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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Publicado: 07 Agosto, 2023 - 16h43
Escrito por: Redação CUT/Texto: André Accarini | Editado por: Rosely Rocha
A CUT, movimentos sociais, acadêmicos, representantes de governos e mais de 27 mil pessoas estão em Belém (PA) desde a última sexta-feira (4) para participar do evento Diálogos Amazônicos, o ciclo de debates que vem discutindo os diversos temas que envolvem a reconstrução de políticas públicas para a região.
Os debates contemplam pautas como o a transição energética e o desenvolvimento sustentável, a proteção ao meio ambiente, o papel da agricultura familiar na região, a responsabilidade do sistema financeiro no meio ambiente, entre outros.
Os resultados, apontamentos, conclusões e reivindicações que surgirão do ciclo de debates farão parte de um documento a ser entregue aos líderes dos governos que estarão na Cúpula.
Na abertura do evento, mulheres dos vários movimentos se reuniram em uma plenária com a presença da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Durante a atividade ela anunciou que o Pará terá cinco Casas da Mulher Brasileira.
A primeira será inaugurada já em setembro, em Ananindeua. As cidades de Marabá, Belém, Breves e Santarém serão as próximas. Os movimentos sociais reivindicavam um aprofundamento e a implementação de políticas públicas por parte do governo federal em relação à política de cuidados e que nas “Casas da Mulher” haja pessoas com experiência e vivência com as comunidades em suas coordenações.
Ainda na plenária, a ministra informou que o ministério está trabalhando em políticas e ações para contrapor os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que pontam o aumento da violência em relação às mulheres. Uma das ações, a de realizar uma série de audiências públicas, a partir de setembro, na região Norte do país para ouvir as mulheres, decorreu desse diagnóstico.
Abertura
A plenária teve início com o clico de debates, com o tema “Participação e a proteção dos territórios, dos ativistas, da sociedade civil e dos povos das florestas e das águas no desenvolvimento sustentável da Amazônia. O tema “Erradicação do trabalho escravo no território” teve a participação do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, além de representantes dos governos do Peru, Colômbia, Equador, Suriname e Bolívia.
“Fazer sindicalismo na Amazônia é uma resistência diária. A região é marcada por conflitos agrários, agronegócio, latifúndio e conluios até para desviar os cursos dos rios”, destacou a secretária-geral da CUT Pará, Vera Paoloni.
“Ignoram que ali tem vida, tem história, ancestralidade, cultura” completou a dirigente, ao saudar a classe trabalhadora presente no evento.
Dia 2
No sábado (5), a Fundação Perseu Abramo deu destaque a um trabalho feito pela própria entidade ao longo de 35 anos, o “Movimento Seres e Saberes”, que incluiu seminários, caravanas e conferências, além de outras atividades e que resultaram em uma carta entregue ao presidente Lula, com temas relacionados à Amazônia e seu povo.
O superintendente da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Paulo Rocha, participou do lançamento, juntamente com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o senador Beto Faro, o deputado federal Aírton Faleiro, a ex-governadora Ana Júlia, da presidenta da Fetagri, Angela Lopes e a ouvidora do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Eliana Pinto, entre outras autoridades e lideranças.
"Muito importante esse evento que reúne inteligência, ciência e saberes para levarmos a luta do povo aos chefes de Estado. Muitas políticas públicas, como o Luz para Todos e o Pronaf nasceram para atender reivindicações da nossa luta, dos nossos momentos sociais", afirmou o superintendente da Sudam.
Protagonismo do movimento sindical
Também no mesmo dia foi realizada uma reunião preparativa para o lançamento do Fórum Sindical Pan Amazônico, que reuniu líderes do movimento sindical dos vários países. O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antônio Lisboa, participou do evento.
“Fizemos uma reunião com dirigentes brasileiros, da Venezuela, Colômbia, Equador e Peru. Foi um debate sobre a criação do fórum”, disse o dirigente.
Lisboa explicou ainda que será elaborado um manifesto e, depois, lançar o fórum, efetivamente, até a realização do Congresso da CUT, em outubro deste ano. O objetivo do fórum é incidir nos temas que trazem a Amazônia como centro do debate, e que contemplem o tema do trabalho, explica Lisboa.
“Não basta apenas discutir questões climáticas, a defesa do bioma, da Amazônia se não colocarmos dentro do debate os interesses da classe trabalhadora, que atingem os trabalhadores da região. O que está em jogo não é só a Amazônia é também os povos da região”, pontua o dirigente.
Quilombolas
Os povos quilombolas também tiveram seu espaço no evento. Foi realizada uma plenária realizada no Espaço Cultural da Sudam, na capital paraense. A mesa do evento foi presidida pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Participaram ainda a secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Fernanda Machiaveli, o superintendente da Sudam, Paulo Rocha, a ouvidora do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Eliana Pinto, entre outras autoridades.
O secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiro e Ciganos, do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Ronaldo Santos, ao responder os questionamentos, falou do novo programa do governo federal chamado Quilombola Brasil, que trata de titulação de terras quilombolas.
Plano Safra
O lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar, o maior da história, por meio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, também no sábado, contou com a presença do governador do Pará, Helder Barbalho, além de senadores e lideranças dos vários movimentos sociais, em especial da Via Campesina – movimentos que lutam pela implementação de investimentos do governo federal e de bancos para melhoria na vida de trabalhadores e trabalhadoras do campo.
Domingo
O dia começou com o Congresso da Central de Movimentos Populares no estado do Pará. Carmen Foro, secretaria–executiva do Ministério das Mulheres e ex- secretária-Geral da CUT Nacional, lembrou que a CMP, sempre parceira da Central, esteve ao lado em todas as mobilizações, protestos e manifestações em defesa dos direitos dos trabalhadores, “em todos os locais do Brasil”.
“Sempre pudemos contar com a CMP e isso foi decisivo para que chegássemos aqui hoje”, disse a dirigente durante o evento.
A CUT Pará representada pela presidenta Euci Ana, esteve presente fortalecendo a luta dos companheiros e companheiras, e parabenizando pelos seus “30 anos de história, companheirismo, luta e resistência por vida digna para os povos da Amazônia”.
Ainda no domingo, o Seminário Nacional "Desafios da Transição Energética Popular na Amazônia", fruto de uma construção da Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (POCAE), abordou indicativos para um Projeto Energético Popular para o Brasil e contou com a presença de lideranças de diferentes organizações e movimentos sociais que atuam na Amazônia.
Rio Tocantins
O documentário da “Caravana em Defesa do Rio Tocantins e da Vida” foi lançando no fim da tarde do domingo, no auditório do Hotel Princesa Louçã, em Belém. O filme mostra relatos de quem terá sua vida profundamente afetada com o projeto da Hidrovia Araguaia Tocantins e a importância de lutar por essa causa.
Leia mais: Documentário denuncia impactos ambientais do projeto da Hidrovia Araguaia-Tocantins
A realidade do impacto ambiental é alarmante: mudanças no modo de vida, extermínio de peixes e consequências como fome e miséria. O documentário expõe essa triste realidade.
Veja aqui o documentário
Próximos eventos
Na agenda dos Diálogos Amazônicos para esta segunda-feira (7) foram programados uma barqueada, a partir da Praça Princesa Isabel; o debate intitulado “Sistema financeiro: impactos e responsabilidades com o meio ambiente, a Amazônia e o Planeta” e a Assembleia dos Povos da Amazônia.
Para a terça-feira (8), está marcada a Marcha dos Povos da Amazônia, reunindo a sociedade civil, entidades dos movimentos sindical e sociais e governos, a partir das 8h, com saída do Bosque Rodrigues Alves.