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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O último painel de debates deste sábado (5), na 25ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo, tratou do tema “Transformações no Mercado de Trabalho e organização do Ramo Financeiro”. Vivian Machado, economista e técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioecnômicos) e mestre em Economia Política pela PUC-SP, falou sobre as mais recentes tecnologias utilizadas no setor bancário, fazendo um histórico das revoluções tecnológicas impactadas no setor financeiro, chegando aos dias atuais da Inteligência Artificial (IA), que segundo a palestrante seria a quarta revolução industrial, marcada pela fusão de tecnologias que reúnem as esferas física, digital e biológica.
“ A Inteligência Artificial é capaz de exercer habilidades cognitivas humanas, funcionando como se fosse uma ‘colega’ do trabalhador bancário e chegamos à super AI”, disse a especialista, avalia esta etapa tecnológica como a mais perigosa para o emprego da categoria, podendo promover a substituição da mão de obra humana pela máquina. Não por acaso, o setor financeiro é o líder em investimentos nesta IA de última geração.
Marco Regulatório
O Congresso Nacional debate um projeto sobre o Marco Regulatório da Inteligência Artificial, que prevê avaliação de riscos, responsabilização dos agentes envolvidos e direitos de pessoas eventualmente afetadas pela IA. O texto inclui anda as obrigações da autoridade competente para fiscalizar, o que será definido pelo Poder Executivo e sugere os valores das multas em caso de infração às regras pelas empresas. A proposta está sendo analisada pelas comissões temáticas do Senado.
“É importante acompanharmos todo esse debate, pois o setor financeiro é líder em investimento privado em tecnologia no Brasil e no mundo”, explicou Vivian, mostrando que, em 2022, os gastos dos bancos em tecnologia chegaram a R$ 34,9 bilhões. O número representa um crescimento de 18% em relação a 2021.
Pesquisa da Febraban
O tema tem sido levado como prioritário pelos bancos e, por isso, a economista mostrou itens de uma Pesquisa da Febraban (Federação Nacional dos Bancos) sobre a “Tecnologia Bancária” feita este ano. O estudo mostra relevância dada pelo setor ao uso da IA como “tecnologia essencial para automação e eficácia”. O documento diz que “a inteligência artificial continua uma das tecnologias prioritárias das áreas de TI dos bancos, seja na aplicação da segurança cibernética, na automação ou na eficácia dos assistentes virtuais” e que “a aplicação de soluções de inteligência artificial começou pela temática antifraude e, agora, está voltada para o CRM – sistema, onde se podem armazenar os diversos dados de clientes tais como informações de contato, produtos utilizados e interações.
Expansão dos bancos digitais
Vivian Machado falou também da expansão dos bancos digitais. “Só no ano passado, 28 novas fintechs surgiram”, afirmou.
“Quase 80% da população brasileira têm conta em banco tradicional e digital. Por isso, o Banco Central (BC) criou o Open Finance ou sistema financeiro aberto, que é a possibilidade de clientes de produtos e serviços financeiros permitirem o compartilhamento de suas informações entre diferentes instituições autorizadas pelo BC e a movimentação de suas contas bancárias a partir de diferentes plataformas, e não apenas pelo aplicativo ou site do banco, de forma segura, ágil e conveniente”, explicou.
Open Finance
Viviam disse com o “Open Finance”, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam os dados autorizados pelos clientes. A implantação deste sistema tem o potencial de injetar no Brasil R$ 760 bilhões na concessão de crédito, sendo R$ 460,7 bi para pessoas físicas, no entanto, esse potencial pode levar ainda algum tempo para se materializar.
Moeda digital
A economista disse que o Banco Central já estuda a emissão do “real digital”. A proposta é criar uma versão com tecnologia cripto da moeda brasileira.
“Uma Moeda Digital de Banco Central (CBDC, em inglês) é uma criptomoeda, que como qualquer moeda digital, apoia-se em uma tecnologia blockchain para existir. Esta moeda é emitida e controlada pela autoridade monetária do país, com valor exatamente igual ao da contraparte física. Ou seja, um real digital vai sempre valer R$ 1”, ressaltou. O sucesso das stablecoins privadas chamou a atenção dos bancos centrais, que passaram a estudar a possibilidade de criar suas próprias criptomoedas.
Vivian disse que este tipo de moeda utilizado pela instituição responsável pelo gerenciamento da circulação da moeda, torna mais difícil o uso desses ativos para lavagem de dinheiro.