Sexta, 14 Julho 2023 21:50

Temas nacionais e específicos da categoria devem nortear debates da 3ª Conferência Estadual dos Bancários

Abertura virtual da 3ª Conferência Estadual da categoria bancária Abertura virtual da 3ª Conferência Estadual da categoria bancária

Olyntho Contente

Foto: Nando Neves

Imprensa SeebRio

Foi realizada nesta sexta-feira (14/7) a abertura virtual da 3ª Conferência Estadual dos Bancários, com a presença de dirigentes de entidades sindicais, como as centrais, a Contraf-CUT, a Federação Estadual das Trabalhadoras e Trabalhadores do Ramo Financeiro (Federa-RJ) e sindicatos filiados. Todos citaram como pontos principais a serem debatidos a participação da categoria na defesa de projetos do interesse dos trabalhadores e de toda a população, para que sejam postos em prática pelo novo governo, e a organização da luta relacionada a questões específicas de bancárias e bancários.

Os debates da conferência vão continuar presencialmente, em Niterói, neste sábado. Estão previstas discussões sobre conjuntura nacional, avanços tecnológicos, novas formas de trabalho e organização, além da reforma sindical. O que for aprovado na estadual será levado para a conferência nacional, em 4 de agosto.

Federa-RJ: resistência

A presidenta da Federa-RJ, entidade organizadora do evento, Adriana Nalesso, deu as boas vindas aos participantes. Da mesa faziam parte a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, e os presidentes dos sindicatos de bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira; de Niterói, Jorge Oliveira; de Campos, Rafanelle Alves; de Petrópolis, Marcos Alvarenga; do Sul Fluminense, Júlio Cunha; e de Teresópolis, Cláudio Mello.

“Nestes três anos de fundação da Federa-RJ enfrentamos a pandemia, lutamos contra o antigo governo e os ataques que fez aos direitos da nossa categoria e de todos os trabalhadores e, no ano passado, junto com todo o movimento sindical e amplos setores da sociedade, conseguimos eleger o presidente Lula e impedir mais um golpe contra a democracia”, relembrou Adriana.

“Agora é o momento de lutarmos para ajudar na reconstrução do país, na conquista de direitos, em apoio a mudanças necessárias, além de nos organizar para discutir como lidar com o impacto das novas tecnologias e debater o que queremos para a reforma sindical”, afirmou.

Sindicatos fortes, mais direitos

Para Juvandia Moreira, o momento é de discutir com a sociedade e com os bancários e bancárias o futuro da organização sindical. Para ela, não há democracia sem sindicatos fortes, e, sindicatos fortes são capazes de garantir melhores salários e mais direitos, ajudando a fazer o país a retomar o crescimento.

“Nossa categoria pode e dever interferir na agenda nacional para garantir melhorias para todos os trabalhadores. Com o novo governo há espaço para conquistar direitos e fortalecer a democracia”, argumentou. Disse ser necessário, também, pressionar pela aprovação da reforma tributária, já no Congresso Nacional, e sua segunda parte.

“Precisamos garantir uma reforma que mude a lógica tributária que hoje é regressiva, ou seja, proporcionalmente, paga mais quem ganha menos. Os ricos não pagam nada sobre dividendos. Isto será tratado numa segunda fase que tratará sobre a incidência do imposto de renda. Temos que pressionar por uma tributação progressiva, para ampliar a faixa de isenção, aumentar o imposto dos ricos e reduzir para quem ganha menos”, defendeu.

Selic

Ressaltou ser preciso pressionar, igualmente, pela redução da taxa básica de juros. “Uma Selic a 13,75% inibe a retomada da economia, que vem crescendo, só com as medidas do novo governo, mas poderia crescer mais”, avaliou. Lembrou que esta realidade faz aumentar o desemprego.

“Temos que nos organizar, também, para fazer crescer o emprego bancário, ampliar nossa representação para todos os trabalhadores do sistema financeiro para conquistar mais direitos, melhorar os salários e combater as causas do adoecimento”, adiantou. Para a dirigente, estes são os principais desafios que estarão sendo tratados nas conferências estaduais e nacional e na mesa de negociação deste ano.

José Ferreira disse que no momento vivemos mudanças importantes. "Por um lado, temos um novo governo, popular e voltado para reconstruir o país, depois de longos anos de um governo que aprovou somente leis e outras medidas que precarizaram e retiraram direitos dos trabalhadores. Medidas como a terceirização indiscriminada que retirou milhares de trabalhadores do sistema financeiro do guarda-chuva da CCT. Um dos desafios é organizar a luta para trazer estes trabalhadores para dentro da CCT”, defendeu.

Adoecimento

Para Jorge Oliveira, a conferência estadual deve discutir de que forma a categoria bancária interferirá nos rumos do país, agora com um novo governo. “Neste momento é possível pensar num país mais justo e democrático”, frisou.

Rafanelle Alves, lembrou que o adoecimento psíquico dos bancários por causa da pressão sistemática das metas de vendas é um assunto fundamental. “Para mim este é o tema mais importante”, avaliou.

Criticou o Santander pelos ataques que vem fazendo à diretoria do Sindicato dos Bancários de Campos. “Temos que aprovar medidas políticas e jurídicas contra esta perseguição e o não cumprimento às normas da Convenção Coletiva de Trabalho”, defendeu.

Para Claudio Mello, um dos temas mais importantes é sobre as mudanças no mundo do trabalho e os impactos que trouxeram para a saúde bancária. “Os bancos viraram máquinas de moer seres humanos. Cresceu assustadoramente e emissão de CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) por tentativa de suicídio”, disse.

Defendeu também a discussão sobre a segunda fase da reforma tributária. Defendeu, ainda, uma maior isenção do imposto de renda para menores salários, tributação maior sobre os mais ricos, sobre lucros e dividendos e uma reforma progressiva que taxe mais quem ganha mais.

Defender a Caixa

Marcos Alvarenga disse que um dos principais desafios, agora com a conquista de um governo comprometido com o povo, é resistir aos ataques do Centrão. “O grande desafio, no nosso caso, é manter Rita Serrano como presidente da Caixa. Ela é um dos principais nomes do novo governo, sendo fundamental para que a Caixa se mantenha como banco social. Esta tese tem que ser aprovada nesta conferência”, afirmou. Acrescentou que a Caixa é fundamental para as políticas do novo governo voltadas para melhorar a vida da população.

Para Júlio Cunha, a conjuntura hoje é de retomada do processo democrático e a categoria deve participar e influenciar nas novas medidas do governo. “Temos também questões nossas muito específicas, como o adoecimento psíquico e a expulsão dos clientes pelos bancos, com o fechamento de agências físicas, demissões e digitalização em massa”, disse.

Mídia