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Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Átila Lamerino, biólogo e pesquisador brasileiro, destacou o que mudou na inteligência artificial nos últimos anos e sua relação com a democracia e o mundo do trabalho, durante o segundo dia da 25ª Conferência Nacional realizada em São Paulo, no sábado (5).
“Estamos vendo a inteligência artificial acontecer e se estamos com a água no pescoço hoje, o que está por vir é um dilúvio. Temos algoritimos que tomam decisões e processam informações”disse, citando a disputa em 1997 entre um “supercomputador” da época o computador e o maior jogador de xadrez do mundo em todos os tempos, Garry Casparov, que acabou sendo derrotado pela máquina.
Casos de desilusões
O especialista disse ainda, que na prática, a adoção da nova tecnologia em todo o mundo começa a extrapolar a capacidade da ferramenta.
“Descobrimos, por exemplo, o bitcoin, mas à medida que foi sendo usado vimos que, na verdade, o que venderam não é exatamente o produto entregue. Houve um pico de expectativas, um plano de produtividade e finalmente um maior esclarecimento, criando o que chamo de ‘vale da desilusão’”, explicou.
Exploração do trabalho
Átila disse que, o que não mudou no avanço das tecnologias é a manutenção de mão de obra barata na parte da utilização do trabalho manual neste contexto, citando o Quênia, onde empresas de inteligência artificial exploram trabalhadores. Disse ainda que a inteligência artificial utiliza conteúdo autoral plagiado e viola a privacidade violada, temas que estão sendo debatidos no mundo em relação às questões éticas.
Uso na seleção profissional
Como exemplo, o palestrante citou o uso das mais avançadas tecnologias no setor de seleção profissional, como a experiência feita pela empresa Amazon.
“A Amazon usou a inteligência artificial em seu banco de currículos buscando o que seria ‘melhor escolha’ para a empresa, mas teve que abandonar o sistema, pois a escolha acabou criando um fator impeditivo para contratar mulheres”, explicou, mostrando as contradições do atual estágio das novas tecnologias. Deu outro exemplo, do uso do ChatGPT que foi experimentado por advogados para a criação de petições, mas apesar do texto parecer impecável, o processo feito artificialmente citava leis e casos inexistentes.
“Ainda não há como saber por que o sistema gerou uma determinada informação”, acrescentou, dizendo que o mundo ainda vive uma fase medíocre de substituição do homem pela máquina. Falou ainda dos riscos das informações criadas por estes sistemas tecnológicos nas redes sociais, muitas vezes convincentes e que levam o usuário a acreditar que uma notícia falsa, por exemplo, é a realidade.
Apesar do atual estágio apresentar contradições, Átila disse que o avanço tecnológico é rápido porque as grandes empresas investem pesado na chamada "superinteligência artificial", como é o caso dos bancos, que substituem a mão de obra humana pelas tecnologias de ponta.