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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
O Banco do Brasil apresentou, na última segunda-feira (3/7), o ‘Plataforma Conexão’. Localizado na mesma aba na ‘Plataforma de Negócios’ e com o nome similar ao sistema de acompanhamento de metas da agência, a nova ferramenta será o instrumento para avaliação de funcionários a partir deste semestre.
A justificativa do BB para a mudança é a de unificar diferentes modelos de indução e avalição dos funcionários “direcionando de forma clara e objetiva o que se espera de cada dependência e funcionário, tanto em termos de resultado como de comportamento”, conforme publicado na Agência de Notícias interna do BB. Segundo Rodrigo da Silva, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, na prática a nova metodologia vem para consolidar a imposição de metas individuais para cada funcionário.
Metas individuais
A GDP, explica o dirigente, já trazia essa responsabilização individual na sua dimensão de metas, que desde 2022 calcula a nota dos escriturários nas agências pelas vendas individuais e avaliações de atendimento pelos clientes. “Com a mudança esse peso das vendas é ampliado e se consolida com objetivos específicos de vendas em crédito, investimento e serviços, estabelecendo de fato metas individuais por funcionários e não mais apenas por agências e carteiras”.
O diretor lembra que a avaliação dos funcionários era feita através da GDP (Gestão de Desempenho Profissional), com cada funcionário sendo avaliado em duas dimensões – resultado e competências – através de notas atribuídas pelo superior hierárquico, por pares e por subordinados. “Mas em 2022 a dimensão ‘resultados’ se tornou uma mensuração das vendas individuais e avaliações feitas por clientes após o atendimento”, disse.
Rodrigo observou que há ainda o ‘Tô Ligado’, um sistema paralelo em que escriturários, assistentes de negócios e supervisores de atendimento são ‘ranqueados’ de acordo com uma série de objetivos, e que tem sido usado pelos gestores para avaliar os funcionários que concorrem a vagas de ascensão.
Observa que o ‘Plataforma Conexão’ incorpora a ‘GDP’ e elementos do ‘Tô Ligado’, e também do PDG (Programa de Desempenho Gratificado), que remunera os funcionários com melhor desempenho em cada função, e que avalia esse desempenho para os escriturários basicamente sobre vendas e pelas avaliações de atendimento, desconsiderando outros aspectos do trabalho bancário. Hoje o PDG classifica os funcionários das agências pelas vendas individuais (40%), avaliações de atendimento (40%) e o resultado da agência no Conexão (20%).
Adoecimento dos funcionários
Júlio César, também diretor do Sindicato, criticou as mudanças. Adiantou que a Contraf-CUT e a Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB) já entraram em contato com banco exigindo explicações, e acrescentou: “Não bastasse o novo sistema de avaliação que abre espaço para assédio, o banco não mostra uma justificativa plausível para o aumento exponencial das metas, como por exemplo, mais de 100% em Resultado de Seguridade. A meta em si já é um assédio”, afirmou.
Outra mudança de grande impacto é na avaliação da dimensão competências, em que a nota dos funcionários será limitada a um determinado número de pontos distribuídos entre o grupo. Se um funcionário for muito bem avaliado os demais, forçosamente, terão menos pontos, impondo um ranqueamento a cada item. A avaliação dos funcionários é considerada pelo sistema na classificação das vagas de comissões em concorrências internas e também tem sido utilizada como instrumento de assédio e mecanismo para descomissionamento.
“Enquanto o discurso é de ter ‘foco no cliente’ na prática as necessidades dos clientes e o trabalho bancários são suprimidos pela pressão de vender, vender e vender, gerando estresse, sobrecarregando e adoecendo o funcionalismo. Não podemos aceitar um sistema de avaliação de funcionários que seja usado para cobrar metas e assédio moral”, afirma Rodrigo.