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Segundo a Força Aérea Brasileira, seis aeronaves estão prontas para a missão. Até este domingo (8), o Itamaraty tinha identificado um brasileiro ferido e um três desaparecidos em Israel
Publicado: 09 Outubro, 2023 - 12h08 | Última modificação: 09 Outubro, 2023 - 12h41
Escrito por: Clara Assunção | RBA
O primeiro avião enviado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para resgatar brasileiros na zona de conflito entre Israel e o grupo Hamas, que governa a Faixa de Gaza, pousou em Roma, na Itália, na manhã desta segunda-feira (9). A aeronave, modelo KC-30, tem capacidade para até 230 passageiros. De acordo com a FAB, outros cinco aviões estão prontos para a missão.
A aeronave foi deslocada para a Europa para facilitar a logística de remoção dos brasileiros na área conflagrada. O governo ainda não divulgou a lista de passageiros e o horário previsto para a chegada do avião no aeroporto Ben-Gurion, nos arredores de Tel Aviv. O Ministério das Relações Exteriores informou, contudo, que será dada prioridade aos brasileiros que moram no Brasil e estavam em Israel a trabalho ou passeios. Além dessa operação, o Itamaraty também estuda a possibilidade de enviar missões de repatriação aos territórios palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, apesar de o número de brasileiros ser menor e o acesso mais difícil.
O governo também monitora a normalização dos voos no aeroporto de Tel Aviv, o que facilitaria a saída dos cidadãos brasileiros em voos comerciais.
Até este domingo, o Ministério das Relações exteriores contabilizava um brasileiro ferido e três desaparecidos na área do conflito. Os quatro têm dupla nacionalidade e participavam de um festival de música no distrito sul de Israel, a menos de 20 quilômetros da Faixa de Gaza. A embaixada de Israel no Brasil informou o nome de três deles. O ferido é Rafael Zimerman, internado no hospital Soroka, mas passa bem. Já os desaparecidos são Bruna Valeanu e Renan Glazer.
Desde que o início do conflito, em 7 de outubro, aproximadamente mil cidadãos brasileiros que se encontram em Israel já pediram para retornar ao Brasil. A estimativa, segundo a pasta, é de 14 mil brasileiros vivendo em Israel e 6 mil na Palestina. A grande maioria, porém, fora da área de conflito. O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada em Tel Aviv e do Escritório de Representação em Ramalá, tem acompanhado a situação das comunidades brasileiras nos territórios. O governo também disponibilizou em seu site um formulário para inscrição de brasileiros interessados nos voos de repatriação.
Ao todo, pelo menos 1.120 pessoas morreram no conflito no Oriente Médio. O balanço mais recente divulgado por autoridades locais indica 700 vítimas em Israel, 413 na Faixa de Gaza e outras sete na Cisjordânia. Há ainda milhares de pessoas feridas nos dois lados da guerra. A mais recente disputa na região começou no sábado (7), quando Hamas, grupo islâmico que governa a Faixa de Gaza, realizou um ataque-surpresa contra Israel.
As ações se concentraram perto da fronteiro da Faixa de Gaza, de onde o Hamas lançou 5 mil foguetes. Homens armados também entraram no território israelense pelo sul do país. Há relatos de que membros do grupo atiraram em civis e sequestraram dezenas de israelenses, incluindo mulheres e crianças, que foram levados como reféns para Gaza. Em resposta, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou guerra contra o território palestino. “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu”, afirmou. No mesmo dia, Israel iniciou um bombardeio em direção à Gaza.
Historicamente, a escalada militar israelense é a principal arma usada contra a Palestina. O conflito é histórico e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes. A disputa em curso mais recente é referente a criação de dois estados, um judeu, Israel, e um árabe, na Palestina, pela Organização das Nações Unidas (ONU). Desde então, vem ocorrendo uma disputa pelo território, em que Israel vem se expandindo com assentamentos, convertendo territórios de Gaza e da Cisjordânia em judaicos. A maioria dos países consideram ilegais esses assentamentos, mas o governo israelense se fia sobretudo no apoio dos Estados Unidos.
Territorialmente e politicamente divididos, Gaza é governada pelo grupo islâmico Hamas, já a Cisjordânia segue sob o comando do partido laico Fatah. Na Faixa de Gaza, contudo, os palestinos vêm se organizando por meio de grupos armados do Hamas, mas que não possuem aparato militar. A maioria de seus foguetes, usados contra Israel, são caseiros. Do outro lado, porém, o governo do Benjamin Netanyahu utiliza as chamadas forças de defesa para comandar as represálias, com lançamento de mísseis à região palestina. A fronteira também é controlada por batalhões e carros de combate.
Neste domingo, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu a portas fechadas em busca de soluções diplomáticas. Mas não houve consenso, apenas temor de que o conflito se espalhe. Nunca, desde a Segunda Guerra Mundial, o planeta viveu tantos conflitos armados como hoje. No total, 2 bilhões de pessoas vivem em situação de guerra. O equivalente a um quarto da humanidade.
Correspondente internacional na ONU, em Genebra, o jornalista Jamil Chade apontou constrangimento da própria entidade com o fracasso da diplomacia. O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, também alertou que a situação “vai piorar” diante desse colapso. “A situação global é realmente terrível, e está piorando. As pessoas estão sofrendo, e os humanitários estão sendo solicitados a juntar mais pedaços em mais partes do mundo e a tentar mantê-los unidos por mais tempo. Frequentemente, somos solicitados a fazer isso sozinhos, na ausência de soluções políticas”, destacou Grandi.