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Imprensa SeebRio
Foi realizada nesta sexta-feira (14/7) a abertura virtual da 3ª Conferência Estadual dos Bancários, com a presença de dirigentes de entidades sindicais, como as centrais, a Contraf-CUT, a Federação Estadual das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ) e sindicatos filiados. Todos citaram como pontos principais a serem debatidos a participação da categoria na defesa de projetos do interesse dos trabalhadores e de toda a população, para que sejam postos em prática pelo novo governo, e a organização da luta relacionada a questões específicas de bancárias e bancários.
Os debates da conferência vão continuar presencialmente, em Niterói, neste sábado. Estão previstas discussões sobre conjuntura nacional, avanços tecnológicos, novas formas de trabalho e organização, além da reforma sindical. O que for aprovado na estadual será levado para a conferência nacional, em 4 de agosto.
Federa-RJ: resistência
A presidenta da Federa-RJ, entidade organizadora do evento, Adriana Nalesso, deu as boas vindas aos participantes. Da mesa faziam parte a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, e os presidentes dos sindicatos de bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira; de Niterói, Jorge Oliveira; de Campos, Rafanelle Alves; de Petrópolis, Marcos Alvarenga; do Sul Fluminense, Júlio Cunha; e de Teresópolis, Cláudio Mello.
“Nestes três anos de fundação da Federa-RJ enfrentamos a pandemia, lutamos contra o antigo governo e os ataques que fez aos direitos da nossa categoria e de todos os trabalhadores e, no ano passado, junto com todo o movimento sindical e amplos setores da sociedade, conseguimos eleger o presidente Lula e impedir mais um golpe contra a democracia”, relembrou Adriana.
“Agora é o momento de lutarmos para ajudar na reconstrução do país, na conquista de direitos, em apoio a mudanças necessárias, além de nos organizar para discutir como lidar com o impacto das novas tecnologias e debater o que queremos para a reforma sindical”, afirmou.
Sindicatos fortes, mais direitos
Para Juvandia Moreira, o momento é de discutir com a sociedade e com os bancários e bancárias o futuro da organização sindical. Para ela, não há democracia sem sindicatos fortes, e, sindicatos fortes são capazes de garantir melhores salários e mais direitos, ajudando a fazer o país a retomar o crescimento.
“Nossa categoria pode e dever interferir na agenda nacional para garantir melhorias para todos os trabalhadores. Com o novo governo há espaço para conquistar direitos e fortalecer a democracia”, argumentou. Disse ser necessário, também, pressionar pela aprovação da reforma tributária, já no Congresso Nacional, e sua segunda parte.
“Precisamos garantir uma reforma que mude a lógica tributária que hoje é regressiva, ou seja, proporcionalmente, paga mais quem ganha menos. Os ricos não pagam nada sobre dividendos. Isto será tratado numa segunda fase que tratará sobre a incidência do imposto de renda. Temos que pressionar por uma tributação progressiva, para ampliar a faixa de isenção, aumentar o imposto dos ricos e reduzir para quem ganha menos”, defendeu.
Selic
Ressaltou ser preciso pressionar, igualmente, pela redução da taxa básica de juros. “Uma Selic a 13,75% inibe a retomada da economia, que vem crescendo, só com as medidas do novo governo, mas poderia crescer mais”, avaliou. Lembrou que esta realidade faz aumentar o desemprego.
“Temos que nos organizar, também, para fazer crescer o emprego bancário, ampliar nossa representação para todos os trabalhadores do sistema financeiro para conquistar mais direitos, melhorar os salários e combater as causas do adoecimento”, adiantou. Para a dirigente, estes são os principais desafios que estarão sendo tratados nas conferências estaduais e nacional e na mesa de negociação deste ano.
José Ferreira disse que no momento vivemos mudanças importantes. "Por um lado, temos um novo governo, popular e voltado para reconstruir o país, depois de longos anos de um governo que aprovou somente leis e outras medidas que precarizaram e retiraram direitos dos trabalhadores. Medidas como a terceirização indiscriminada que retirou milhares de trabalhadores do sistema financeiro do guarda-chuva da CCT. Um dos desafios é organizar a luta para trazer estes trabalhadores para dentro da CCT”, defendeu.
Adoecimento
Para Jorge Oliveira, a conferência estadual deve discutir de que forma a categoria bancária interferirá nos rumos do país, agora com um novo governo. “Neste momento é possível pensar num país mais justo e democrático”, frisou.
Rafanelle Alves, lembrou que o adoecimento psíquico dos bancários por causa da pressão sistemática das metas de vendas é um assunto fundamental. “Para mim este é o tema mais importante”, avaliou.
Criticou o Santander pelos ataques que vem fazendo à diretoria do Sindicato dos Bancários de Campos. “Temos que aprovar medidas políticas e jurídicas contra esta perseguição e o não cumprimento às normas da Convenção Coletiva de Trabalho”, defendeu.
Para Claudio Mello, um dos temas mais importantes é sobre as mudanças no mundo do trabalho e os impactos que trouxeram para a saúde bancária. “Os bancos viraram máquinas de moer seres humanos. Cresceu assustadoramente e emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) por tentativa de suicídio”, disse.
Defendeu também a discussão sobre a segunda fase da reforma tributária. Defendeu, ainda, uma maior isenção do imposto de renda para menores salários, tributação maior sobre os mais ricos, sobre lucros e dividendos e uma reforma progressiva que taxe mais quem ganha mais.
Defender a Caixa
Marcos Alvarenga disse que um dos principais desafios, agora com a conquista de um governo comprometido com o povo, é resistir aos ataques do Centrão. “O grande desafio, no nosso caso, é manter Rita Serrano como presidente da Caixa. Ela é um dos principais nomes do novo governo, sendo fundamental para que a Caixa se mantenha como banco social. Esta tese tem que ser aprovada nesta conferência”, afirmou. Acrescentou que a Caixa é fundamental para as políticas do novo governo voltadas para melhorar a vida da população.
Para Júlio Cunha, a conjuntura hoje é de retomada do processo democrático e a categoria deve participar e influenciar nas novas medidas do governo. “Temos também questões nossas muito específicas, como o adoecimento psíquico e a expulsão dos clientes pelos bancos, com o fechamento de agências físicas, demissões e digitalização em massa”, disse.