Terça, 08 Agosto 2023 09:48

Violência contra indígenas no Pará faz mais quatro vítimas

 

Após filho do cacique ser baleado, tribo Turé Mariquita fez protesto em frente a multinacional que teria sido responsável pelo ataque. Como retaliação, na manhã desta segunda-feira (7), mais três foram baleados

 Publicado: 07 Agosto, 2023 - 16h08

Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Rosely Rocha

 CNDH
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Em plena Cúpula da Amazônia, com a presença de representantes de entidades e governos de vários países, mais um episódio de violência praticada por latifundiários na região Norte do país reforça a luta dos povos originários por suas terras e contra a violência.

Na manhã desta segunda-feira (7), três indígenas da tribo Turé Mariquita foram atingidos por tiros em Tomé Acú, no Pará. A vítimas sobreviveram. Segundo relatos da própria comunidade, os agressores são pistoleiros da Brasil Bio Fuel (BBF), multinacional especializada em produzir óleo de dendê na região.

O fato ocorreu enquanto uma comissão especial do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), do qual a CUT faz parte, se dirigia ao local para ouvir os indígenas sobre um outro episódio de agressão, na última sexta-feira (4), quando o filho do cacique da tribo também foi baleado por pistoleiros. O tiro atingiu as costas do rapaz.

“No sábado os indígenas fizeram um protesto na porta da BBF. O tiroteio desta segunda-feira , na própria tribo, foi uma retaliação por causa disso”, explica Virginia Berriel, diretora executiva da CUT, que representa a Central no CNDH e faz parte da Comissão que visitou o local.

A dirigente conta que ao chegar em Tomé Açú, a rodovia havia sido interditada pelos indígenas como mais uma forma de protestar contra a violência e a invasão de terras pela empresa. “Eles atacam os indígenas o tempo todo para invadir as terras. Esse é o modo de eles operarem, violando os direitos dos indígenas”, contaram a Virgínia Berriel.

Além da agressão, Felipe Tembé, o filho do cacique, baleado na sexta-feira, foi tirado do hospital onde estava internado pela Polícia Militar e levado algemado à Polícia Civil de Castanhal, município próximo a Tomé Açú onde permanece preso.

“É um absurdo. Felipe é a vítima. Por que a PM defende os criminosos. É muito estranho”, questiona a dirigente da CUT.

Tensão

De acordo com os representantes do CNDH no local, o clima é de tensão. A PM está no local ‘armada até os dentes’ e os indígenas temem por sua segurança. “A situação é complicada e só não aconteceu algo pior porque nós, do conselho estamos aqui para garantir a segurança e os direitos dos indígenas. Mas, poderia ter virado um banho de sangue se não viéssemos”, diz Virgínia.

Ação do CNDH

A comissão que acompanha o caso já fez, por meio do próprio CNDH, contato com o ministro da Justiça, Flavio Dino, pedindo providências. “Exigimos que tragam o Felipe e que não retaliem essas pessoas nesta manifestação, que é legitima. Enquanto estivermos aqui, vamos protegê-los, mas precisamos garantir a segurança desses indígenas e medidas em relação à PM e à Polícia Civil.

A comissão que tem também representantes do MPT e da ONU no local, de acordo com Virginia Berriel, fará um relatório ao CNDH para que exija tais medidas.

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