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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Imprensa SeebRio
Agilizar as investigações e punir os mandantes e executores do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco serão algumas das principais exigências da IX Marcha das Mulheres Negras, que acontece neste domingo (30/7), às 10 horas, no Posto 4, em Copacabana. Nesta segunda-feira, novos fatos sobre o crime vieram à tona. O ex-PM Élcio de Queiroz, que dirigia o carro usado para matar Marielle, a tiros, firmou delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
Outras reivindicações da Marcha são o fim do racismo, de toda a forma de opressão, violência e pelo bem-viver. A atividade encerrará as comemorações pelo Dia das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, instituído por lei estadual em 25 de julho. A Secretaria de Políticas Sociais do Sindicato, apoia e participa da manifestação.
O evento traz na edição deste ano algumas outras reivindicações. Entre elas, a criação de estratégias para sobreviver ao racismo do qual “o povo preto, nos últimos quatro anos, se tornou alvo, de todas as formas”, disse à Agência Brasil Clatia Vieira, uma das organizadoras da marcha. “O crescimento e o fortalecimento do racismo foram uma coisa muito assustadora e aconteceram porque racistas tiveram amparo na gestão do governo federal”.
Serão também marcantes na marcha a questão da fome, a violência e a juventude negra, que, segundo Clatia, está muito vulnerável. O evento vai abordar ainda questões de moradia, trabalho e saúde mental.
Caso Marielle: delação traz novas pistas
Na delação que fez à PF, Élcio Queiroz deu detalhes do atentado que tirou a vida de Marielle e do seu motorista Anderson Gomes, a tiros, em 14 de março de 2018. Pela primeira vez confirmou que seu comparsa Ronnie Lessa, assassinou a ex-vereadora. O delator contou que chegou com seu carro, deixou o veículo na garagem de Lessa e seguiu com ele até um ponto, alguns metros atrás do condomínio Vivendas da Barra, onde havia um carro à espera. Élcio contou que deixou seu telefone no carro de Lessa a pedido dele.
No veículo, Lessa ficou no banco do carona. Élcio contou que viu do retrovisor quando Lessa colocou um casaco preto, tirou uma submetralhadora da bolsa, instalou o silenciador, colocou uma touca e pegou um binóculo para observar o movimento. Foi ali que contou que estavam indo ao encontro de Marielle Franco, alegando que a questão era pessoal.
Mais um participante preso
O ex-PM apontou outro envolvido, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o ‘Suel’, e explicou toda a dinâmica do crime. O ex-bombeiro foi preso por agentes da Polícia Federal por envolvimento na execução, neste dia 24 de julho.
Maxwell já tinha sido condenado, em 2022, por atrapalhar a investigação da execução de Marielle e de seu motorista, Anderson Gomes. A pena foi de quatro anos de prisão domiciliar, que ele cumpria em sua casa no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Este é o primeiro passo público dado pela investigação da Polícia Federal durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem entre seus ministros a irmã de Marielle Franco, a jornalista e professora Anielle Franco, que chefia o Ministério da Igualdade Racial.
Chegar aos mandantes
Cogita-se que a delação e a prisão do bombeiro, podem fazer com que as investigações confirmem as ligações entre o crime, a milícia no Rio de Janeiro, as instituições policiais e o sistema político. Como se sabe, políticos chegaram a defender publicamente a milícia e homenagear seus integrantes, como foi o caso da família Bolsonaro. A CPI da Mílicia, presidida pelo então deputado estadual Marcelo Freixo, colocou na cadeia alguns políticos, comprovadamente ligados à organização criminosa.
Lessa foi vizinho de Jair Bolsonaro, no Condomínio Vivendas da Barra. É também pai da ex-namorada de Jair Renan, o filho mais novo do ex-presidente.
Avanço nas investigações
Dino celebrou o que chamou de “avanço” na investigação, durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, na sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em Brasília. Representantes do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e da Polícia Federal acompanharam o ministro na coletiva.
No entender do ministro da Justiça Flávio Dino, a delação faz com que as investigações apontem outros envolvidos no crime e possíveis mandantes. Segundo Dino, a delação ocorreu há 15 ou 20 dias e foi homologada na Justiça.
“A partir daí, as instituições envolvidas terão os elementos necessários ao prosseguimento da investigação. Não há, de forma alguma, a afirmação de que a investigação se acha concluída, pelo contrário. O que acontece é uma mudança de patamar da investigação”, explicou o ministro.