Terça, 29 Agosto 2023 18:55

Dia da Visibilidade Lésbica é vital para combater o preconceito

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

O Dia da Visibilidade Lésbica é celebrado no dia 29 de agosto, que este ano caiu nesta terça-feira. A data foi escolhida por nela ter acontecido o primeiro Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), em 1996. Outra data importante no mês é a do Orgulho Lésbico, 19 de agosto, que marca o chamado “Stonewall Brasileiro”, histórica manifestação contra a repressão e pelos direitos das mulheres lésbicas, ocorrida em 1983 no Ferro’s Bar, em São Paulo.

A secretária da Juventude da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Bianca Garbelini, a Bia, ressalta que a visibilidade é fundamental, pois existe o senso comum de que a mulher lésbica não é lésbica de verdade, porque ainda não conheceu um homem que a faça virar mulher. Isso nos invisibiliza como sujeitos.

“Por conta desse estigma, o 29 de agosto busca o reconhecimento social, a garantia de direitos e a luta pelo fim da violência contra a mulher lésbica”, explicou. Segundo poucos levantamentos a respeito, cresce a cada ano o número de lesbocídios – assassinatos e abuso que levam a mulher lésbica à morte.

Robson de Oliveira Santos, diretor da Secretaria de Políticas Socias do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, lembra que o Dia da Visibilidade Lésbica é uma data de tamanha importância, pela reflexão sobre a forma como vêm sendo tratadas pela sociedade. “Além de enfrentarem o preconceito por sua orientação sexual, ainda carregam uma discriminação histórica por serem mulheres. Acredito que a importância dessa data é o combate à lesbofobia, ou seja, o preconceito contra mulheres lésbicas”, afirmou.

Pouca informação

Apesar de escassos, os levantamentos sobre a questão são alarmantes. Em 1983, por exemplo, o Grupo Gay da Bahia identificou um lesbocídio por ano no país. Anos depois, pesquisa feita pelo Instituto Patrícia Galvão levantou 16 casos em 2014, 26 em 2015, 30 em 2016 e 54 em 2017, uma escalada alarmante, com 126 mortes em apenas quatro anos. Conheça aqui o Dossiê Sobre Lesbocídio no Brasil.

Diante desses números, Bia afirma que é fundamental a luta por direitos, “pois não existe nenhuma iniciativa do Estado para levantamento de dados, nenhuma iniciativa de proteção para nós; sabe-se que a maior parte de violência contra a mulher lésbica vem de homens, e não há nenhum mecanismo específico contra isso; então a visibilidade é importante, sim, para cobrarmos do Estado a responsabilidade pela nossa segurança, pelo nosso bem estar, pelo nosso direito de viver, de ser e de amar quem a gente quiser”.

No trabalho

Na Campanha Nacional 2022, a categoria bancária incluiu cláusulas específicas em respeito aos trabalhadores e trabalhadoras LGBTQIA+. Conforme explica Bia, “no setor bancário, o direito à identidade visual é fundamental, como cada um se expressa para o mundo”. A secretária observa que “existe a mulher lésbica que é mais feminilizada ou menos, e ambas devem ser respeitadas”.

Bia também indica que “o ambiente bancário, muito machista, exige a mulher toda enfeitada para ser boa vendedora, então, ela tem que usar salto, se maquiar, usar decote, e a mulher lésbica que não é muito feminilizada, ao não corresponder com essa expectativa, acaba sendo escondida e jogada aos piores postos de trabalho, e isso não acontece só nos bancos, mas no mercado de trabalho como um todo”.

Canais de denúncia

Denúncias de casos de lesbofobia, outras formas de LGBTfobia ou violência contra mulheres, crianças, adolescentes, idosos ou qualquer pessoa vulnerável, podem ser feitas pelo Disque 100, pelo portal do Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, ou pelo 190, telefone da Polícia Militar.

*Com informações da Contraf-CUT.

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