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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
No painel de debates do último sábado (5), na 25ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo, Vivian Machado, economista e técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e mestre em Economia Política pela PUC-SP, falou sobre as mais recentes tecnologias utilizadas no setor bancário, fazendo um histórico das revoluções tecnológicas impactadas no setor financeiro, chegando aos dias atuais da Inteligência Artificial (IA), que segundo a palestrante, seria a quarta revolução industrial, marcada pela fusão de tecnologias que reúnem as esferas física, digital e biológica.
“A Inteligência Artificial é capaz de exercer habilidades cognitivas humanas, funcionando como se fosse uma ‘colega’ do trabalhador bancário e chegamos à super IA”, disse a especialista, avaliando que essa mais recente etapa tecnológica é que apresenta maior risco para o emprego da categoria, pois promove a substituição da mão de obra humana pela máquina. Não por acaso, o setor financeiro é o líder em investimentos nesta Inteligência Artificial de última geração.
Marco Regulatório
A palestrante considera relevante os bancários e bancárias acompanharem o projeto do marco regulatório da Inteligência Artificial que tramita no Congresso Nacional, tema que vem sendo discutido no mundo inteiro. No Brasil, a proposta está sendo analisada pelas comissões temáticas do Senado.
“É importante acompanharmos todo esse debate, pois o setor financeiro é líder em investimento privado em tecnologia no Brasil e no mundo”, explicou Vivian, mostrando que, em 2022, os gastos dos bancos em tecnologia chegaram a R$ 34,9 bilhões. O número representa um crescimento de 18% em relação a 2021.
Pesquisa da Febraban
O tema tem sido levado como prioritário pelos bancos e, por isso, a economista mostrou itens de uma pesquisa da Febraban (Federação Nacional dos Bancos) sobre a “Tecnologia Bancária” feita este ano. O estudo mostra a relevância dada pelo setor ao uso da IA como “tecnologia essencial para automação e eficácia”. O documento diz que “a inteligência artificial continua a ser uma das tecnologias prioritárias das áreas de TI dos bancos, seja na aplicação da segurança cibernética, na automação ou na eficácia dos assistentes virtuais” e que “a aplicação de soluções de inteligência artificial começou pela temática antifraude e, agora, está voltada para o CRM – sistema, onde se podem armazenar os diversos dados de clientes tais como informações de contato, produtos utilizados e interações.
Bancos digitais
Vivian Machado falou também da expansão dos bancos digitais. “Só no ano passado, 28 novas fintechs surgiram”, afirmou. Ela lembrou que atualmente 80% da população brasileira têm conta em banco tradicional e digital.
“Por isso, o Banco Central (BC) criou o Open Finance ou sistema financeiro aberto, que é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo BC e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas, e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente”, explicou.
Viviam disse com o “Open Finance”, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam os dados autorizados pelos clientes. A implantação deste sistema tem o potencial de injetar no Brasil R$ 760 bilhões na concessão de crédito, sendo R$ 460,7 bilhões para pessoas físicas, no entanto, esse potencial pode levar ainda algum tempo para se materializar.
Moeda digital
A economista disse que o Banco Central já estuda a emissão do “real digital”. A proposta é criar uma versão com tecnologia cripto da moeda brasileira.
O sucesso das stablecoins privadas chamou a atenção dos bancos centrais, que passaram a estudar a possibilidade de criar suas próprias criptomoedas.
Vivian disse que este tipo de moeda utilizado pela instituição responsável pelo gerenciamento da circulação da moeda, torna mais difícil o uso desses ativos para lavagem de dinheiro.