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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Bancários e bancárias aprovaram, na 25ª Conferência Nacional, realizada nos dias 4, 5 e 6 de agosto, uma moção em repúdio às operações das polícias militares dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, que têm promovido uma verdadeira chacina de negros e pobres em favelas e periferias. As mais recentes operações policiais resultaram, nos três estados, pelo menos 45 mortos em uma semana. No documento, a categoria se solidariza tambémcom as famílias dos policiais mortos, mas critica a reação de vingança, lembrando que muitas das vítimas não têm antecedentes criminais, inclusive crianças.
“A boa polícia é aquela que prende o infrator e não aquela que mata. É preciso investir mais em inteligência e acabar com essas operações de guerra, que só ocorrem em favelas e periferias e as vítimas são sempre negros e pobres. Não podemos banalizar estas chacinas que não poupam nem as crianças”, avaliou o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.
Números de guerra
Na capital fluminense, na mais recente operação da PM e da Polícia Civil, na Vila Cruzeiro, no complexo da Penha, Zona da Leopoldina, na última quarta-feira (2), dez pessoas morreram e cinco ficaram feridas. O tiroteio afetou 16 escolas da região, colocando em risco 3.220 alunos. A Vila Cruzeiro sofreu, em 2022, uma das operações policiais mais violentas no estado, com 25 vítimas fatais e seis feridos.
No Guarujá (SP), uma operação da PM paulista resultou em pelo menos 10 mortes. A megaoperação policial em andamento na Baixada Santista, no litoral paulista já deixou 16 mortos, de acordo com o governo estadual. A ação é considerada a mais violenta da PM desde o massacre do Carandiru, em 1992, episódio que terminou com a morte de 111 detentos após rebelião no presídio.
Mais uma criança morta
Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, é a mais recente vítima do recrudescimento do aparato policial no Rio de Janeiro que segue a política de segurança do governador Cláudio Castro (PL) contra as comunidades pobres. O crime foi cometido na noite do último domingo (6), durante uma operação da polícia na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Os moradores acusam os agentes de terem alterado a cena do crime e familiares do menino disseram que a PM já entrou na comunidade atirando, oque acabou resultando no assassinato de Thiago.
Confira a moção, na íntegra
As bancárias, bancários e demais trabalhadoras e trabalhadores do ramo financeiro, por seus representantes reunidos em São Paulo em sua 25ª Conferência Nacional, repudiam veementemente as operações da Polícia Militar dos estados de São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, que, em menos de uma semana deixaram ao menos 45 mortos. Os moradores das comunidades onde os fatos ocorreram relatam estar sob o clima de medo intenso e forte insegurança.
Os governos alegam que suas tropas foram atacadas. Nós nos solidarizamos com as famílias dos agentes de segurança mortos e feridos e entendemos que a Polícia tem de fato o dever de investigar e prender os responsáveis.
No entanto, a sociedade não pode admitir uma reação desproporcional e sem critérios, que tem vitimado cidadãos sem nenhuma relação com as agressões às forças de segurança, que estão em sua rotina de trabalho e familiar, muitos sem qualquer antecedente criminal.
A Constituição Federal do Brasil não prevê a pena de morte, o que está acontecendo à revelia do sistema legal, em uma verdadeira política de extermínio. O Anuário da Segurança Pública de 2023, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que foram registradas 47.508 mortes violentas no país em 2022, 6.429 das quais em intervenções policiais – uma média de 17 por dia. Entre as vítimas, 91,4% eram do sexo masculino, 76,9% eram pessoas negras e 50,2% tinham entre 12 e 29 anos.
Exigimos a investigação e o esclarecimento de todos os abusos e a punição de todos os culpados, em nome da segurança da sociedade brasileira.