Segunda, 07 Agosto 2023 18:45
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Economista mostra que setor bancário é que mais investe em Inteligência Artificial

Vivian Machado, do Dieese, destaca a importância de os trabalhadores participarem dos debates sobre os impactos das novas tecnologias no trabalho

No painel de debates do último sábado (5), na 25ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo, Vivian Machado, economista e técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e mestre em Economia Política pela PUC-SP, falou sobre as mais recentes tecnologias utilizadas no setor bancário, fazendo um histórico das revoluções tecnológicas impactadas no setor financeiro, chegando aos dias atuais da Inteligência Artificial (IA), que segundo a palestrante, seria a quarta revolução industrial, marcada pela fusão de tecnologias que reúnem as esferas física, digital e biológica.
“A Inteligência Artificial é capaz de exercer habilidades cognitivas humanas, funcionando como se fosse uma ‘colega’ do trabalhador bancário e chegamos à super IA”, disse a especialista, avaliando que essa mais recente etapa tecnológica é que apresenta maior risco para o emprego da categoria, pois promove a substituição da mão de obra humana pela máquina. Não por acaso, o setor financeiro é o líder em investimentos nesta Inteligência Artificial de última geração.   
Marco Regulatório

A palestrante considera relevante os bancários e bancárias acompanharem o projeto do marco regulatório da Inteligência Artificial que tramita no Congresso Nacional, tema que vem sendo discutido no mundo inteiro. No Brasil, a proposta está sendo analisada pelas comissões temáticas do Senado.
“É importante acompanharmos todo esse debate, pois o setor financeiro é líder em investimento privado em tecnologia no Brasil e no mundo”, explicou Vivian, mostrando que, em 2022, os gastos dos bancos em tecnologia chegaram a R$ 34,9 bilhões. O número representa um crescimento de 18% em relação a 2021.

Pesquisa da Febraban

O tema tem sido levado como prioritário pelos bancos e, por isso, a economista mostrou itens de uma pesquisa da Febraban (Federação Nacional dos Bancos) sobre a “Tecnologia Bancária” feita este ano. O estudo mostra a relevância dada pelo setor ao uso da IA como “tecnologia essencial para automação e eficácia”. O documento diz que “a inteligência artificial continua a ser uma das tecnologias prioritárias das áreas de TI dos bancos, seja na aplicação da segurança cibernética, na automação ou na eficácia dos assistentes virtuais” e que “a aplicação de soluções de inteligência artificial começou pela temática antifraude e, agora, está voltada para o CRM – sistema, onde se podem armazenar os diversos dados de clientes tais como informações de contato, produtos utilizados e interações.

Bancos digitais

Vivian Machado falou também da expansão dos bancos digitais. “Só no ano passado, 28 novas fintechs surgiram”, afirmou. Ela lembrou que atualmente 80% da população brasileira têm conta em banco tradicional e digital.
“Por isso, o Banco Central (BC) criou o Open Finance ou sistema financeiro aberto, que é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo BC e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas, e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente”, explicou.
Viviam disse com o “Open Finance”, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam os dados autorizados pelos clientes. A implantação deste sistema tem o potencial de injetar no Brasil R$ 760 bilhões na concessão de crédito, sendo R$ 460,7 bilhões para pessoas físicas, no entanto, esse potencial pode levar ainda algum tempo para se materializar.

Moeda digital

A economista disse que o Banco Central já estuda a emissão do “real digital”. A proposta é criar uma versão com tecnologia cripto da moeda brasileira.
O sucesso das stablecoins privadas chamou a atenção dos bancos centrais, que passaram a estudar a possibilidade de criar suas próprias criptomoedas.
Vivian disse que este tipo de moeda utilizado pela instituição responsável pelo gerenciamento da circulação da moeda, torna mais difícil o uso desses ativos para lavagem de dinheiro.

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