Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Fica cada vez mais claro que por trás da leniência das autoridades no governo Jair Bolsonaro em relação à devastação ambiental e da tentativa de dificultar a delimitação e proteção das terras indígenas está relacionada ao garimpo ilegal, além do tráfico de madeiras e expansão dos latifúndios em áreas de preservação. A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (20), uma mega operação que investiga os líderes de um esquema de contrabando e venda de ouro extraído de garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami. Os criminosos teriam movimentado quase R$6 bilhões.

Foram cumpridos pelo menos quatro mandados de prisão e outros 48 de busca e apreensão no DF e em oito estados: Roraima, Goiás, Amazonas, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Pará e Distrito Federal.

Esquema internacional

O esquema vai muito além da ação direta de garimpeiros, a maioria pessoas pobres atraídas pelo sonho do enriquecimento rápido, mas envolve “peixe grande”, empresários, como Ariel Silva Magalhães, suspeito de intermediar a saída do ouro ilegal das terras dos Yanomamis, usava a empresa “MF Soluções empresariais” para explorar ouro ilegalmente, segundo relato da PF.

Outro empresário preso, Brubeyk do Nascimento foi preso em um condomínio de casas de luxo, em Manaus (AM). Ele teria montado um esquema de remessas ilegais para negociar no exterior o ouro extraído em garimpos ilegais nas terras indígenas.

O esquema envolve ainda empresários norte-americanos, que já foram presos junto com Nascimento tentando embarcar ilegalmente com 35 kg de ouro para os Estados Unidos, em 2022.

Ambos os empresários brasileiros são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e poderão responder pelos crimes de usurpação de bens da União, organização criminosa, lavagem de dinheiro, extração ilegal do ouro, contrabando, falsidade ideológica, receptação qualificada e outros tipos penais.

Denúncias antigas

A diretora executiva da Secretaria de Meio Ambiente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Cida Cruz, disse que a operação da PF só confirma o que ambientalistas e os indígenas já denunciam há muito tempo, a invasão de garimpeiros ilegais em suas terras.

“Nós apoiamos esta operação das autoridades e nos conforta ver que está sendo combatido estes crimes ambientais e contra os povos indígenas. Combater estes crimes é proteger o meio ambiente e construir uma sociedade mais igualitária, pois onde vivem os indígenas, as florestas estão protegidas”, disse Cida.