Quarta, 26 Julho 2023 15:49

Evento no Sindicato debate a discriminação contra a mulher negra

Mônica Alexandre (E), o diretor da Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato, Robson Santos, Clatia Vieira e o diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar. Mônica Alexandre (E), o diretor da Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato, Robson Santos, Clatia Vieira e o diretor da Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar.

Carlos Vasconcellos

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

Um evento promovido pelo Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e a Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro) debateu, na segunda-feira (24), a discriminação contra as mulheres negras no Brasil e no mundo. A atividade, realizada no auditório da entidade sindical, no Centro da Cidade, fez parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, cuja data é 25 de julho, nesta terça-feira.

 “É inacreditável que o Brasil, em pleno século XXI, continue discriminando negros e mais ainda mulheres negras. Elas recebem menos da metade de salários de homens brancos, mesmo com igual nível de escolaridade”, disse Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, com exclusividade para o nosso site, lembrando que “uma mulher negra com nível superior recebe, em média, R$ 3.571, enquanto um homem branco tem vencimento médio de R$ 7,9 mil em mesma situação escolar”.  

Racismo estrutural

Almir falou ainda da situação da população negra, mostrando que o aumento do contingente carcerário no Brasil, o terceiro maior do planeta, é formado em sua grande maioria por mulheres e homens negros.

“Este drama social é reflexo da exclusão econômica e do aparato racista do estado no país, que parte da ideia de que os negros e as negras precisam ser punidos por suas meras condições raciais”, acrescentou.

A convidadas para o debate, Clatia Vieira, coordenadora do Fórum Estadual de Mulheres Negras do Rio de Janeiro e do Fórum Permanente de Diálogo das Mulheres Negras da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), Mônica Alexandre, presidenta da Associação Carioca dos Advogados Trabalhistas do Rio de Janeiro (ACAT) e diretora Adjunta da OAB-RJ e Raimunda Leone, secretária adjunta de Combate ao Racismo e Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) também falaram dos mecanismos estruturais de exclusão social, cultural e econômica que colocam negras e negros no Brasil à margem das condições minimamente dignas de vida e de trabalho. Lembraram também que o racismo estrutural é histórico e vem desde a escravidão, quando os portugueses trouxeram a população negra da África para o trabalho escravo em terras brasileiras.  

"Vivemos nestes últimos anos, um recrudescimento de um racismo na sociedade que 'saiu do armário', incentivado por discurso de ódio e ataques aos movimentos e povos originários. Esperamos que, com a retomada da democracia,  possamos finalmente avançar para pôr fim ao racismo no Brasil", avaliou o diretor de Políticas Sociais do Sindicato dos Bancários do Rio,  Robson Santos. 

Discriminação nos bancos

A diretora do Sindicato Jô Araújo voltou a dizer sobre o desafio de ser mulher e negra na vida cotidiana, mas também no meio profissional, enquanto bancária e sindicalista.

De fato, os números oficiais revelam que o racismo no mercado de trabalho é muito grave no setor financeiro. Os bancários negros (que incluem pretos e pardos) ganham 24% menos do que os colegas brancos. Os empregados pretos de instituições financeiras têm rendimento médio 27,3% menor do que o rendimento médio dos brancos. E as mulheres pretas sofrem ainda mais discriminação, ganhando 59% menos que a média dos homens brancos. Nos bancos é raro um negro ocupar cargos de diretoria e executivo e a presença de mulheres negras nestas funções então, praticamente inexiste. 

 

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