores formais e informais.

A carta de Lula

O Concut teve como destaque em seu primeiro dia, uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lida pelo ministro do Trabalho e Emprego Luiz Marinho. Em seu texto, Lula explicou que não pode comparecer ao evento presencialmente por conta da recuperação de uma cirurgia e defendeu sindicatos fortes e a participação dos trabalhadores em temas relevantes, como a questão da transição climática.
O documento foi entregue por um motoboy, como símbolo da luta da CUT pelos direitos dos trabalhadores de aplicativos e de todo o mercado informal, tese defendida também pelo presidente Lula em seu discurso na ONU. O atual presidente criticou os ataques à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) conquistada pelos trabalhadores ainda no governo de Getúlio Vargas e contra a organização coletiva dos trabalhadores através dos sindicatos.

Destacou que, neste seu terceiro mandato, irá retomar discussões sobre antigos desafios, como a melhoria da organização de base da classe trabalhadora e a luta por melhores condições de salário, vida e trabalho e falou ainda dos desafios da digitalização da economia que podem varrer milhares de vagas de emprego e precarizar ainda mais as relações trabalhistas, com o avanço das novas tecnologias.

A vitória dos trabalhadores

O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre destacou que foram as entidades sindicais, aliadas aos movimentos sociais, que ajudaram a garantir a vitória do terceiro mandato do presidente Lula e que essa união precisa prosseguir para que os trabalhadores avancem e conquistem mais direitos, melhores condições de vida e justiça social.

“Não teríamos chegado aqui e vencido a eleição presidencial de 2022 não fosse a construção da união com os movimentos sociais. Nossa unidade em defesa dos direitos, porque os ataques foram grandes, foi fundamental para derrotar a famigerada PEC 32, para derrotar a MP 1045, para conquistar o auxílio emergencial de R$600 para proteger os mais vulneráveis durante a pandemia da covid-19, pra retomar a política de valorização do salário mínimo”, disse. Nobre criticou a atuação dos parlamentares do centrão no Congresso Nacional, por trabalharem contra as pautas sociais e de interesse dos trabalhadores e por uma reforma tributária que faça os ricos pagarem mais impostos, proporcionalmente do que os mais pobres e a classe média.

“De forma unitária em 2026 temos que reeleger Lula e um congresso melhor”, acrescentou. Defendeu a paz no Oriente Médio, um cessar-fogo imediato e a ajuda humanitária e a causa do povo palestino que luta por sua terra, posição defendida pelo governo brasileiro no Conselho de Segurança da ONU, mas que foi rejeitado pelos EUA.

Emprego e negociação coletiva

O ministro Luiz Marinho disse que a meta do atual governo é gerar pelo menos dois milhões de novos empregos formais até o final do ano e defendeu as negociações e contratos coletivos de trabalho para retomar direitos e fortalecer a organização sindical.
“Direito coletivo se resolve coletivamente e não com cartinha individual e patrão mandando fazer fila no sindicato para não pagar o sindicato”, criticou.

Defendeu ainda a regulamentação e direitos trabalhistas para trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos e destacou os avanços com o setor de transporte de pessoas, como Uber, cujo acordo já está fechado e deve ser anunciada em 15 dias. Em contrapartida, criticou a intransigência dos aplicativos de transporte de mercadorias que se negam a garantir direitos aos seus trabalhadores que prestam estes serviços.
“Não houve acordo porque empresas afirmaram que não dá pagar. Porque o modelo de negócio não para de pé. Qual o modelo e negócio? Da exploração, do trabalho análogo à escravidão, porque muitos precisam trabalhar 16, 18 horas para sobrar algo. Quando tivemos tudo definido, vamos montar projeto de lei e submeter tanto de transporte de mercadoria quanto pessoas ao Congresso e por isso precisamos de apoio classe trabalhadora e todo mundo para discutir isso”, acrescentou.

Anunciou ainda que o governo está perto de conseguir a regulamentação do direito à negociação no serviço público, através do cumprimento da Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do direito dos servidores à liberdade sindical e o de realizar convenções coletivas.

Os 40 anos da CUT

 Parlamentares e dirigentes sindicais celebraram os 40 anos da CUT. A deputada federal e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que não pôde participar presencialmente do Concut, por também estar se recuperando de uma cirurgia, enviou um vídeo para saudar o evento.

Ela elogiou o tema ‘Luta, Direitos e Democracia’ escolhido para a 14ª edição do Concut pois está em sintonia com a atual conjuntura do país, de retomada da esperança pelo “desenvolvimento sustentável do Brasil, com inclusão social e democracia plena” e lembrou que a maior vitória dos trabalhadores, especialmente das mulheres, “foi derrotar Bolsonaro e eleger Lula presidente”. Ressaltou também que é preciso continuar a mobilização para contribuir com o projeto de reconstrução do país e que, “para isso, o movimento sindical tem que estar fortalecido, para organizar a classe trabalhadora e colocar suas pautas na mesa”, pedindo apoio ao presidente Lula.

Os sindicatos têm de estar forte para dar apoio ao Lula e garantir que as propostas progressistas avancem em nosso governo. E a CUT tem essa missão”, completou.
Diversos outras lideranças sindicais também exaltaram as quatro décadas de criação e de lutas da CUT e defenderam a unidade da classe trabalhadora pela consolidação da democracia e crescimento econômico, com mais e melhores empregos e uma sociedade sem discriminação, com oportunidade para todos os brasileiros e brasileiras.

 

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