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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Moisés Marques, diretor acadêmico da Faculdade 28 de Agosto de educação e comunicação, doutor em Política Internacional, abriu sua fala com a expressão “não sabemos o que está acontecendo conosco e é isso que exatamente está acontecendo conosco”. “Todos dizem que vivemos uma guerra fria entre os EUA contra a Rússia e a China. Não pensamos na questão geopolítica, como a questão do controle do corredor de grãos”, explicou, citando a guerra civil da Síria que dura 12 anos e já matou cerca de 800 mil pessoas e não tem a mesma repercussão na grande mídia.
“Vivemos uma desordem global, um novo ciclo pós guerra fria, e temos países como o Brasil tentando ficar fora dessa disputa que não foi construída por eles”, disse. Falou da Índia, que tem a maior população do mundo, superando a China e surge com um crescimento absurdo, mas tem contradições, como o um sistema com três mil castas.
“Temos um mundo diferente e muitos países tentando criar uma nova ordem mundial, mais igualitária, como é o caso do Brasi”, acrescentou.
Marques disse ainda que a mídia fala em “crise” na China, mas lembrou que o país asiático cresce hoje de 4% a 5%, índices ainda muito altos em coparação com o resto do mundo.
A situação do Brasil
Falou também da recuperação da credibilidade interna e internacional do Brasil feita pelo presidente Lula, que fez 31 dias de viagens ao exterior em visitas aos EUA, América latina e até ao Papa, participado de reuniões de cúpula.
“Pelo artigo 4 da Constituição Federal é o presidente da República que tem essa função”, destacou, em resposta àqueles que dizem que o presidente brasileiro está “passeando” pelo mundo.
Pobres pagam mais juros
Marques criticou a política de juros implementada pelo Banco Central.
“O Brasil estava com juros básicos, a Selic, de 13,75% com 5,78% de inflação e agora temos 13,25% de juros com queda de 0,07% da inflação e a taxa de juros reais é hoje ainda maior do que antes”, alertou.
“O Banco Central não fez nada demais. O crescimento do PIB e o emprego já começam a garantir uma previsão um pouco melhor até o final do ano e isso não se deve ao trabalho do Campos Neto, mas aos esforços do governo federal”, acrescentou.
O professor disse ainda que o Brasil tem muito a crescer e citou o setor de saneamento. “Hoje metade dos brasileiros não tem coleta de esgoto e 15% não tem acesso a água, o que impacta na saúde. Temos muito a fazer”, declarou.
Marques mostrou também um gráfico de taxas de juros, mostrando que o empréstimo consignado para quem ganha menos tem as taxas de juros mais altas.
“Não temos que exigir apenas a redução da Selic. Os juros praticados pelos bancos punem os mais pobres”, criticou.
A reconstrução do país
O acadêmico destacou ainda que o atual governo Lula é de composição, mas que tem realizado muitas mudanças importantes com ações como a renegociação das dívidas, e retomando o crédito rural, o Minha Casa, Minha Vida, o Farmácia Popular e feito investimentos na educação integral.
“O Brasil está sendo reconstruído. O ministro das relações exteriores do governo anterior dizia que tinha orgulho de o país ser ‘pária’ no mundo”, disse, em comparação da atual gestão com a tragédia política, econômica e social do governo anterior.
“Não será fácil, temos o presidencialismo de coalizão, o centrão fazendo exigências, a fragmentação partidária que não permite mais acordos com a direção dos partidos, as coalizões fisiológicas, o orçamento secreto”, disse, defendendo uma reforma política.
“Precisamos lutar não apenas contra a alta na Selic, mas contra todos os juros. O mercado financeiro e de capitais precisam financiar a infraestrutura. Todo mundo ganha dinheiro mas não quer ajudar o país. Temos que formar as novas gerações e conscientizar clientes do sistema financeiro sobre os ganhos absurdos dessa “industria” da especulação e sobre a importância dos bancos públicos com visão social para o desenvolvimento. A luta contra a desigualdade começa na luta contra as mazelas produzidas pelo sistema financeiro”, opinou.
“As rosas da resistência nascem no asfalto”, encerrou, afirmando a importância da mobilização popular citando a frase da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março de 2018 pela extrema-direita miliciana.