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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Nesta terça e quarta-feira, dias 15 e 16 de agosto, será realizada a 7ª edição da Marcha das Margaridas. A expectativa é de que a manifestação em Brasília reúna mais de 100 mil pessoas, com a participação de mulheres de toda a América Latina. A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro Kátia Branco falou sobre a importância de bancárias e todas as mulheres participarem e apoiarem o ato.
“A participação em uma atividade desta grandeza não deve se limitar à militantes dos movimentos social e sindical, mas precisa envolver toda a sociedade. Nós mulheres fomos fundamentais na vitória da democracia em 2022 e temos que estar na vanguarda das lutas pela reconstrução do Brasil, a começar pela recuperação das políticas públicas destruídas nos últimos anos e contra toda a forma de discriminação e violência contra as mulheres no campo e nas cidades. É hora de recuperarmos o tempo perdido que elevou o feminicídio e a violência contra as brasileiras”, explicou, lembrando que, no governo anterior, a previsão orçamentária reduziu em 94% as verbas federais para as políticas de combate à violência contra as mulheres.
“Os problemas enfrentados pelas mulheres são muito parecidos ao redor do mundo, por isso que um evento da magnitude da marcha é necessário, porque facilita essa troca de vivências, de diversos movimentos sociais, do Brasil e de outros países da América Latina. E, a partir disso, fortalecemos as nossas pautas”, explicou a secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Fernanda Lopes.
Concentração
A marcha começa na terça (15), às 17h, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, na capital federal. Mas a partir das 8h haverá plenárias, oficinas, rodas de conversa, espaço de saúde (com práticas integrativas) e a Mostra Nacional da Produção das Margaridas, uma feira com exposição de produtos de todos os estados brasileiros.
Porque o nome Margarida
O nome da Marcha das Margaridas é inspirado em Margarida Maria Alves, trabalhadora rural nordestina que ocupou por 12 anos a Presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba, rompendo com os padrões tradicionais de gênero. Ela foi assassinada no dia 12 de agosto de 1983, em frente à sua casa, após receber várias ameaças por sua atuação em defesa da reforma agrária e dos direitos de trabalhadoras e trabalhadores rurais.
Tanto o inquérito quanto o processo na Justiça indicaram que os mandantes da morte de Margarida foram donos de terras, mas apenas uma pessoa, Zito Buarque, respondeu ao processo que rolou por 18 anos na Justiça e que teve como desfecho nenhuma condenação.
Um dos ameaçadores de Margarida foi o usineiro Aguinaldo Velloso Borges. A líder chegou a respondê-lo numa carta, que foi incluída no processo.
O padre Luigi Pescarmona, que relatou ter tido conhecimento da reunião que tramou o assassinato de Margarida, contou que foi até ela para avisar-lhe do risco que corria: “Margarida, a tua vida está ficando do tamanho de nada”, disse, ao que Margarida respondeu: “Padre, da luta eu não fujo e, se a morte vier, eu aceito”. Como a vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), Margarida não fugiu da luta, e deu sua vida pelas causas sociais e na luta do combate à violência e à discriminação de gênero.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, revelou que no ano passado, a violência foi ainda maior contra mulheres, negros e crianças.