Quarta, 20 Setembro 2023 14:01
PARAÍSO DA ESPECULAÇÃO

Bancários cobram do BC juros baixos para o Brasil retomar o desenvolvimento e gerar empregos

Na avaliação do movimento sindical, a Selic (taxa básica) poder cair para mais da metade e o país praticar juros condizentes com o mercado internacional
O movimento sindical voltou a cobrar juros mais baixos, compatíveis com os praticados nas nações mais desenvolvidas. Dirigentes sindicais pediram a renúncia do presidente do BC, Campos Neto O movimento sindical voltou a cobrar juros mais baixos, compatíveis com os praticados nas nações mais desenvolvidas. Dirigentes sindicais pediram a renúncia do presidente do BC, Campos Neto Foto: Nando Neves

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

As centrais sindicais realizaram em todo o país, protestos contra a política de juros altos mantida pelo atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Desde a decisão do então ministro da Economia, Paulo Guedes, de criar a chamada “autonomia” do BC, o governo federal não tem mais ingerência sobre a política monetária e de juros, definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Os sindicatos acusam Campos Neto de ser um legítimo representante do cartel de bancos privados no país e trabalhou durante 18 anos no banco espanhol Santander em terras brasileiras.

O ato no Rio

Bancários e bancárias participaram da campanha #JurosBaixosJá, que teve um tuitaço pela manhã e de manifestações em várias regiões do país. No Rio, o protesto aconteceu desde o meio-dia, em frente ao edifício do BC, na Avenida Presidente Vargas, 703, no Centro da cidade. No mesmo dia acontece a reunião do Copom, com a expectativa do mercado de queda de 0,5% na Selic, podendo chagar a 12,75% ao ano, na reunião de hoje, o menor nível em 16 meses, porém ainda mais do que o dobro praticado nas nações capitalistas mais desenvolvidas. Nos Estados Unidos, o Fed (BC americano) deve manter também em reunião nesta quarta-feira os juros inalterados, entre 5,25% e 5,50% ao ano.

Envolver a sociedade

A presidenta em exercício do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco criticou a política de juros praticada pelo sistema financeiro nacional, sem precedente no mundo.

“No Brasil inteiro os sindicatos e o movimento social estão realizando hoje este ato por juros baixos e já. Temos que divulgar esta campanha também nas redes sociais. Esta luta precisa envolver toda a sociedade. Precisamos mostrar à população o mal que representa estes juros para o nosso país. Só vamos deixar as ruas quando os juros baixarem. A Selic hoje no Brasil é mais do que o dobro do que é praticado nos EUA e na Europa”, disse.

Só os bancos ganham

A presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro) e vice da CUT-RJ, Adriana Nalesso, destacou que atual política de Campos Neto a frente do BC só atende aos interesses de banqueiros e especuladores. 

“Os juros impactam diretamente ne economia do país. O setor financeiro é quem mais lucra com estas taxas. BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander faturaram, somente neste primeiro semestre, R$54 bilhões. Só quem ganha com esta política de juros altos são os especuladores e banqueiros”, ressaltou, lembrando que a atual taxa da Selic [13,25%] eleva a dívida pública.

Sabotagem política

Vinícius de Assumpção, vice-presidente da Contraf-CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) lembrou que os juros altos impedem o crescimento econômico, a geração de empregos e de renda.

“Estamos aqui denunciando a política dirigida pelo Campos Neto do BC, que claramente atende aos interesses do grande capital dos banqueiros em detrimento da geração de empregos e renda neste país”, afirmou. 

“A cada um ponto percentual de juros o estado paga mais pelos títulos da dívida pública. Com a atual taxa dos juros básicos pagamos R$38 bilhões aos bancos”, acrescentou, criticando a especulação financeira.

Vinicius lembrou ainda do discurso do presidente Lula, na assembleia das Nações Unidas (ONU), feito na terça-feira (20) em defesa da geração de empregos e renda e do combate à fome no mundo e à concentração de renda.

“Só vamos ter um desenvolvimento sustentável quando os juros baixarem no Brasil, que mesmo com a redução de hoje é ainda um dos mais altos do planeta”, concluiu, acusando Campos Neto de sabotar o atual governo.

Crédito mais caro

Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, se dirigiu diretamente à população que transitava em torno da manifestação.

“O aumento dos juros reduz o crédito e as empresas, especialmente as micro e pequenas, precisam destes investimentos para gerar mais empregos, mas ficam impossibilitadas de ampliar seus negócios. Setores como o da construção civil e a indústria são afetados diretamente, impedimento o desenvolvimento sustentável do Brasil”, criticou.

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