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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Publicado: 24 Julho, 2023 - 12h36 | Última modificação: 24 Julho, 2023 - 12h38
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha
Cinco dias após o início do programa Desenrola Brasil, elaborado pelo governo federal para possibilitar endividados a quitar dívidas e ‘limpar’ os nomes em listas de devedores, mais de dois milhões de brasileiros e brasileiras já estão com o ‘nome limpo’. O número supera a expectativa inicial do Ministério da Fazenda, de 1,5 milhão de pessoas. Os dados foram informados na sexta-feira (21) pela Federação Brasileira dos Bancos (Febrabran).
De acordo com a entidade, cerca de R$ 500 milhões foram renegociados pelos bancos e instituições conveniadas para a Faixa 2 do programa, tanto para quem tem dívidas de até R$ 100 e os que têm renda até R$ 20 mil. Para o público de renda maior foram mais de 150 mil contratos negociados.
Bancos aderem ao programa
Ao longo dos dias mais instituições, além dos cinco maiores bancos do país aderiram ao programa. Além de negociações na Caixa Federal, Banco do Brasil, Santander, Bradesco e Itaú, as dívidas acumuladas em cartões de crédito oferecidos por redes de lojas como Magazine Luiza, Extra, Ponto Frio, Marisa, Assaí e Hipercard, que são emitidos pelo Itaú, e da Renner, por meio da sua financiadora Realize CFI, também poderão ser renegociadas pelo programa.
Outros bancos como Banrisul, Daycoval, Inter, PagBank e Pan também confirmaram que participarão do Desenrola Brasil. O Nubank, instituição que sozinah tem mais de 2,5 milhões de pequenos devedores também aderiu ao programa.
Leia mais: Entenda como funciona o Desenrola
Nome limpo
Em junho deste ano, o nível de endividamento dos brasileiros chegou a 78,5%. Resultado da política econômica desastrosa do último governo, o número vem crescendo ao longo dos anos. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostravam que, em 2019, o endividamento já começava a subir, chegando a 63,6%, mais de três pontos percentuais em relação a 2018, quando ficou em 60,3%
Ao longo dos anos seguintes o endividamento teve um salto e bateu recordes não somente por causa da pandemia, mas em especial pelo efeito Bolsonaro no bolso dos mais pobres, com desemprego, alta da inflação, salários sem reajuste para muitos brasileiros e alta da taxa básica de juros. Em 2021, chegou a 70,9% e em 2022, a 77,9%.
Hoje com o país vivendo a expectativa de recuperação da economia, com quedas na inflação e aumento do Produto Interno Bruto, o programa Desenrola funciona como um facilitador para a recuperação do crédito para o consumo e consequente movimentação maior da economia, consequentemente gerando mais empregos e renda.
Juros altos
Ainda é urgente a redução da taxa de juros básica do Banco Central (Selic), cuja política econômica é de manter em patamar alto, hoje fixada em 13,75%, com o argumento de “controle da inflação”. Roberto Campos Neto, presidente da instituição, ligado ao bolsonarismo tem sabotado a economia do país, ao manter a taxa alta.
Se de um lado, do governo federal, há iniciativas que visam a retomada da economia, entre elas o programa Desenrola, por outro, a política econômica do BC joga os brasileiros cada vez mais para o endividamento, já que todas as operações de crédito no país têm a Selic como referência. A taxa se reflete, por exemplo, no financiamento da casa própria, no crediário de lojas e, em especial, no cartão de crédito, modalidade que mais endivida os brasileiros
Com orçamento apertado, graças ao arroxo salarial promovido pelos últimos governos e desde a reforma Trabalhista, em 2017, que precarizou relações de trabalho, trabalhadores tem no cartão de crédito e no limite do especial do banco uma forma de poder sobreviver. Mas, ao entrar no rotativo do cartão, por exemplo, os juros chegam a 455% ao ano.