Terça, 29 Agosto 2023 18:33

Dirigentes sindicais brasileiras participam da 6ª Conferência de Mulheres da UNI Global Union

No centro, Adriana Nalesso, da Federa-RJ e do Sindicato dos Bancários do Rio; à sua direita, Neide Rodrigues, do Sindicato dos Bancários de Campo Grande (MS), e à sua esquerda, Sandra Trajano, do Sindicato dos Bancários de Pernambuco No centro, Adriana Nalesso, da Federa-RJ e do Sindicato dos Bancários do Rio; à sua direita, Neide Rodrigues, do Sindicato dos Bancários de Campo Grande (MS), e à sua esquerda, Sandra Trajano, do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

Presença das mulheres nos sindicatos, saúde e segurança, combate à violência e ao assédio, trabalho digno em ambiente sustentável e atenção à juventude. Estes foram alguns dos principais temas em debate na 6ª Conferência Mundial da UNI Mulheres, que promoveu debates de temas atuais no mundo, abordando a questão de gênero tanto no mercado de trabalho quanto na sociedade em geral. O evento antecedeu o 6º Congresso da UNI Global Union, que acontece na Filadélfia, nos Estados Unidos, até esta quarta-feira (30).

Na Conferência, encerrada no sábado (26), e que reuniu 582 participantes de 202 sindicatos, de 73 países, a irlandesa Carol Scheffer foi eleita nova presidenta da UNI Mulheres. As dirigentes brasileiras no evento apresentaram a conjuntura política, econômica e social do Brasil e elogiaram a possibilidade de troca de experiência com companheiras de outros países.

‘Não irão nos calar’

A secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes, em sua participação, deu destaque à violência contra as mulheres e apresentou o projeto “Basta”Não irão nos calar!”. Fernanda destacou a importância de “compartilhar com muitos sindicatos do mundo nossa experiência com o Projeto Basta, que atende mulheres vítimas de violência e conta hoje com 12 canais funcionando nas cinco regiões do país”.

Ressaltou que, no Brasil, mulheres vítimas de violência não têm amparo jurídico, infelizmente mulheres vítimas de violência não têm atendimento, e pelo Basta!, fazemos esse atendimento. “Então, temos muito orgulho dessa experiência que fortalece o sindicato cidadão, porque são vidas que estamos salvando”. Fernanda comentou que “todos os países trazem relatos semelhantes de violência contra as mulheres, mas juntas estamos trocando experiências exitosas e buscando transformar o mundo num lugar mais seguro para todas nós”.

Exploração

Adriana Nalesso, presidenta da Federação Estadual das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ) e diretora da Secretaria de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, falou sobre a importância do 6º Congresso da UNI Global Union. “O Congresso da UNI nos permite ampliar o olhar sobre a classe trabalhadora no mundo. O que observamos é que a exploração é muito parecida em todo o planeta, especialmente nos países mais desenvolvidos como Estados Unidos onde trabalhadores do comércio trabalham 16 horas por dia”, constatou.

“A UNI desempenha um papel fundamental no fortalecimento dos sindicatos, assim como sustentação financeira criando fundos para ajudar diversas entidades no mundo. A solidariedade entre os trabalhadores, independente do setor de atuação é muito presente”, afirmou.

A UNI negociou mais de 50 acordos e protocolos globais com empresas multinacionais e outros organismos para garantir e apoiar os direitos dos trabalhadores. Embora todos estes acordos estabeleçam e reforcem o direito de organização e negociação coletiva sem medo ou intimidação, muitos foram ampliados para cobrir questões adicionais, tais como discriminação, violência baseada no género, saúde e segurança ocupacional e trabalho remoto.

Jovens

A secretária de Juventude da Contraf-CUT, Bianca Garbelini, abordou as barreiras às jovens mulheres na sua formação e seus impactos na participação feminina no ramo financeiro. “Os empregos que mais crescem atualmente no nosso ramo são os da área da tecnologia, já que a pandemia acelerou a digitalização nos bancos, área na qual infelizmente as mulheres são minoria. Historicamente, somos desincentivadas de estudar ciências exatas. Somos direcionadas para a área de cuidados, para atividades tidas como femininas”, relatou.

Para Bianca, “os sindicatos devem abraçar a tarefa de contribuir com a formação das jovens trabalhadoras para o emprego do futuro, que na realidade já é o emprego do presente, e garantir espaços de participação política para essas jovens. Jovens mulheres, especialmente no sul global, precisam de acesso ao estudo e ao trabalho decente, precisam de perspectiva de futuro, de um planeta vivo”. A secretária também observou que “as consequências da crise climática são sofridas por nós, mas não somos nós que causamos as alterações no clima, tampouco usufruímos do dinheiro e coisas cuja produção impactam o meio ambiente”.

Impacto global

Num mundo onde a influência e a riqueza estão cada vez mais concentradas nas mãos de poucos, a UNI Global Union constrói o poder sindical para melhorar a vida dos trabalhadores em todo o planeta. Enquanto federação sindical global com filiais em 150 países, utiliza a força coletiva para expandir a negociação, promover a justiça social e econômica, responsabilizar as empresas e transformar uma economia global injusta.

A UNI negociou mais de 50 acordos e protocolos globais que garantiram os direitos de dezenas de milhões de trabalhadores em todo o mundo. Estes acordos são ferramentas vitais para nivelar as condições de concorrência entre os trabalhadores e as empresas multinacionais, e criam quadros para se organizarem em sindicatos e negociarem livres do medo e da intimidação. Muitos também estabelecem direitos globais sobre questões como a igualdade de gênero e a segurança no local de trabalho.

Adriana ressaltou que a UNI Finanças é fundadora do importante Acordo Internacional, sendo fundamental na implementação e aplicação deste acordo juridicamente vinculativo. Sendo uma voz global dos prestadores de serviços em organismos internacionais como a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a UNI também faz parceria com um conjunto diversificado de organizações para se organizar em prol de economias mais justas e verdes e de democracias mais robustas.

*Com informações da Contraf-CUT.

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