Terça, 11 Julho 2023 15:35
TODOS GANHAM

Política de preço dos combustíveis do governo empurra inflação para baixo

Pela primeira vez em 2023, Brasil tem deflação, aponta IBGE. Variação é a menor para o mês de junho desde 2017
Os brasileiros começam a perceber uma queda nos preços dos alimentos. Medidas do governo contribuíram para a deflação Os brasileiros começam a perceber uma queda nos preços dos alimentos. Medidas do governo contribuíram para a deflação Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou deflação de 0,08% em junho. A informação foi divulgada na última terça-feira (10) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esta foi a primeira vez, em 2023, que o país apresenta inflação negativa e é a menor variação para meses de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%.

Contribuição estatal

Especialistas avaliam que a nova política da Petrobras para os preços dos combustíveis, que encerrou aumentos na gasolina e etanol em até seis semanas seguidas no ano de 2022, quando ainda vigorava a política dos combustíveis pela estatal do Preço de Paridade Internacional (PPI), criada pelo governo Temer e mantida na gestão de Jair Bolsonaro (PL), teve papel fundamental na atual redução inflacionária. Tanto assim que os dados mostram que a queda nos preços nos combustíveis e gás de cozinha empurraram o IPCA para baixo. Na direção contrária da política da estatal, que contribuiu para redução da inflação, as taxas praticadas pelas empresas privadas dos setores de água e esgoto e de energia elétrica foram os vilões no bolso do consumidor. Os números derrubam o mito neoliberal de que privatizar empresas públicas aumenta a concorrência e reduz preços ao consumidor. Na Europa, governos e a população já perceberam este fato: mais de 800 estatais privatizadas nos anos 80 e 90 foram reestatizadas nos últimos anos, já que as concessões para o setor privado tornou os preços mais altos e os serviços ineficientes. 

Comida menos cara

Os grupos Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os que mais contribuíram para o resultado do mês. Comer fora também ficou um pouco mais barato. A alimentação fora do domicílio (0,46%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,58%), puxada por altas menores do lanche (0,68%) e da refeição (0,35%).

Só faltam os juros

Com o resultado de junho, a inflação de 12 meses se aproxima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que é de 3,25%. Com sinais do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) acima das expectativas do mercado e a redução da inflação, tanto o setor produtivo quanto os trabalhadores ficam a se perguntar o que está faltando para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, baixar os juros.

O Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a Selic, taxas básicas de juros, em 13,75%. O Brasil tem a maior taxa de juros reais do mundo.

“Pode parecer até uma ladainha, mas há uma unanimidade no país entre economistas, empresários e trabalhadores: nada mais justifica essa política de juros altos do BC a não ser a sabotagem política de Campos Neto”, criticou a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco.

A queda de 2,76% no preço do carro zero, com a política de incentivo do governo Lula para o setor, também ajuda a explicar a atual deflação.  

Lojistas de concessionárias avaliam que a promoção do carro zero só não elevou ainda mais as vendas do setor justamente porque o consumidor está evitando o financiamento bancário em função dos juros altos. Prova disso é que, durante o programa do governo que ajudou a desencalhar o estoque do setor automotivo, nunca foi tão alta a compra à vista de carros nas concessionárias.

 

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